Vocês devem ter percebido pelas minhas últimas postagens que eu tenho me detido em alguns clássicos da música brasileira. Explico-me: eu ganhei do nobre João Luiz, membro da confraria das terças, um monte de discos do selo Elenco, editados nos anos sessenta. Então, para não perder o lance, apresento-vos mais um: Dick Farney e Gaya, piano e orquestra, de 1966. Apesar dos arranjos da furiosa soarem-me um pouco “marciais”, o piano de Farney impõe uma classe especial ao resultado final. O seu toque é realmente muito bom. Ouçamo-lo, aqui, em versões de Someday my prince will come (essa vai pro Reinaldo e pro Ahmad, que costuma traduzir o título livremente como “Se deu, o príncipe come”), All the things you are (observem, nessa última, a puxada pro lado de John Lewis e, como meu pai dizia, “deixando cair” naquele lance mais bachiano do jazz, e usando e abusando dos acordes em bloco) e a lapidar Influência do jazz. Basta clicar sobre os nomes das faixas que vocês terão acesso irrestrito ao som. Aproveitem porque é de graça.
8 comentários:
Então Mr. Salsa gosta do toque do Dick? Hummm...
Navegante poliglota e infame: Vamos providenciar a castração do seu mandato. Considere-se investigado - descobriremos seu IP e pribiremos o seu retorno a esse sítio.
Prezado corregedor,
Como dizia a vovó: "venhamos e convenhamos": o texto propicia piadinhas. Ainda bem que o jovem visitante não fez nenhum comentário infame sobre o dick e a gaya. Liberdade de expressão a parte, lembremo-nos que o sr. Farnésio é um dos pilares do jazz feito no Brasil e que ele merece consideração e respeito de todos que apreciam a boa música. E creio que o explorador/navegante Mr. Pinto também concorda com isso.
Em "Das Rosas", Caymmi, a influência brubeckiana é latente, até mesmo no sopro do saxofonista, ao que me consta seria Hector Costita -,ao mais fiel estilo Paul Desmond.
Prezado Jo,
É vero. Alguns colegas do clube das terças criticam o Farnésio justamente por isso: o clima brubeckiano. Para mim, ele continua o bambambam.
Gosto muito do Dick Farney, muito bem lembrado aqui.
O clima brubeckiano de suas interpretações era feito de propósito como uma homenagem a um dos seus pianistas preferidos. Dick Farney não escondia tal fato, e, convenhamos, Dick e Moacyr Peixoto eram os dois maiores expoentes do jazz no Brasil.
Influências são absolutamente naturais entre os jazzitas. E benéficas. Mas no caso dessa gravação, "Roses And Roses", acho que o Dick, que gosto muito, exagerou. Isso porque todo o quarteto se prestou a copiar os sons de Brubeck, Desmond, Wright e Morello. E isso não ocorre na linda versão para "Valsa De Uma Cidade", faixa que mais gosto no disco. Gaya, sensacional.
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