Um é pouco

Quando fala sobre Doc Cheatham (1905-1997) em sua Jazz Encyclopedia, Penguin Books, 2005, Richard Cook recomenda o álbum da Verve Doc Cheatham & Nicholas Payton, gravado em 1994. O livro de Cook tem um estranho hábito: para cada músico citado há apenas um álbum recomendado. Quer se trate de Louis Armstrong ou de José das Couves, Cook sempre indica apenas um álbum para cada músico citado em sua enciclopédia. Essa escolha pode ser bastante prática, pois simplifica bastante o trabalho de escrever uma enciclopédia sobre jazz, mas comete terríveis falhas de informação ao leitor. Por exemplo: John Coltrane tem A Love Supreme como álbum indicado por Cook. Ora, não tenho dúvida de que Trane produziu, ao menos, cinco álbuns fundamentais: Blue Train (1957), Giant Steps (1959), My Favorite Things (1960), A Love Supreme (1964) e Ascension (1965). Isso sem falar em seu delicioso álbum Ballads, de 1962. Se fosse escrita por mim a enciclopédia, Trane teria, ao menos, esses seis álbuns recomendados. De qualquer forma, Cook acerta em muitas indicações, como é o caso do excelente álbum que Cheatham gravou com Nicholas Payton, um jovem e talentoso trompetista de New Orleans. Payton é o tipo de músico capaz de brincar tranquilamente com a alegre polifonia do estilo New Orleans, bem como encarar as velozes e cerebrais mudanças de acordes do bebop. Doc Cheatham & Nicholas Payton é um álbum muito bonito, um encontro bem sucedido entre o velho e o novo, entre a tradição e a experimentação. Para os amigos argonautas deixo a faixa Stardust. Boa audição!

Cheatham & Payton ...

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