Foi grande a correria até o supermercado Perin quando soubemos que o espetacular Marchigüe Private Collection Cabernet Franc 2004 estava em promoção: de R$130,00 por R$90,00. Não é um bom desconto, perguntava-me Lester enquanto carregava seu carrinho com o maior número de garrafas que seu bolso permitisse pagar. E o que seria de nosso bom e velho Cod Gadus Morhua sem um acompanhamento adequado, continuou resmungando Lester, visivelmente satisfeito com os vinhos da família Errázuriz Ovalle, proprietária de mais de 2.000 hectares no Valle de Colchagua, região de clima e solo extraordinários que fornecem alguns dos melhores vinhos chilenos, como o Alpha M, da Viña Montes e o Clos Alpata, da Casa Lapostole. E assim foi a semana santa, com Lester pronunciando blasfêmias como "quanto mais próximo da Igreja, mais longe de Deus" ou "o diabo é um otimista se pensa que pode piorar as coisas". A única alternativa capaz de acalmá-lo foi um álbum de Al Sears, saxofonista do Swing pelo qual Lester guarda sincera simpatia. Albert Omega Sears nasceu no dia 21 de fevereiro de 1910, em Illinois. Após algum tempo tocando saxofone alto e barítono por estados do nordeste dos EUA, aos dezoito anos Al muda-se para New York e passa a tocar o saxofone tenor, sendo prontamente recrutado pelas melhores bandas da cidade, como as de Chick Webb, Zack Whyte, Elmer Snowden, Andy Kirk e Lionel Hampton. Em 1944, substitui Ben Webster na banda de Duke Ellington, onde permaneceria por cinco anos, sendo substituído por Paul Gonsalves. Nesse mesmo ano, começa a trabalhar na banda de Johnny Hodges, que alcança grande sucesso com Castle Rock, composição de Al. Além de montar suas próprias bandas, Al apresenta-se em conjuntos de R&B, passando a adotar o nome Big Al Sears, e montando sua própria editora musical em parceria com Budd Johnson. Lembrado como um vigoroso saxofonista tenor, de tonalidade áspera, poucos sabem reconhecer em seu toque a sofisticação que permeia seu forte e amplo fraseado. Para os amigos, fica a faixa Sweet Georgia Brown, retirada do excelente álbum Jazz Archives Nº 210 - Big Al Sears: The Rocking & Honking Tenor. Com ele estão Emmett Berry (t), Lawrence Brown (tb), Johnny Hodges (as), Leroy Lovett (p), Barney Richmond (b) e Sonny Greer (d).
9 comentários:
Seu Mr. Roberto Scardua,
Abster-me-ei de dizer que sua resenha está deliciosa como uma boa taça de Marchigüe Private Collection Cabernet Franc 2004 (a R$ 90,00 então, fica melhor ainda).
Nada falarei sobre o monstruoso Al Sears, o homem que substituiu Johnny Hodges na orquestra de Chick Webb e que, posteriormente, entraria para a história como um dos mais vigorosos tenoristas do swing, ao substituir ninguém menos que Ben Webster na orquestra de Duke Ellington.
De minha boca, que é um túmulo, não ouvirás dizer que a faixa postada é maravilhosa, com show do (para mim) desconhecido Emmett Berry!
Enfim, haverei de ter uma seriíssima conversa com o feitor John Leôncio Lester, para que este retire as correntes que o prendem ao tronco e permita que você se agregue à confraria Jazz + Bossa, dividindo conosco, ali no humilde e modeste barzinho virtual, seu bom humor, seu bom gosto absoluto e seu conhecimento enciclopédico.
Antes disso, permanecerei quieto como um jacaré de papo amarelo, à espreita de um incauto tucunaré, para fazer-lhe as vezes de refeição matinal!
Tenha um bom dia!
Tirando o jacaré, faço minhas as palavras do Érico, aproveitando para desejar feliz Páscoa a toda a equipe do Jazzseen. Até!
hahaha...piramidal, obeliscal(conforme sérgio san) e pra lá de bacanudos som e resenha postados acá...mr.scardua
as blasfêmias de master lester são impagáveis...lembrei-me de um cliente, padre, que frequentava o live house onde toco com regularidade e sempre ordenava um copo de água mineiral...certa feita perguntei-lhe se não aceitaria, pelo menos, um copo de vinho...ele, então, de pronto respondeu...'eu só bebo em serviço'...hehehe
abraçsons
Mr. Scardua, sempre um exagerado. Agora, que o Marchigüe pode ser comprado - e , a esse preço, deve - com tranquilidade, isso pode.
Boa Páscoa a todos, inclusive aos judeus, muçulmanos e simpatizantes.
Grande abraço, JL.
Que beleza!
Prezado ROBERTO:
Bela resenha, bom vinho, solistas de exceção em uma gravação nota 1.000.
Bela Páscoa para todos ! ! !
Em tempo e complementando = um arranjo espetacular, com o máximo de swing no mínimo de tempo, para um eterno clássico, "Sweet Georgia Brown" = bom gosto é fundamental.
O vinho eu não conhecia; o Big Al, tbm não.
Obrigado!
Agradeço a todos os amigos pelas visitas. Quanto ao pedido do Érico, cláusulas contratuais impedem que os correspondentes do Jazzseen participem criticamente de outros blogs de jazz. Abraços!
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