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Certas coisas têm me irritado cada vez mais. Não que elas não me irritassem antes. Sempre fui uma pessoa inconformada com quase tudo e, talvez por isso, goste tanto do jazz, uma música nascida do inconformismo. Contudo, de alguns anos para cá, com a redução progressiva de nosso nível de testosterona, ficamos mais rabugentos e intolerantes. Ao invés de beliscarmos as meninas, passamos a reclamar da vida. Exemplo: as lições de moral familiar, as insinuações de condutas politicamente corretas, as dicas de saúde e qualidade de vida feitas pelo autor Manuel Carlos em sua novela Páginas da Vida são absolutamente insuportáveis. Ao longo de todo o texto - sim, eu adoro novelas - o autor fica enfiando sua visão de mundo, suas lições de moral para uma classe média falida e decadente. E não pense em nada subliminar ou sutil: o cara taca frases feitas em nossa cara e, no fim de cada capítulo, enfia uma estorinha triste para aumentar a audiência. Sei lá, Chacrinha era menos venal e previsível.
Outra coisa que tem me irritado cada dia mais é nossa histórica incapacidade de enxergar beleza naquilo que é novo. No caso da música, a maioria passa toda a vida ouvindo a mesma canção. Como a andorinha de Manuel Bandeira - que passa o dia à toa, à toa - nós também passamos a vida à toa, à toa. Foi assim com a resenha que Mr. Salsa fez sobre o mágico das teclas Andrew Hill, esse pioneiro incompreendido e mal ouvido. Esse meu desabafo é apenas para dar as mãos ao amigo Salsa - outro espírito inconformado, cuja resenha não recebeu os comentários que merecia. Hill demonstra que podemos bater nas mesmas teclas, mas sem a mesmice de sempre. Aos navegantes inconformados, deixo no Gramophone Jazzseen - logo acima - a faixa Refuge, do complexo e inovador lp Point Of Departure, com Kenny Dorham (t), Eric Dolphy (as), Joe Henderson (ts), Richard Davis (b) e Tony Willians (d). Jogue uma pedra na andorinha e a faça voar.
Certas coisas têm me irritado cada vez mais. Não que elas não me irritassem antes. Sempre fui uma pessoa inconformada com quase tudo e, talvez por isso, goste tanto do jazz, uma música nascida do inconformismo. Contudo, de alguns anos para cá, com a redução progressiva de nosso nível de testosterona, ficamos mais rabugentos e intolerantes. Ao invés de beliscarmos as meninas, passamos a reclamar da vida. Exemplo: as lições de moral familiar, as insinuações de condutas politicamente corretas, as dicas de saúde e qualidade de vida feitas pelo autor Manuel Carlos em sua novela Páginas da Vida são absolutamente insuportáveis. Ao longo de todo o texto - sim, eu adoro novelas - o autor fica enfiando sua visão de mundo, suas lições de moral para uma classe média falida e decadente. E não pense em nada subliminar ou sutil: o cara taca frases feitas em nossa cara e, no fim de cada capítulo, enfia uma estorinha triste para aumentar a audiência. Sei lá, Chacrinha era menos venal e previsível.
Outra coisa que tem me irritado cada dia mais é nossa histórica incapacidade de enxergar beleza naquilo que é novo. No caso da música, a maioria passa toda a vida ouvindo a mesma canção. Como a andorinha de Manuel Bandeira - que passa o dia à toa, à toa - nós também passamos a vida à toa, à toa. Foi assim com a resenha que Mr. Salsa fez sobre o mágico das teclas Andrew Hill, esse pioneiro incompreendido e mal ouvido. Esse meu desabafo é apenas para dar as mãos ao amigo Salsa - outro espírito inconformado, cuja resenha não recebeu os comentários que merecia. Hill demonstra que podemos bater nas mesmas teclas, mas sem a mesmice de sempre. Aos navegantes inconformados, deixo no Gramophone Jazzseen - logo acima - a faixa Refuge, do complexo e inovador lp Point Of Departure, com Kenny Dorham (t), Eric Dolphy (as), Joe Henderson (ts), Richard Davis (b) e Tony Willians (d). Jogue uma pedra na andorinha e a faça voar.
4 comentários:
Esse é um bom disco. Olha só o time que arma a jogada na defesa e no ataque: é mole? Eu tenho sete cds desse camarada na minha cedeteca e vou procurar mais.
Prefiro Cobras & Lagartos.
Carla, você está certa. Tenho cobras e lagartos melhores para você. Tenho esse disco desde quando saiu(vou dar de presente ao Lester) e sempre tive uma dificuldade de degustá-lo. Carla, tenho um Jobim para neutralizar.
Prezado Rogério, obrigado pelo presente.
Grande abraço, JL.
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