27/12/2007

Lot Of Fun

Conversava outro dia com Mr. Lester acerca das razões que o levam a considerar Michael Brecker um dos saxofonistas mais chatos dos últimos 40 anos. Cheguei a lembrar a Mr. Lester que a crítica especializada considera Michael um gênio, afirmando que nele encontramos o verdadeiro continuador da obra de John Coltrane. Enquanto Lester sorria ironicamente, arrematei: a crítica nacional vem copiando essas teses há vários anos, reforçando que o rei não está nu. Lester limitou-se a dizer que apenas as crianças, em sua imprudente sinceridade, são capazes de ver que o rei está nu. Além disso, disse ele, prefiro falar sobre jazz. Remexendo em sua prateleira, retirou um álbum e disse: ouça e, caso goste, escreva uma resenha para o Jazzseen. O álbum era 50th Anniversary Álbum, do saxofonista tenor suíço Roman Schwaller. Roman nasceu em 1957, em Frauenfeld. Começou estudando clarinete clássico, aos 14 anos. Três anos depois mudou para o sax alto, passando a tocar jazz. Na Swiss Jazz School, em Berne, passa a tocar o tenor. Indo para Munique, aos vinte anos, passa a integrar o quinteto de Klaus Weiss, com quem grava o álbum Density, em 1980. No final da década de ’70 parte para New York, onde grava Four Leaf Clover, seu primeiro álbum como líder. Durante suas aventuras, Roman teve oportunidade de tocar e gravar com músicos como Mel Lewis, Johnny Griffin, Sal Nistico, Jimmy Cobb, entre outros. Desde 1980 integra a Vienna Art Orchestra, além de continuar gravando e atuando em diversos festivais de jazz pela Europa. No álbum 50th Anniversary podemos perceber que o jazz requer emoção, vigor, alegria e tesão. Sem isso, de nada adianta aquela técnica fria de laboratório, como a encontrada em centenas de sonolentos e tristes álbuns da ECM. Talvez por isso Lester diga que os álbuns da ECM devem ser guardados em frigoríficos e não em estantes de jazz. Para os amigos fica a faixa All The Things You Are, em homenagem a Oscar Peterson. Até a próxima!

Roman Schwaller - ...

13 comentários:

Anônimo disse...

Beleza Roberto, ainda por cima ao vivo, como o jazz tem que ser! Valeu!

Anônimo disse...

It was then that my ears experienced a wonderful and delightful surprise.

Roman plays with a sense of adventure because he's always coming up with things that identify only him, and reflects this sense of adventure. He is constantly moving ahead into the darkness of creativity, extracting new and exciting things anxiously awaiting his discovery of them. These ideas reflect his own musical personality and not that of anyone else, because he is a distinct individual who lives to create.

Not to be overlooked is his talent as a world class composer and arranger. You will hear evidence of all that I've said concerning him which is recorded on this, his present CD. One should consider himself fortunate if he has acquired this wonderful CD for his collection. Roman Schwaller is a talented saxophonist, composer, and arranger who is moving steadily ahead. Soon the entire world will know this name, including you, that is, if you don't already know it.

Anônimo disse...

Brecker era genial !
Acredito que o grande problema, se é que isso é um problema, é que os discos de estúdio do Brecker tem apelo mais comercial, salvo algumas exceções.
Agora, o cara em gravações ao vivo era era outra coisa.
Ser um discípulo de fato de Coltrane talvez seja exagerado, se fosse atribuir a alguém acho que Joshua Redman tem mais som pra levar esse rótulo.

Anônimo disse...

Concordo com Guzz. O excesso funk de alguns discos cansa. Infelizmente o apelo pop obscurece sua aptidão jazzística. O fato é que ele toca como poucos. Adoraria ver/ouvir uma sessão entre ele e Joshua - com base mainstream do jazz.

Anônimo disse...

