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Desde criança eu ouço que “ninguém é insubstituível”. E, como toda criança, eu sempre quis entender a tal frase como melhor me aprouvesse. Para mim ela queria era dizer que ninguém é substituível. Naquela minha cabeça ingênua que somente a infância permite, não podia imaginar que as pessoas pudessem ser trocadas impunemente umas pelas outras, como um caixa de supermercado é trocado por outro sem LER ou como um analista sênior é trocado por um analista júnior mais barato. Na ensolarada infância nossa compreensão das coisas é bastante mais rica e ampla, a ponto de reconhecermos em cada indivíduo toda a riqueza que o torna único, insubstituível, inalienável. Mas, com o passar dos anos, com a luta obstinada por um emprego mal remunerado e com os sorrisos falsos das recepcionistas ISO 9000, vamos modificando nossa audição. Tornamo-nos adultos, essas crianças míopes e surdas, insensíveis e gananciosas.
Farinha pouca, meu pirão primeiro. Talvez alguns de nós respeitemos apenas e tão somente os artistas, essas figuras de fato e de direito insubstituíveis. E muito desse respeito pelos artistas vem quase sempre acompanhado de um sentimento estranho, misto de incômodo, inveja e saudosismo. Incômodo porque o artista, como um imenso iglu espelhado, nos expõe ao ridículo do que nos tornamos quando adultos. Inveja porque, lá no fundo, gostaríamos de estar ali, brincando e sorrindo como ele brinca e sorri. Saudosismo porque lembramos de nossa infância, aquele lugar perdido e distante onde éramos nós que dávamos significados às frases, aquele quintal onde nenhum de nós era substituível. Somente as crianças podem tocar sax e improvisar. Ao amigo e artista Salsa, proprietário daquele espírito livre de que nos fala Nietzsche, desejo boas férias e envio a faixa Frank’s Blues, com o insubstituível pianista Frank Hewitt. O álbum, um dos melhores que conheço em trio, é We Loved You, lançado em 2004 pela Smalls Records. Até!
Desde criança eu ouço que “ninguém é insubstituível”. E, como toda criança, eu sempre quis entender a tal frase como melhor me aprouvesse. Para mim ela queria era dizer que ninguém é substituível. Naquela minha cabeça ingênua que somente a infância permite, não podia imaginar que as pessoas pudessem ser trocadas impunemente umas pelas outras, como um caixa de supermercado é trocado por outro sem LER ou como um analista sênior é trocado por um analista júnior mais barato. Na ensolarada infância nossa compreensão das coisas é bastante mais rica e ampla, a ponto de reconhecermos em cada indivíduo toda a riqueza que o torna único, insubstituível, inalienável. Mas, com o passar dos anos, com a luta obstinada por um emprego mal remunerado e com os sorrisos falsos das recepcionistas ISO 9000, vamos modificando nossa audição. Tornamo-nos adultos, essas crianças míopes e surdas, insensíveis e gananciosas.
Farinha pouca, meu pirão primeiro. Talvez alguns de nós respeitemos apenas e tão somente os artistas, essas figuras de fato e de direito insubstituíveis. E muito desse respeito pelos artistas vem quase sempre acompanhado de um sentimento estranho, misto de incômodo, inveja e saudosismo. Incômodo porque o artista, como um imenso iglu espelhado, nos expõe ao ridículo do que nos tornamos quando adultos. Inveja porque, lá no fundo, gostaríamos de estar ali, brincando e sorrindo como ele brinca e sorri. Saudosismo porque lembramos de nossa infância, aquele lugar perdido e distante onde éramos nós que dávamos significados às frases, aquele quintal onde nenhum de nós era substituível. Somente as crianças podem tocar sax e improvisar. Ao amigo e artista Salsa, proprietário daquele espírito livre de que nos fala Nietzsche, desejo boas férias e envio a faixa Frank’s Blues, com o insubstituível pianista Frank Hewitt. O álbum, um dos melhores que conheço em trio, é We Loved You, lançado em 2004 pela Smalls Records. Até!
16 comentários:
Lester, você é único.
Grande pianista!!!
que beleza !!
vou atrás desse disco
abraço
Belo texto... parabéns Lester!
É isso. Vamos tentando levar sem Mr. Salsa.
A propósito Guzz: se quiser o cd em mp3, é só falar.
Deixando os Neal Miner de lado, vamos ao Frank Hewitt que é outra categoria. Pianista moderno, consistente sem ser "glicerinoso". Apesar da maioria das músicas ter um rítmo lento o disco "We loved you" é muito agradável, recheado de "standards", onde podemos perceber o toque suave mas "autoritario" de Mr.Hewitt, cheio de belas improvisações e acordes dignos de um exelente pianista. Pena que tenha falecido em 2002 e este disco foi um dos poucos em que ele liderou o seu próprio grupo.
Não conhecia esse blog. Muito bom.
Tem muita gente boa que a gente não conhece. Grande pianista!
Esse tal de John Lester deveria entregar a caneta para o João Luiz.
Prezado Predador, eu até já tentei entregá-la ao João. Mas quem quer ficar escrevendo e colocando música para os amigos na internet sem receber um tostão em troca? Só mesmo alguns malucos como eu e Mr. Salsa.
Abraços, JL.
Beleza de texto!
Estava com saudade do Jazzseen!
Parabéns Mr. Lester e Mr. Salsa.
Sr.Lester: o comentário acima datado de 27.01.07(17:40) não foi feito por mim e sim por um impostor e mau educado que continua usando covardemente meu pseudonimo, tentando assim esconder seus recalques.Como já disse anteriormente, apesar de nossas divergencias no âmbito do jazz , jamais faria tal afirmação, grosseira e deselegante.
Em tempo: - Sr.Lester, como afirmado em outro "post", estou encerrando minhas participações. Agora definitivamente, evitando assim maiores constrangimentos. Qualquer intervenção, doravante, poder ter certeza, não foi feita por mim. Sucesso e adeus!
Fica,bicho! O povo já está chorando baixinho, e seu cachorrinho já está novamente em depressão. Fica, bicho!!!
Não faz assim não Predador. O que será de nós sem você?
Fica zangado não. Nada de dizer adeus e, muito menos, desejar sucesso. A gente só quer é se diveritr por aqui.
Se voltar ganha um pirulito, ok?
JL.
Não faz assim não Predador. O que será de nós sem você?
Fica zangado não. Nada de dizer adeus e, muito menos, desejar sucesso. A gente só quer é se diveritr por aqui.
Se voltar ganha um pirulito, ok?
JL.
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