.
O jazz tem dessas coisas: quando pensamos que tudo já foi visto, que todo som desliza igual pelo ar, surge do nada um velho perfume com novo aroma. Alterado o perfume ou nosso olfato? Você que já caminhou muita estrada, que já ouviu de Coleman Hawkins a Anthony Braxton, talvez encontre novos desenhos no som de Lin Halliday, um desses estranhos saxofonistas que passam incógnitos por todos, sorriem à vida e morrem sem alarde. Então só nos resta fantasiar o quanto mais cinza teria sido a vida sem esses artistas anônimos que fazem do jazz uma arte tão sutil. Israelenses bombardeiam libaneses, homens bêbados nos quiosques explodem rojões sobre nossas cabeças para saudar algum timeco que venceu outro timeco, crianças fumam regularmente seu crack junto às lixeiras do Bob’s e, em algum lugar distante, Lin Halliday nos acena com esperança, com um generoso sorriso, parecendo acreditar que certamente um dia teremos a paz e a sutileza necessárias para entrarmos em sintonia com a beleza sinuosa do jazz. Talvez em algum lugar do amanhã a pobreza desista, o conhecimento brote e as almas inquietas, acariciadas pela claridade da sabedoria, possam ouvir e compreender a música de homens como Lin Halliday. E perceber como a vida tem sido paciente conosco. Ao amigo navegante deixo a faixa Corcovado, com Lin no sax tenor, Ira Sullivan (t), Jodie Christian (p), Dennis Carroll (b) e George Fludas (b). O cd é East Of The Sun, da Denmark, gravado em 1991. É logo ali, no Gramophone By John Lester. Espero que gostem.
O jazz tem dessas coisas: quando pensamos que tudo já foi visto, que todo som desliza igual pelo ar, surge do nada um velho perfume com novo aroma. Alterado o perfume ou nosso olfato? Você que já caminhou muita estrada, que já ouviu de Coleman Hawkins a Anthony Braxton, talvez encontre novos desenhos no som de Lin Halliday, um desses estranhos saxofonistas que passam incógnitos por todos, sorriem à vida e morrem sem alarde. Então só nos resta fantasiar o quanto mais cinza teria sido a vida sem esses artistas anônimos que fazem do jazz uma arte tão sutil. Israelenses bombardeiam libaneses, homens bêbados nos quiosques explodem rojões sobre nossas cabeças para saudar algum timeco que venceu outro timeco, crianças fumam regularmente seu crack junto às lixeiras do Bob’s e, em algum lugar distante, Lin Halliday nos acena com esperança, com um generoso sorriso, parecendo acreditar que certamente um dia teremos a paz e a sutileza necessárias para entrarmos em sintonia com a beleza sinuosa do jazz. Talvez em algum lugar do amanhã a pobreza desista, o conhecimento brote e as almas inquietas, acariciadas pela claridade da sabedoria, possam ouvir e compreender a música de homens como Lin Halliday. E perceber como a vida tem sido paciente conosco. Ao amigo navegante deixo a faixa Corcovado, com Lin no sax tenor, Ira Sullivan (t), Jodie Christian (p), Dennis Carroll (b) e George Fludas (b). O cd é East Of The Sun, da Denmark, gravado em 1991. É logo ali, no Gramophone By John Lester. Espero que gostem.
6 comentários:
Som muito diferente. Gostei.
mandou bem, mr. Lester.
Jazzseen: boa música e textos que nos fazem pensar...
Bacana o blog.
Gostei, o Jazzseen está muito bom!
De onde vocês tiram esses músicos formidáveis de que nunca ouvimos falar???
Muito bom o tal de Halliday.
Adoro Corcovado!
Postar um comentário