A maior virtude de Brecker foi ser um excelente saxofonista, razão disso a amplitude de mercado que obteve quer como músico de estúdio , “sideman” ou solista. Jogava em todas as posições ,vestindo qualquer camisa. Dotado de primorosa técnica estabeleceu considerável influência nos novos talentos dos últimos 20 anos.Sua maior desgraça, fora a absurda morte precoce, foi ter inventado aquela coisa medonha chamada EWI, uma espécie de clarinete cibernético que emite registros sonoros sintetizados.Ficar alheio a sombra de Coltrane é uma tarefa hercúlea .Tornar essa sombra uma proteção ou uma referencia e que se encontra o dilema.Numa Down Beat, em que alguns músicos foram escolhidos pra registrarem suas impressões sobre seu maior ídolo, em textos escritos por eles próprios,Redman dedicou palavras a Stan Getz.E Branford Marsalis já cansou de afirmar que escuta Love Supreme todos os dias de sua vida.Inclusive, fez registro das peças do disco num impressionante dvd , com seu quarteto.Edú

Anônimo disse...

Lester, fiz um post para você no mpbjazz. Osvaldo

Anônimo disse...

Gostei do Roman Schwaller, a faixa, ao vivo, excelente!

John Lester disse...

Obrigado Roberto, pela resenha. Talvez eu ainda não tenha ouvido o 'álbum' certo de Brecker. Infelizmente, ao vivo, só quando eu morrer e encontrá-lo no inferno, onde devem estar a Coltrane, Parker e Lester (Young).

Osvaldo, obrigado pela lembrança.

E, Guzz, põe o Tandeta para trabalhar, ok?

Grande abraço a todos, JL.

Anônimo disse...

Absorto, de minha parte, em demonstrar que a justiça nem é cega e nem lenta, fui alertado pela Srta .Janine que no programa do Jô, agora ,dia 29/12, as 1:20 das suas primeiras horas , iria entrevistar um sujeito que séria “o professor de jazz”.Abandonei meus compêndios, momentaneamente, e fui assistir.Afinal, sempre temos algo a aprender, principalmente, eu, sobre qualquer assunto.Passou a primeira entrevista, com essas figuras humanas pintadas que sobrevivem permanecendo estáticas nas ruas, chamadas “estatuas vivas”.Depois, acreditem , um sujeito que cria um urubu(fêmea) em sua residência.E, pra finalizar, o professor de jazz.Trata-se ,não sabia, de Daniel Daibem,ex-roqueiro, guitarrista, que apresenta um programa de rádio aqui em São Paulo , que nunca ouvi , chamado “Sala de Música”.Quando Jô indagou, surpreende mente, sem sua natural empáfia, no que consistia a tal sala, a resposta foi imediata.E a apresentação dos mestres :Wes Montgomery, Cartola??? citou o radialista.Já perdi o interesse,por mais que o autor de “As Rosas não Falam” seja um gênio ,pra mim,ele não é jazz e sim do samba da melhor qualidade, diga-se de passagem.No final, Daniel se atreveu a tocar e cantar “I'm beginning to see the light” de Duke Ellington, numa descarada imitação ,tanto no dedilhar da guitarra , como nos arremedo de scats, de John Pizzarelli.Isso confirma a razão porque o nosso CEO valoriza tanto os visitantes do blog.Eles fazem um trabalho sério e árduo, valer a pena.Feliz Ano Novo a todos.Edú

Vagner Pitta disse...

