

No caso do jazz, é preciso entender seu namoro com a música como um produto específico (fortemente destacado pelo papel do improviso) contido no interior de um momento onde a abstração tomava conta da pintura e a cultura era tomada de assalto por reclames de liberdade em todos os níveis. Se agora a pintura queria mergulhar na perigosa liberdade oferecida pela abstração, nada melhor que aproximar-se da arte considerada abstrata por definição e natureza: a música. Foi assim que Pablo Picasso pintou cenários para Erik Satie e Paul Klee pintou seu fabuloso Trio Abstrato (segunda foto). Tirando as casas de ópio, nada poderia ser mais adequado ao espírito artístico do início do século XX que a reunião da abstração com o improviso. Daí, para os pintores chegarem ao jazz, bastaram uma audição e um olhar. Em 1913, após ouvir o blues em New York, Picabia pinta seu Chanson Nègre. No mesmo ano, Sonia Delaunay (mãe de Charles, que fundaria a Jazz-Hot em 1935) pinta Le Ball Bullier, inspirada no foxtrot.




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