Mr. Lester, nós gostamos da Armênia? Claro que sim Mr. Scardua, nós gostamos muito da Armênia. Afinal, foi naquela região próxima ao Mar Negro e às montanhas do Cáucaso, a que os romanos chamavam “o fim de toda a Terra”, que encontramos os primeiros sinais da videira. Sim: caroços de vitis vinifera sativa com sete mil anos de idade foram encontrados por ali, ou seja, foi por lá que nasceu o vinho, Mr. Scardua. Veja só... E o que mais nós gostamos na Armênia, Mr. Lester? Ah, Mr. Scardua, nós gostamos dos músicos daquela terra perdida. Por exemplo: Tigran Hamasyan nasceu em Gyumri, em 1987. Aos dois anos já demonstrava um interesse incomum pela música, preferindo brincar com o piano a carrinhos e bonecos. Aos 3 anos Tigran já cantava coisas do Led Zeppelin, Deep Purple, Beatles e Queens, tentando se acompanhar ao piano. E existem mesmo vídeos dessa época que podem provar o que estou dizendo, levando os pais do garoto a concluírem que a vida de seu filho estava inseparavelmente ligada à música.
Aos sete anos Tigran descobre o jazz e passa a ouvir os clássicos, repetindo-os incansavelmente ao piano dia após dia. Aos dez anos o menino já conhece a fundo o trabalho de Duke Elington, Thelonious Monk, Charlie Parker, Art Tatum, Miles Davis, Bud Powell e outros, bagagem esta que o levaria a uma compreensão ampla e profunda do jazz e de suas técnicas de ritmo e improviso. É também dessa época sua primeira composição. Mas foi em 1998, com sua participação fulminante no First International Jazz Festival of Yerevan, que Tigran foi descoberto e aclamado, passando a receber inúmeros convites para concertos e participações com outros músicos. No segundo Yerevan Jazz Festival Tigran não apenas consolidou a ótima impressão causada no festival anterior, como também teve oportunidade de travar contato com músicos como Chick Korea, Avishai Cohen, Jeff Ballard e Ari Roland.
Através do pianista Stephane Kochoyan, Tigran é apresentado à cena jazzística francesa e européia, participando de uma série de festivais e mantendo contato com músicos como Wayne Shorter, Herbie Hancock, John McLaughlin, Joe Zawinul, Danillo Perez, John Patitucci. Em 2001 toca com os veteranos franceses Pierre Michelot e Daniel Humair. Voltando-se cada vez mais para os estudos de jazz e música folclórica armênia, em 2002 Tigran conquista o terceiro lugar no Martial Solal International Jazz Piano Competition, realizado em Paris. Em 2002 ganha o primeiro lugar no Jazz a Juan Revelations, na categoria jazz instrumental. Nos anos seguintes Tigran grava uma série de álbuns e continua participando de diversos concurso: em 2003 vence o Montreux Jazz Solo Piano Competition. Em 2005 conquista o terceiro lugar no Moscow International Jazz Piano Competition e o primeiro lugar no Monaco Jazz Soloist Competition. Em 2006, Tigran lança pelo selo francês Nocturne seu álbum World Passion, gravado em Los Angeles com Ben Wendel (ts), Francois Moutin (b), Ari Hoenig (d) e Rouben Hairapetyan (duduk, zurna). Em faixas belíssimas, como These Houses, Tigran demonstra um lirismo profundo e cerebral, nos remetendo em alguns momentos a Keith Jarrett, incluindo os desagradáveis gemidos. Em outras faixas mais enérgicas, como em sua versão do classic What Is This Thing Called Love, Tigran parece incorporar sonoridades e estilos que se mesclam, recompondo idéias que vão desde Bud Powell e Wynton Kelly até McCoy Tyner e Cecil Taylor. Outro destaque do album é o contrabaixista, excelente.
Ainda em 2006, mais precisamente no dia 17 de setembro, Tigran conquista o primeiro lugar no Thelonious Monk Jazz Competition, evento que, em minha modesta opinião, tem revelado os maiores talentos do jazz contemporâneo, responsáveis por nossas esperanças em dias melhores para o jazz. E Tigran continua estudando, agora na University of Southern California, em Los Angeles, além de gravar e participar de shows por todo o mundo inteligente da música. Para os amigos, fica a faixa-tributo ( ) Well, You Needn’t, retirada de seu álbum New Era, gravado para a Nocturne em 2007 com os irmãos François (b) e Louis Moutin (d). É fácil notar que, muito além de fazer apenas mais um dos muitos tributos já feitos a Monk, Tigran faz um tributo convincente e, ao mesmo tempo, original. Coisa reservada aos gênios somente. É Mr. Lester... Nós gostamos da Armênia!
Aos sete anos Tigran descobre o jazz e passa a ouvir os clássicos, repetindo-os incansavelmente ao piano dia após dia. Aos dez anos o menino já conhece a fundo o trabalho de Duke Elington, Thelonious Monk, Charlie Parker, Art Tatum, Miles Davis, Bud Powell e outros, bagagem esta que o levaria a uma compreensão ampla e profunda do jazz e de suas técnicas de ritmo e improviso. É também dessa época sua primeira composição. Mas foi em 1998, com sua participação fulminante no First International Jazz Festival of Yerevan, que Tigran foi descoberto e aclamado, passando a receber inúmeros convites para concertos e participações com outros músicos. No segundo Yerevan Jazz Festival Tigran não apenas consolidou a ótima impressão causada no festival anterior, como também teve oportunidade de travar contato com músicos como Chick Korea, Avishai Cohen, Jeff Ballard e Ari Roland.
