Não parece razoável supor que viveu pouco Luigi Paulino Balassoni, vulgo Louie Bellson, que partiu daqui aos 84 anos. A celebridade veio ao ganhar um concurso promovido por Gene Krupa em 1940, o que lhe permitiu fosse contratado por Benny Goodman, antigo patrão de Krupa. A seguir veio a calmaria, trabalhando para gente como Tommy Dorsey, Harry James e, em 1951, Duke Ellington, onde sua metralhadora sonora substitui o velho estilingue de Sonny Greer. Ellington, que não era nenhum bobo, arrecadou uma boa dezena de composições de Bellson, como The Hawk Talks e Skin Deep, verdadeiras maratonas percussivas. É depois que se despede de Duke e começa a trabalhar em pequenos combos, como líder ou acompanhando Louis Armstrong, Benny Carter, Ella Fitzgerald, Oscar Peterson ou Art Tatum, que Louie mostra toda sua competência técnica e, quem diria, seu lado de discreto acompanhador em pequenas formações, confirmando que possuía muito mais que força nos punhos fortes. A partir da década de 1960 Louie dedica a maior parte de seu tempo acompanhando a esposa, Pearl Bailey, sem descuidar de gravações e apresentações esporádicas como líder ou sideman, voltando inclusive a trabalhar com os velhos amigos Dorsey, Ellington e James. Não bastasse ser um dos mais completos bateristas do jazz, Louie ainda encontrou tempo para compor música para balé e de concerto, inventou o kit de bateria com dois drum bass, além de mostrar-se um dos mais contagiantes músicos que o jazz já produziu em apresentações ao vivo. Fora dos palcos era calmo, boa gente, visitava orfanatos, oferecia shows gratuitos e promovia palestras para os jovens bateristas ávidos por ouvir o mestre. Em homenagem ao grande músico e sua gentil alma oferecemos a faixa Limehouse Blues retirada do álbum Snooky & Marshal’s Album, gravado para a Concord em 1978, com Snooky Young (t), Marshal Royal (as), Ray Brown (b), Freddie Green (g) e Ross Tompkins (p), além da participação especial de Scat Man Crothers nos vocais. Até breve Louie!
16 comentários:
Menos um...
Belo trabalho – just in time - Bob.Considerado por Duke Ellington como o maior baterista do mundo e único músico branco no período q fez parte do conjunto de Ellington,nasceu Luigi Paulino Alfredo Francesco Antonio Balassoni em Rock Falls (IL) em 6 de julho de 1924 sentando pela primeira vez na vida na bateria aos 3 anos de idade.Na loja de instrumentos de seu pai , imigrante italiano q “vinha fazer a América”.Em 1952 ,ao casar-se com a atriz e cantora Pearl Bailey demonstrava destemor em conciliar a profissão de músico -q já sofria considerável discriminação - com um casamento inter-racial para os padrões conservadores da média sociedade americana.Bellson é reconhecido por desenvolver a técnica da evolução rítmica utilizando dois pedais( q aprendeu observando um amigo sapateador).Sua combinação energética de vigor e precisão técnica, principalmente na atuação de big bands, fez com q despertasse até mesmo reconhecida admiração de Buddy Rich com quem promoveu os chamados duelos de bateria (drum battles).Nos anos 70, Bellson foi praticamente o baterista regular do selo Pablo e podemos visualiza-lo nos dvds lançados dos concertos em Montreux , daquele período, como o baterista de irresistível entusiasmo e uma mal disfarçada peruca na cabeça.Continuou, após essa fase,no trabalho regular com sua própria big band, gravações,composições (The Hawk Talks é dedicado ao “patrão” Harry James) clinicas e ensino para jovens bateristas em universidades. Mantendo-se em constante atividade ate´praticamente o final de seus dias.Como demonstra o cd lançado em 2008 com o trompetista Clark Terry – “Louie & Clark Expedition 2”.Descanse em paz.
Belíssimo post. Belíssimo comentário do Mestre Edu. Destaco, ainda o ótimo CD Inferno!, gravado com big band e lançado pela Concord. Participam da sessão feras como Conte Caandoli, Blue Mitchell e Mundell Lowe, entre outros.