...


alto lá ! O Michael Brecker é um caso a parte de refinamento: saiu daquela baboseira de tocar fusion e expôs sua arte de tocar um jazz autêntico como poucos saxtenoristas conseguiram fazê-lo. No entanto, é verdade, Michael Brecker tinha aquele lado smooth-comercial que ele tanto adora e tem até uma história em que Kenny G, o atual rei do Smooth, disse "eu nunca conseguirei tocar igual a vc Michael". Não obstante, Brecker tinha um fraseado super intrincado, uma sonoridade forte e invejável, tinha o coleguismo da maioria dos grandes artistas do jazz e do pop e gravou dois ou três bons discos que foram suficiente pros holofotes exagerar dizendo: "eis um continuador de Coltrane". Na minha humilde opinião, Michael Brecker, apesar da técnica, só foi mais um grande saxtenorista que começou a mostrar um bom Jazz apartir de 1990. Aliás nessa década Branford Marsalis já tinha gravado um punhado de discos super conceituais ( como Brandom Abstract, Contemporary Jazz e o trio Bloomigton) mostrando um fraseado super moderno, com uma notável proliferação rítmica e, claro, sempre partindo da tradição: ou seja, pra mim, Branford Marsalis foi o verdadeiro continuador de John Coltrane nas últimas duas décadas. Depois veio James Carter é um caso raro de personalidade do tenor que eu tbm poria bem a frente de Brecker.

Viva a indentidade Jazzística ! E para todos aqueles que querem ouvir ou tocar Fusion e outros tipos de Música Improvisada eu diria que devem dissociar-se do Jazz propriamente dito !


bom post, como sempre!

Anônimo disse...

Eu iria postar esse comentário no “andar de cima”, mas em razão da rica manifestação do Sr.Pitta, acho que ele encontra melhor espaço aqui.Se Michael Brecker é verdadeiramente um genuíno musico de jazz gera divergências.Se ele foi um talentoso saxofonista, acho que encontra mais eco.Com participação em mais de 900 diferentes álbuns e estilos , Brecker utilizou sua prodigiosa técnica, complexa sonoridade e estilo próprio a serviço de Frank Sinatra à Aerosmith.Nos anos 70, participou junto com seu irmão trompetista Randy, pai da filha única da pianista brasileira, radicada há mais de 20 anos em NY,Eliane Elias, da onda do jazz fusion com o grupo Steps Ahead.Em uma determinada fase de sua carreira e devido a sua competência e profissionalismo teve ,num só dia de trabalho, compromisso de gravação em cinco álbuns diferentes.O sujeito era considerado um “boa praça”, incapaz de recusar uma singela participação em um trabalho de um colega.Somente ,aos 38 anos, por sentir-se despreparado,até então, conseguiu gravar seu primeiro álbum, de titulo Michael Brecker, como líder de jazz, bom, por sinal.Neste trabalho, pode exibir sua influencia de Dexter Gordon,Eddie Harris,Ernie Watts e ,naturalmente, John Coltrane.Sua capacidade em fazer solos concisos e ao mesmo tempo elaborados em curtos espaços, adicionou qualidade aos trabalhos pop que participou.Mediante a isso, tornou-se uma referencia é o mais influente , para o bem ou para o mal, saxofonista tenor dos últimos 25 anos.Em 72 participou, caso alguém questione sua lealdade ao jazz, acompanhando Horace Silver na gravação de seu álbum no Blue Note.Nos anos 70/80 juntou-se novamente ao irmão nos Brecker Brothers, banda que utilizando recursos eletrônicos foi classificada como “heavy metal do bebop”.”Nunca me considerei uma figura de destaque do jazz e nem um inovador”, foram algumas de suas palavras.Seus solos nas gravações de jazz são bem estruturados e demonstram uma versatilidade fácil de improvisação.Uma das correntes que apontam a importância de Brecker no jazz dos anos 80 séria o de abrir uma alternativa à saudosista proposta dos young lions (Wynton Marsalis e seus asseclas).Que propagavam: na iminência da extinção do jazz, uma desesperada busca era necessária em suas origens pra atingir a solução de sobrevivência.Pra finalizar, o nome do álbum do Branford Marsalis é Random Abstract e seu ano de gravação foi em 87.Edú

Anônimo disse...

já disse e repito: cada dia mais as pessoas se afastam do jazz e se aproximam de Miles Davis...

Anônimo disse...

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