04/03/2009

Just friends, just friends!

Após acirradas investigações, que lhe consumiram cerca de trinta anos de dedicação, análises, grampos ilegais, entrevistas, compra de testemunhas e viagens pagas pelo governo, John Lester finalmente descobriu o verdadeiro motivo pelo qual o trombonista Frank Rosolino se suicidou, após atirar em seus dois únicos filhos, matando um e cegando o outro, em 1978. Alguns biógrafos atribuem o trágico incidente ao fato de que, seis anos antes, sua mulher também cometera suicídio, na frente de Frank, o que lhe teria marcado tão profundamente que o levou a praticar o ato insano contra si e sua prole. Parece razoável esta versão, mas Lester demonstra de forma cabal que o verdadeiro motivo foi uma aberrante gravação realizada por Frank com um grupo de músicos acadêmicos, um deles, o pianista, formado na Royal Academy of Music de Bruxelas. Seria bom que o amigo leitor ouvisse a faixa Stella by Starlight (apresentada como prova nos tribunais) enquanto lê o breve relato sobre o ocorrido. Era 1975. Frank já quase esquecera o terrível suicídio da esposa. Estavam os dois excelentes músicos, Frank Rosolino e Conte Candoli, passeando alegremente pelas ruas de Munique quando avistam o clube de jazz Domicile. Passando pela porta, são reconhecidos por três jovens bacharéis em música, que os convidam para uma jam session. O público, excitado com a presença daqueles dois mestres do jazz West Coast, clamava aflito para que subissem ao palco, e assim foi. 

Por um desses reveses que a vida guarda, a jam foi registrada pela MPS e, em virtude da insistência com que Frank e Conte repetiam a frase “somos apenas amigos, somos apenas amigos” para tentar justificar o fiasco do show, o álbum foi batizado de Just Friends. O fato é que, três anos mais tarde, na véspera do dia D de Frank, ele resolveu ouvir o tal álbum, apenas para confirmar se era, afinal, tão escandalosamente ruim assim o tal álbum gravado ao vivo. Após ouvir novamente os acadêmicos Rob Pronk (p), Isla Eckinger (b) e Todd Canedy (d), deu no que deu: dois mortos e um gravemente ferido. Lester agora reúne as últimas provas onde restará pacífico que Toddy Canedy começou seus estudos de bateria na UFES e os terminou na UNIRIO, com 100% de frequência. Notem, amigos, como Frank e Conte tentam, árdua e inutilmente, abafar o som que exala da terrível cozinha acadêmica. O resto tramita em segredo de justiça.

15 comentários:

Anônimo disse...

Isso é o que da andar em mas companhias.Pra piorar: bicões que tem diploma. Por experiencia propria posso afirmar que não é dificil um zero a esquerda qualquer arranjar um diploma de musica.
Hoje realmente não foi um bom dia. Mr. Lester fez picadinho de meus argumentos no post abaixo.Bem feito ,quem mandou eu me meter a besta . Não sou pareo pro comandante do Jazzseen e entrego os pontos .
Pra piorar no começo da noite tive uma estupida discussão com um vizinho.Não foi sobre a importancia do ensino academico para musicos de jazz mas o bicho pegou e realmente temi pela integridade fisica do portão aqui de casa.
Serio:voces do Jazzseen são do C@#$%¨&* !!!! Sou fã de carteirinha.
Obrigado pela paciencia comigo.
Abraços a todos

Anônimo disse...

Rosolino merecia um final melhor. Que Deus o tenha.

John Lester disse...

Caro Tandeta, gostaria de confessar que só entro em debates com pessoas que gosto e admiro. E você é uma delas.

Minha intenção foi tão somente trocar idéias com os amigos visitantes sobre o autodidatismo no jazz.

Suas opiniões e críticas são sempre respeitadas e consideradas aqui no Jazzseen.

Um grande abraço, JL.

Anônimo disse...

Devo ter passado pelo Toddy Canedy algumas vezes na hora do recreio, quando fazia meu curso de Museologia na UNIRIO...

Acho que eu tenho quase a mesma opiniao do Sr. Tandeta (C@#$%"&*!!!!!)em relaçao ao Jazzseen, mas meu computador nao tem aquele penultimo simbolo( ou sera a mesma coisa que &?) e eu coloquei mais uma exclamaçao, ai ficou um pouquinho diferente...

Desculpem, tanta bobagem...

Anônimo disse...

Ue,o simbolo saiu igualzinho...!!!!

Anônimo disse...