Ele também integou o JATP nos anos 60 e gravou vários discos como sideman de Count Basie, nos anos 70, basicamente em peqenos grupos.
Sua participação discreta e eficiente nos clássicos The Tatum Group Masterpieces - vol. 1 (que oço enquanto escrevo esse comentário) e Louis Armstrong meets Oscar Peterson mostram que o velho drummer sabia como poucos conciliar virilidade e doçura na condução do seu instrumento.
Abraços a todos
Leia-se "ouço", por favor. Falha (horrível) na digitação.
Oço duro de ruê! rs
Nossa!Pena que, com minha avançada idade,nao consiga memorizar as informaçoes que os Mestres , generosamente, disponibilizam neste querido blog...mas vou "saboreando", me encantando e divertindo com tudo que aparece por aqui, sem falar no prazer enorme de ouvir musicas e musicos, "creme de la creme" do JAZZ.
Mr. Scardua, nao gostei do "ate breve Louie!"
Sonzaço-aço. Muito bom para ouvir. Valeu o post.
... e o edú ainda me pedindo pra escrever algo sobre o cara; felizmente, fui salvo pelo Scardua, que já nos presenteou com sua postagem a respeito, enriquecida, como sempre, pelos outros "mestres" aqui nos comentários. Eu vou só aprendendo...
Com sua licença, Roberto Scardua, vou reproduzir tudo lá no meu bloguinho; se vc não gostar, pode avisar que eu deleto.
ps.: e ainda falta o Tandeta que, com certeza, irá acrescentar algo mais por aqui.
Tô aqui,Fig.
Bellson é um dos realmente Grandes,na minha opinião e na minha lista pessoal. Conhecer musica profundamente é uma enorme vantagem para qualquer musico de qualquer instrumento. Muitos talentos as vezes vão só até ali na esquina e desparecem por não teram o conhecimento musical necessario para maiores voos. Isso tudo para dizer que Bellson pra mim ,acima de tudo,representa o musico completo ,aquele que sempre faz musica ,em qualquer situação,rapido ou lento,alto ou baixo. Aqui muita gente conhece bem as gravações principais de Bellson mas eu destacaria seu "cavalo de batalha":"Skyndeep", gravação original com Duke Ellington e sua Orquestra. Que outro instrumentista teve composição gravada por Ellington? Como baterista eu sempre adorei Bellson,desde a primeira vez que ouvi. Tenho uns 4 ou 5 discos(LPs) dele,gravados entre as decadas de 70 e 80. São todos muito bons,dentro de um estilo que mistura tradição nos arranjos e no swing com inovação nos solistas. E Bellson sempre fazendo musica .
Abraço
Skindeep,corrigindo.
Obrigado.
Poizé, estou com o soulseek, janelas abertas para Louie Bellson, e não é que encontro dois discos dele com o rei da funk/soul music, James Brown? Os discos são "James Brown with Louie Bellson Orchestra e "Soul on Top". Há alguma anomalia ou homonimia nisso?
Eu não disse? O Tandeta sabe das coisas...
Ontem eu vi o video com a interpretação de "Skindeep" e, realmente, é sensacional. Eu ainda não conhecia e fiquei impressionado com o Louie no auge de sua forma, por volta dos 40 anos de idade; um batera que continuou atuando, como uns poucos - e bem - até mais de 80 anos é mesmo é fenômeno.
Retificando: o vídeo é de 1957 e Bellson tinha, então, 30 anos.
Eu coloquei o vídeo lá no meu blog, acatando a indicação do Tandeta, como um dos mais marcantes solos deste grande batera que se foi.
Ok Mr. Olney.
"Limehouse Blues" é um dos temas mais bonitos que conheço. Obra rara, JL.
Já o Bellson, esse baterista de primeira, eu só fui ouvir, de verdade, no início dos anos 80, quando comprei "The Exciting Battle", um dos famosos J.A.T.P. de Norman Granz. Esse foi gravado em Estocolmo, em 1955.
Há um "drum solo medley", com Bellson, que dura mais de 10 minutos. Esplêndido.
Claro que vc conhece.
Abraço.
p.s. Sabia que Ellington virou moeda?
De 25 cents...sera por causa do Obama, ou mera coincidencia?
Postar um comentário