04/08/2006

Você ainda não ouviu nada!

A distinção feita por Rogério Coimbra (comentário no post sobre Meirelles) ao comparar O som, de Meirelles, com Você ainda não ouviu nada, de Sérgio Mendes, é bastante apropriada, especialmente quando afirma que o primeiro era mais emoção. Diz-nos o musicólogo: "Ouvimos ininterruptamente por 40 anos esses sons e, hoje, vc pode perceber que, então, o Bossa Rio era realmente mais maduro e o Copa 5 mais emoção, mais engatinhando". Agora, enquanto escrevo, estou ouvindo novamente o disco de Sérgio e o que salta aos ouvidos é a concepção dos arranjos: mais elaborados, envolvendo mais instrumentos, fato que, diria eu, poderia proporcionar ao ouvinte a idéia de "maturidade". Creio, no entanto, que são modos diversos de conceber a música. Nesse sentido, o disco de Meirelles pode parecer ainda "engatinhando", mas, de fato, seus os arranjos propiciam uma moldura não muito rígida para os temas. Por outro ado, o disco do Sérgio, com o seu maior formalismo, soa enxuto, sem arestas. Sérgio conta, porém, com um time de músicos que aproveita cada espaço (sempre pequenos, com poucos compassos disponíveis para a improvisação - aquela história das faixas curtas) para mostrar sua capacidade de criar frases. Os solos de sax e trombone são sempre de primeira qualidade e, justamente devido aos arranjos mais "rígidos", soam mais coloridos, destacam-se vivazes, proporcionando momentos verdadeiramente jazzísticos. Deixemos o papo de lado e vamos ao que interessa: eu deixarei a faixa Primitivo no Gramophone by Salsa para os navegantes degustarem.

11 comentários:

Salsa disse...

Essa faixa é justamente, ao meu gosto, a mais simples e que proporciona maior liberdade aos músicos. Lembra Blue trane.

Anônimo disse...

Os discos mais atuais do Sergio Mendes são ótimos para tocar em elevador. Ele e Herp Albert

Anônimo disse...

Só se for elevador baiano porque o último disco que ouvi dele (Brasileiro) parecia um Carlinhos Brown melhorado. Eca!

Salsa disse...

Convém destacar que o som dos anos sessenta era bastante peculiar. Após esse período, Sérgio pasteurizou demais sua música com fórmulas ao gosto do público coqueteleiro americano.

Anônimo disse...

escutem os pianos de Luis Carlos Vinhas e Sérgio Mendes e depois me digam qual é o mais jazzista. As duas faixas que estão no gramofone são elucidativas

Anônimo disse...

Parece-me que Mendes nessa faixa estava mais preocupado com a harmonização. Mesmo na hora do seu solo, soaram apenas os acordes.

John Lester disse...

Ainda sou mais Sérgio Mendes com Bud Shank. Vou providenciar uma resenha sobre eles. Enquanto isso Mr. Salsa poderia providenciar uma cópia?

Thanks.

Anônimo disse...

Ah,old times. Pinto,com a devida licença poética, eu sinto o piano do Vinhas mais´" deixa que eu balanço",e, o do Mendes "deixa que eu seguro". Um é solto, livre, ooutro,centrado,calculado.Comentava-se que Mendes copiava Horace Silver.No 1°LP de Mendes ele gravou Nica´s Dream. Agora, Salsa, o arranjador do Mendes nada mais era que Eumir Deodato.

Salsa disse...

Depois a gente ouve "O novo som", do qual Eumir também participou, e vamos dar uma conferida.

Anônimo disse...

rogério, eu acho que o arranjador do disco aqui comentado é o Tom Jobim...

Anônimo disse...

Olneyfig, nome difícil, o operário foi Eumir; oTom, foi o mestre de obras. Palavra, palavra...