Eu discordo totalmente do Sr. Tandeta e da Sra. Internauta Véia. Em minha opinião o Jazzseen é do #%¨&!}{$#@!!!

Tenho dito.

Anônimo disse...

Mr. Lester,
nunca tive duvidas disso.Eu tambem não discutiria,no bom sentido, de troca de opiniões, com alguem a quem não admirasse e gostasse.
O Jazzseen, para azar de voces,hoje em dia faz parte da minha vida. Sempre posts interessantes , muito bem escritos,inteligentes e, claro,propondo debates e discussões que por mais acaloradas que sejam são sempre num clima de respeito. Afinal um blog sem debates é muito sem graça.
Em geral crio mais calor que luz em minhas intervenções tanto aqui como "la em casa",o CJUB. Talvez tocando eu faça mais barulho que musica,apesar do diploma.
Mas fique sabendo,e o Roberto Sacardua tambem,que gostei da gozação(humor negro do bom) e aceito ,claro,de muito bom grado a carapuça do "bicão com diploma".
Abraços

Anônimo disse...

Ah, essa falsa cultura, como dizia Van Millor Fernandes Gogh.

Soube por observadores que nessa terça última, no Centro da Praia, em Vitória, frequentadores do Clube das Terças do Jazz, trocavam entre si gravações de antigos programas de uma extinta rádio AM - Cariacica, na qual rolavam programas como Música Para Seu Almoço,com Ray Conniff, Fim de Tarde com Billy Vaughan, ou, Serenata na Madrugrada com Bob Fleming.
OK.

Talvez esses carentes fossem tristes à época, sem acesso aos grupos de então. Pobres rapazes velhos.Perdão para todos.
Retornem às escolas. Retornem aos áudios.
Destruam essa porcariada.
Sigam o caminho do Jazzseem.

Pobres ouvidos.

Cretino de Creta

figbatera disse...

Não ouvi nada de tão "terrível" assim nesta gravação a ponto de causar o suicídio do Frank; mas a gozação é válida.
E mesmo sabendo serem mínimas as possibilidades, eu espero nunca ter o Sr. Scardua presente quando eu estiver eventualmente tocando em algum lugar, credo!
kkk

John Lester disse...

Prezados, eu estive no Clube das Terças nessa última terça e confirmo as informações prestadas pelo visitante Cretino de Creta.

E, prezado Olney, achei bastante lamentável a 'cozinha' que acompanha Rosolino e Candoli. Não parecem elementos de um conjunto, mas soldados adversários em uma batalha sangrenta. Mas é aquilo: cada qual com seu ouvido.

Grande abraço a todos, JL.

Anônimo disse...

Na mosca,Mr Lester,
o que me incomoda ,e muito, é que a seção ritmica parece estar tocando outra coisa ,diferente dos sopros,principalmente meu, desculpem,colega de instrumento.
Curiosidade:no Webster's Dictionary ,edição antiga ,uns 50 anos atras ,o verbete "jazz" diz o seguinte: "n. negro term for syncopated music played discordantly on various instruments". Acho que os caras do trio belga leram isso e acreditaram que era por ai o negocio.
Sou testemunha que nosso amigo Olney é um baterista sensivel e atento ao que esta acontecendo na musica,bem ao contrario do cara da gravação.Ha tempos atras deu uma canja com meu trio e mandou super bem.Acredito,Mr Lester, que mesmo seus exigentes ouvidos e os não menos do Scardua irão gostar do nosso amigo Olney tocando quando tiverem a oportunidade.
Abraços a todos

John Lester disse...

Se a música do Olney for como sua personalidade, vou gostar bastante de ouví-lo.

E cuidado: batuque na cozinha, sinhá não qué - por causa do batuque eu quebrei meu pé.

JL.

Salsa disse...

Mais uma testemunha: eu também vi os tais discos nas mãos do historiador (e provavelmente surdo) Ahmad, que salivava ao falar das tais gravações de Conniff & Fleming.
Quanto ao Rosolino, ele não merece isso.

figbatera disse...

Agradeço aos caros Lester e Tandeta os carinhosos comentários a meu respeito; é muito bom poder contar com a simpatia dos amigos.

Quanto à gravação, vamos dar os devidos descontos: feita "ao vivo", sem ensaio e tendo os jovens músicos que "enfrentar" uma dupla de profissionais tarimbados, deve mesmo ter dado uma certa tremedeira, né? rsrs...

John Lester disse...

E que tremedeira! No solo de contrabaixo até que a trêmula escovinha não perturbou muito.

Abraço, JL.