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Depois do frenesi gerado por Zecalouro e sua incrível seleção de MPB (para quem ainda não visitou, recomendo Loronix, o blog do papagaio mais antenado da net), aqui estamos novamente face a face com as mazelas do jazz. Nesse seu mundo estranho e não tão iluminado por pandeiros quanto nossa MPB, o jazz por vezes nos apresenta figuras estranhíssimas. Uma delas, talvez a mais estranha que já ouvi assoprando algo, é Warne Marsh, o saxofonista que produz algodão doce cinza com seu sopro. A princípio você pensa que o cidadão não sabe tocar o horn. Ou que aquele sopro, digamos, terrivelmente desortodoxo, provém de falta de estudo ou prática do instrumento. Mas depois... Depois, quando o susto passa e você experimenta um naco do algodão, percebe que Warne é apenas profundamente original, inteligente e sensível. Quem sabe até você passe a gostar tanto de Warne quanto eu e, consequentemente, nunca mais conseguirá ouvir Kenny G e suas maçãs perfeitamente carameladas. Acima, à direita, no Gramophone By John Lester, deixo as faixas Dahoud e Love Is Here To Stay, gravadas ao vivo em Dana Point, em 1957. No piano está um dos melhores pianistas do jazz: Joe Albany (p).
3 comentários:
A sonoridade dessa faixa está realmente um pouco diferente (parece que ele entrou em campo um pouco desligado), mas é impressão. Ele está experimentando algumas variações, alguns patterns. Esse lance, creio eu, só é possível porque o camarada está completamente despreocupado.
Até que enfim, jazz. E da melhor qualidade.
Lester: Muito boa a sua poética descrição da sonoridade de Warne Marsh, certamente uma das mais invulgares do jazz. Creio que se pode aplicar a ela o termo inglês "dirty", usado para definir o som do clarinete de Pee Wee Russell, por exemplo.
Essas gravações ao vivo são realmente um grande achado.
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