![](http://photos1.blogger.com/blogger/1131/2913/400/cartermasters.jpg)
Carter é, entre outras coisas, o melhor arranjador da transição entre as décadas de 1920 e 1930, época em que Heisenberg proclamava o princípio da incerteza na Física. Tendo aprendido o ofício da orquestração por conta própria, chegou a rivalizar e até mesmo superar alguns mestres da época, como Don Redman. Fugindo ao modelo de sucesso fácil oferecido pelo swing, estilo que assolava o EUA nesses tempos, Carter construiu uma obra genial com humildade, independência e sensibilidade. Sua obra somente pode ser comparada à montanhesca criação da dupla Ellington & Strayhorn.
Ao contrário do trabalho de Ellington, essencialmente instrumental, as composições de Carter são extremamente ‘cantáveis’, característica que comprova sua veia de grande solista.
Além do trabalho como arranjador e compositor, Carter era um exímio instrumentista, capaz de cantar, tocar piano, trombone, trompete e os saxofones soprano, alto e tenor. Embora excelente trompetista, foi com o sax alto que Carter se destaca como um dos mais importantes improvisadores do jazz: suave, doce e tranqüilo, nem mesmo a velocidade assustadora imposta por Charlie Parker foi capaz de ofuscar a beleza de seus solos. Sua sonoridade única influenciou vários mestres do saxofone, entre eles Sonny Rollins. Carter era o tipo de pessoa que, assim como o inigualável Lester Young, apesar de negro, nunca teve vergonha ou malícia em negar a profunda influência recebida de Frank Trumbauer, um excepcional saxofonista branco renegado no jazz por sua cor. Para Carter a beleza da música estava acima do racismo irracional.
Carter provou com seu trabalho que nem toda música doce e agradável é necessariamente música de elevador ou de consultório dentário. Sua obra comprova que a música pode ser inteligente e complexa sem ser necessariamente chata e inaudível. Ele sabia, mais e melhor que todos nós, que o sucesso obedece cegamente ao princípio da incerteza, principalmente When Lights Are Low. Mas o mestre, é claro, não se importava com isso.
![](//photos1.blogger.com/blogger/1131/2913/400/carter2.jpg)
Benny Carter (1907-2003)
Ao contrário do trabalho de Ellington, essencialmente instrumental, as composições de Carter são extremamente ‘cantáveis’, característica que comprova sua veia de grande solista.
![](http://photos1.blogger.com/blogger/1131/2913/400/carterwebstercopenhagen71.jpg)
![](http://photos1.blogger.com/blogger/1131/2913/400/cartermarsalislincoln96.1.jpg)
![](http://photos1.blogger.com/blogger/1131/2913/400/carter2.jpg)
Benny Carter (1907-2003)
3 comentários:
grande e informado Lester
Grande músico e merecida resenha. Parabéns pelo blog.
Neste exato momento estou ouvindo o maravilhoso cd Further definitions (quase escrevi intentions - Freud explica?), com a orquestra de Benny Carter. Estão lá mr. Hawkins, Rouse, Jo Jones e mais um bando de gente boa. Obrigado, bom deus.
Postar um comentário