11/10/2006

Tim Festival - Roy Hargrove

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Roy dispensa maiores comentários. Músico consagrado, faz parte do seleto grupo denominado Young Lions, ao lado de criaturas imensas como Wynton Marsalis ou Marcus Roberts. Vencedor do prêmio de melhor trompetista de 1995 pela consagrada revista Down Beat, Roy passeia pela modernidade, verificando aqui e ali as propostas mais interessantes para todo o legado deixado pelos velhos mestres do jazz. Com um pé no jazz clássico, Roy descarrega frequentemente sua metralhadora musical com muita técnica e sensibilidade, destacando-se facilmente como um dos trompetistas mais importantes do jazz contemporâneo. Para alguém como eu que, apesar de relativamente jovem, já nasceu com essa velhaca mania de saudosismo, sinto pena que sua fase mais voltada para o post bop seja esporádica. Confesso que tenho uma grande atração por esse estilo que, sem perder de vista a evolução iminente das coisas, faz suas pesquisas de forma gradativa e coerente, aproveitando cada boa nova criada pelos velhos mestres. Não acredito no free jazz, mesmo porque nunca conseguiu ser verdadeiramente free. Nem jazz. Nem mesmo conseguiu ser um pseudo-estilo, pois não há sequer uma proposta objetiva que caracterize esse conjunto aberrante de sons. Afinal, que afinidade há entre a música de um Albert Ayler, um Peter Brotzman e um harmolódico Ornette Coleman? Salvo o sabor político libertário do termo, musicalmente sobra o caos. Para alçar vôo, sabemos bem, Santos Dumont realizou exaustivos estudos, incansáveis projetos e inumeráveis pesquisas teóricas e práticas. Não acho atraente nem racional tentar voar saltando de um penhasco com um jumento verde amarrado no pé esquerdo, a boca cheia de farofa fervendo e um frasco de protetor solar vazio na mão direita. Claro, pode até ser que alcemos vôo, mas...


Não peço muito ao Roy nesse outubro capixaba. Um som como Star Eyes, do álbum Parker's Mood - logo acima, no Gramophone Jazzseen - com Stephen Scott (p) e Christian McBride (b), já estaria de bom tamanho. Dispensaria numa boa todos aqueles pesados tambores latinos, os engasgos de rappers e os solos imensos e inteligentes em duo com acordeão. Só jazz, Roy. Please.

2 comentários:

Salsa disse...

plís, plís, plis. Estamos torcendo.

Anônimo disse...

Gostei do casaco. Muito lindo!