Através do pianista Stephane Kochoyan, Tigran é apresentado à cena jazzística francesa e européia, participando de uma série de festivais e mantendo contato com músicos como Wayne Shorter, Herbie Hancock, John McLaughlin, Joe Zawinul, Danillo Perez, John Patitucci. Em 2001 toca com os veteranos franceses Pierre Michelot e Daniel Humair. Voltando-se cada vez mais para os estudos de jazz e música folclórica armênia, em 2002 Tigran conquista o terceiro lugar no Martial Solal International Jazz Piano Competition, realizado em Paris. Em 2002 ganha o primeiro lugar no Jazz a Juan Revelations, na categoria jazz instrumental. Nos anos seguintes Tigran grava uma série de álbuns e continua participando de diversos concurso: em 2003 vence o Montreux Jazz Solo Piano Competition. Em 2005 conquista o terceiro lugar no Moscow International Jazz Piano Competition e o primeiro lugar no Monaco Jazz Soloist Competition. Em 2006, Tigran lança pelo selo francês Nocturne seu álbum World Passion, gravado em Los Angeles com Ben Wendel (ts), Francois Moutin (b), Ari Hoenig (d) e Rouben Hairapetyan (duduk, zurna). Em faixas belíssimas, como These Houses, Tigran demonstra um lirismo profundo e cerebral, nos remetendo em alguns momentos a Keith Jarrett, incluindo os desagradáveis gemidos. Em outras faixas mais enérgicas, como em sua versão do classic What Is This Thing Called Love, Tigran parece incorporar sonoridades e estilos que se mesclam, recompondo idéias que vão desde Bud Powell e Wynton Kelly até McCoy Tyner e Cecil Taylor. Outro destaque do album é o contrabaixista, excelente.
Ainda em 2006, mais precisamente no dia 17 de setembro, Tigran conquista o primeiro lugar no Thelonious Monk Jazz Competition, evento que, em minha modesta opinião, tem revelado os maiores talentos do jazz contemporâneo, responsáveis por nossas esperanças em dias melhores para o jazz. E Tigran continua estudando, agora na University of Southern California, em Los Angeles, além de gravar e participar de shows por todo o mundo inteligente da música. Para os amigos, fica a faixa-tributo ( ) Well, You Needn’t, retirada de seu álbum New Era, gravado para a Nocturne em 2007 com os irmãos François (b) e Louis Moutin (d). É fácil notar que, muito além de fazer apenas mais um dos muitos tributos já feitos a Monk, Tigran faz um tributo convincente e, ao mesmo tempo, original. Coisa reservada aos gênios somente. É Mr. Lester... Nós gostamos da Armênia!
15 comentários:
Grande Lester!
Mais uma vez uma resenha tão bem escrita quanto informativa.
E eu, que só curtia, entre armênios, o Rabo Karabekian, também chamado Sarkis pelos moralistas brasileiros.
Grande.
Sim, gosto da Armênia.
Monk é Monk, mas esse "Tigrão" é um bom pianista (me lembra um pouco o Andrew Hill), procura não imitar Monk, criando seus acordes, às vêzez um pouco dissonantes, sem exagêros e sempre muito bem pontuados. Bom! Gostei.
Caramba! O cara é mesmo genial; com apenas 20 anos e já com esse maravilhoso "currículo"...
Gostei da música e da ótima resenha.
Mais uma excelente dica Mr. Lester. Obrigada!
Mais uma excelente dica Mr. Lester. Obrigada!
Ah,meu Deus, Paulinha em dose dupla ao som do bom piano. Já comprei mais umas boas garrafas, minha querida. Quando nos veremos de novo?
Muito bom!
Da Armênia eu não sei, mas do Tigran eu gostei muito!
Pbrigado por mais uma generosa resenha Mr. Lester. Abraço!
Grande dica, mr.! Embora num primeiro momento eu não tenha pirado com o "World Passion", 1º álbum que conheci do Tigran, o "New Era", 2º, na linha de sucessão, vai descendo redondo feito aquele chopinho em fim de tarde num buteco do Leblon.
Caro JL, à parte a Armênia e adjacências, nao se esqueça de que hoje, dia 29 de agosto, comemora-se o aniversário de Charlie Parker. Se vivo, estaria com 88 anos. Como dizem por aí, Bird Lives!
Abraço.
Só hoje arranjei um cantinho no meu tempo para ouvir este Tigran. Obrigada pela apresentação - Gostei muito! Grande descoberta. Espero que se mantenha assim e que os estudos não lhe cerceiem a espontaneidade.
Aos interessados tem um boletim visual do dia 12/09 da edição 2008 do Festival de Jazz de Ouro Preto no Youtube.O endereço é : http://br.youtube.com/watch?v=Cu7v3UnXd5Q .Edú
Vou até lá, Edú!
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