29/10/2006

Tim Tim 2006

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Após as abalizadas notas de Mr. Salsa, resta pouco a dizer. Fiquei bastante satisfeito com a primeira versão do TIM Festival capixaba: além de economizar passagem de avião e hotel, ninguém pode reclamar da qualidade dos músicos, que não deixou nada a dever em relação ao Rio e a São Paulo. A organização foi boa, com acesso fácil, segurança alerta e uma recepção muito educada. Como têm feito todos os festivais de jazz do mundo, o TIM vem apostando na diversidade para obter o sucesso ou, ao menos, garantir a sobrevivência. Num país onde quem lucra fácil são os banqueiros e os amigos do Lula, ganhar dinheiro com arte é praticamente utopia. Mas entendo que a TIM atingiu seu objetivo: conquistar a simpatia de uma faixa de mercado de alto poder aquisitivo investindo no mais atraente produto cultural: música. Nessa pajelança de ritmos, você teve o bom e velho jazz com Roy Hargrove – sem dúvida o melhor show do festival em minha opinião; teve um sambinha gostoso e previsível com Bebel Gilberto e banda; teve um virtuose alucinado demonstrando o quanto sabe tocar violão com Yamandu (embora eu só tenha ouvido as duas primeiras músicas dele, pois tive que sair para ajudar minha tia-avó Adelaide a encontrar sua lambreta no estacionamento; e teve uma lenda viva – Herbie Hancock – diante de nossos olhos estarrecidos, fazendo brincadeiras eletrônicas que somente os gênios em idade avançada se permitem. Mas, sinceramente, meu ouvido acústico sentiu uma imensa saudade dos velhos tempos. O grande pianista estava com a fisionomia idêntica à do Jorge Benjor, só que tocando uma música no estilo de Yanni misturado com Stockhausen: chatíssimo. Mas tudo bem. Toda essa diversidade é válida se tivermos em mente que houve jazz, embora pouco, de alta qualidade. Além da pipoca grátis preparada com um enjoativo óleo de segunda, oferecida pelos organizadores do festival, o bar do Jazz Café serviu uma cerveja razoavelmente honesta em preço e temperatura. No mais, senti falta apenas de um bis: o de Roy Hargrove e sua turma, que saíram do palco de uma forma muito profissional e fria, não retornando aos apelos entusiasmados do público. Tomara que haja o II TIM capixaba. Com menos pipoca e mais jazz, é claro.

5 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, o show do Herbie foi insuportável.

Salsa disse...

Herbie optou pelo cardápio dos anos setenta. Retomou temas do velho headhunters, tais como Actual proof, Cantaloupe Island e Chameleon. A opção pelo fusion, no entanto, provocou efeitos colaterais como a briga com o computador do seu piano (deve ter levado uma três mordidas) que geraram uma certa tensão (deve ter sido praga do Garibaldi). Mas eu tenho que admitir que ele teve que tirar leite de pedra, e conseguiu: mesmo enfrentando o teclado rebelde e o som deplorável do piano acústico (ele, sutilmente,sem ataques de estrelismo, mostrou ao público, tocando pequenas frases em um e no outro, a condição da equalização do som: horrível)proporcionar alguns momentos interessantes. O show ficou por conta do saxofonista que com sua linguagem mais contemporânea passeou por todos os temas com desenvoltura. Mas o melhor mesmo, para esse que vos tecla (como diz o Acir), foi o show de Hargrove. Ponto final.

Salsa disse...

PS - fiquei impressionado com performance do baixista- Guto(?)- que acompanhou Yamandu.

Anônimo disse...

Embora não tenha ido ao Tim, concordo com a maioria de seu comentario, Lester. Só acho que voce perdeu muito tempo assistindo o festival, quando deveria utilizá-lo mais (o tempo) para ajudar a sua tia-avó Adelaide encontrar a lambreta.
J.L.Mazzi

Anônimo disse...

Afinal, a lambreta foi encontrada?