Sempre fui atacado por afirmar que a Third Stream é como um encorpado tinto californiano semelhante a um grand cru borgonhês. É certo que o vinho da California, assim como o jazz ali produzido, sempre demonstrou singular apreço pelos modelos europeus clássicos, muito embora a produção de jazz e vinhos varietais possa dissimular, num primeiro momento, essa inegável empatia histórica. E, na tentativa de comprovar nossa teoria, já traçamos breves notas anteriores sobre a Third Stream em nosso blog, o que demonstra não somente nosso apreço pelo vinho californiano, como também nossa simpatia por esse estilo de jazz menos festejado. Quando falamos em Third Stream logo nos vêm à cabeça os álbuns que Jacques Loussier gravou na década de 1950 com seu trio, onde temas de Bach serviam de pretexto para seus improvisos. A expressão 'third stream' fora inventada por Gunther Schuller em 1957, tendo como principais protagonistas músicos como John Lewis, pianista do Modern Jazz Quartet, J.J. Johnson e Bill Russo, além do próprio Schuller. A difícil associação entre a música clássica européia e o jazz tem sofrido de males estruturais que, dadas suas envergaduras, condenaram o movimento quase que exclusivamente ao improviso sobre temas clássicos famosos, muito embora sejam louváveis os esforços no sentido de uma combinação menos óbvia. Assim como no famoso julgamento de Paris, onde especialistas de renome foram incapazes de diferenciar os vinhos californianos dos vinhos franceses, há casos em que não somos capazes de distinguir nitidamente se aquilo que ouvimos é ou não third stream. Vejam o caso da faixa a seguir - - que é o primeiro andamento do segundo concerto de As Quatro Estações, de Vivaldi, interpretado pelo Roma Trio: Luca Mannutza (p), Gianluca Renzi (b) e Nicola Angelucci (d). Saúde!
12 comentários:
Bom dia mr. Lester.
Ouvirei de novo - o som do notebook prejudica.
Abraços
master lester,
não sou purista e intolerante contudo, uma peça erudita tem rigores de composição e interpretação que, no meu entender, perdem muito numa interpretação mais jazzística...
abraçsons pacíficos
Se é third stream, não sei dizer...mas ficou bonito e agradável para ouvir!
Eu tb gostei!
Mr Lester,
excelentes musicos,performance muito bem gravada. Se é Third Stream ou não eu nem tenho ideia ,mas os caras são feras.
Abraço
O Jacques Loussier faz algo parecido com a obra de Bach!
Bacanudo e merece ser mais conhecido!
Valeu!!!
Oi Lester, nada contra, existe um disco do MJQ com o Beaux Arts de câmera e tem coisas muito agradáveis. Mas dou razão ao PITUCO os temas se perdem porque não tem a estrutura para a música popular, prefiro então música clássica executada por clássicos e a música pop por jazzistas.
Abç
Mario Jorge
Até que me agrada quando ouço temas eruditos em versão pop. Mas não resiste a muitas audições. Creio que tem a ver com o que disseram Pituco e Major.
O saxofonista Marcelo Coelho diz que tem ouvido bastante música erudita e tem descoberto coisas sensacionais, mas que são inviáveis no universo pop (e olha que ele é chegado numa experimentação).
Muuuuuito bom.....
Prezados amigos, vejam como o tema promove uma ampla gama de opiniões. Realmente fascinante!
De minha parte, creio que o jazz é capaz de interpretar qualquer tema, seja ele rígido ou flexível, simples ou complexo. Trata-se apenas de saber retirar as rodinhas da bicicleta na hora certa e, a partir daí, seguir por conta própria.
Grande abraço a todos, JL.
Bonito! Gostei...
Oi!
Postar um comentário