Por qual motivo um músico brilhante cometeria suicídio aos 50 anos de idade? Sonny Criss nasceu no dia 23 de outubro de 1927, em Memphis, Tennessee. Pouco se sabe sobre sua infância e formação musical, mas certamente foi um dos primeiros saxofonistas altos a absorver com louvor as lições de Charlie Parker: com seu estilo bebopper intenso e forte, atingia velocidades tão altas que era descrito por Ornette Coleman como “the fastest man alive”. Mas o que realmente chama atenção em Criss é que seu fraseado, por mais veloz que seja, nunca deixa de ser nítido e fluido, incutindo claramente cada nota em nossos ouvidos, coisa que não acontece com freqüência nos músicos do bebop. Há registro de que, aos 15 anos, muda-se de Memphis para Los Angeles. Aos 19, já tocava na banda de Howard McGhee, ao lado de Charlie Parker e Teddy Edwards. Trabalha também com Billy Eckstine, Gerald Wilson, Stan Kenton e com a turma do Jazz At The Philharmonic. Em 1956 passa a integrar o quinteto de Buddy Rich, além de liderar seus próprios grupos e tocar com várias figuras importantes do bebop, como Sonny Clark e Wynton Kelly. Em 1961 Criss parte para Paris, onde viveria alguns anos antes de retornar a Los Angeles. A partir daí, grava uma série de álbuns importantes para os selos Prestige, Muse e Xanadu. Antes de voltar à Europa em 1974, Criss dedica-se a trabalhos sociais, sobretudo auxiliando alcoólatras, bem como passa a lecionar música. Em 19 de novembro de 1977, um pouco antes de partir em turnê para o Japão, Criss é encontrado morto em sua casa. Para alguns, o tiro que o matou teria sido provocado por um acidente, mas a versão mais aceita é de que teria cometido suicídio em virtude do terrível sofrimento provocado pelo câncer de estômago que o afligia.
Para os amigos fica a singela faixa Somewhere My Love , cujos acordes são completamente despedaçados desde a introdução pelo excelente pianista Cedar Walton. Ela foi retirada do álbum The Beat Goes On!, gravado em 1968 para a Prestige, com Bob Cranshaw (b) e Alan Dawson (d). Quem quiser conhecer melhor o trabalho do saxofonista, recomendo o álbum This Is Criss!, gravado em 1966 para a Prestige, com Harold Land (ts), Walter Davis (p), Paul Chambers (b) e Alan Dawson (d).
Para os amigos fica a singela faixa Somewhere My Love , cujos acordes são completamente despedaçados desde a introdução pelo excelente pianista Cedar Walton. Ela foi retirada do álbum The Beat Goes On!, gravado em 1968 para a Prestige, com Bob Cranshaw (b) e Alan Dawson (d). Quem quiser conhecer melhor o trabalho do saxofonista, recomendo o álbum This Is Criss!, gravado em 1966 para a Prestige, com Harold Land (ts), Walter Davis (p), Paul Chambers (b) e Alan Dawson (d).
13 comentários:
sopro sinistro
Eu possuo dois discos do Sonny. Apesar de ele ser um excelente músico, eu não gostei do resultado das gravações. O registro muito agudo e uma estranha reverberação (esse último aspecto é o que mais me incomoda) tomam conta da cena. Não me pareceu ser o caso desse disco. Procurarei ouvi-lo.
Caro Scardua,
Uma excelente lembrança de um músico excepcional. Engraçado é que eu e o Sônico falávamos sobre ele no último final de semana e eu recomendei, além do This is Criss, o Complete Imperial Sessions e o Portrait of Sonny Criss.
A qualidade de som desses três álbuns me pareceu muito boa, mas outros três que possuo (Crisscraft, Sonny's Dream e I'll Catch The Sun) me soam um pouco estridentes, como disse o Salsa, com muita ênfase nos agudos.
Também tenho o Jazz In Paris - Mr Blues Pour Flirter, gravado para a Gitanes e que é muito bom, com uma ótima intervenção do órgão (a cargo de George Arvanitas, que também assume o piano em algumas faixas) e grandes versões de On Green Dolphin Street e Day Dream.
Abraços a todos!
Boa resenha Bob.Mas estridencia pode ser quase um sinônimo para a maioria dos trabalhos q ouvi de Criss.J.J.Johnson também deu um tiro na cabeça ao saber que sofria de um câncer.Não havia suportado ,anteriormente, a agonizante morte da esposa Vivian pela mesma causa.
Sr. Scardua,
otimo texto. Criss era realmente fera e é daqueles excelentes musicos que deveriam ser mais conhecidos.
Curiosidade: a composição aqui apresentada é tambem conhecida como "Tema de Lara" do filme "Doutor Jivago" ,de Maurica Jarre,autor da trilha sonora. Tanto o filme como a trilha são bem fraquinhos. Aqui Criss consegue dar uma sacudida na composição,ficou bem legal.
O baterista aqui e tambem no disco sugerido("This Is Criss") é o grande Alan Dawson ,um super musico infelizmente só conhecido pelos bateristas. Sugiro um post sobre ele pois até agora nenhum baterista foi focalizado nessa serie de grandes musicos pouco conhecidos. Tocou com muita gente boa como Dave Brubeck,Sonny Rollins, Bill Evans e outros. Vale muito a pena conhecer esse baterista que era acima de tudo um grande musico como provam as gravações deixadas por ele.Recomendo um disco ao vivo de Brubeck("We're All Together For The First Time",com Paul Desmond e Gerry Muligan)onde ha um solo dele que é uma verdadeira sinfonia.Confiram.
Abraço
Gostei deste "Tema de Lara" jazzeificado.
Reforço o pedido do Tandeta; façam uma postagem sobre o Alan Dawson.
O som do sax de Sonny Criss não é dos meus preferios, mas na época era considerado um dos sons mais potentes em termos de fraseado e intensidade. Tanto que ele era recomendado para tocar em bandas de rock'n'roll como a banda de Fats Domino, por exemplo.
Sonny Criss trabalhou muito com alguns músicos da Costa Oeste (west coast), chegando a gravar um ótimo registro com os músicos de Los Angeles chamado Birth of the New Cool, tendo ao piano o "unsung hero" Horace Tapscott. No Farofa Moderna eu escrevi uma resenha sobre o Sonny Criss ano passado e deixei dois discos para baixar:
Go Man! - Sonny Criss 1956
The Birth of New Cool - Sonny Criss 1968
pra quem quiser conferir, é um bom complemento à esse post. Taí o link:
http://farofamoderna.blogspot.com/search/label/Sonny%20Criss
Abraços!
Mr. Sônico e Mr. Pitta,
Onde posso achar gravações de Horace Tapscott? Era um cara muito interessante, como músico e educados, mas suas gravações são bissextas. Eu só tenho como sideman, no disco do Lou Blackburn (sobre o qual postei uma resenha no JAZZ + BOSSA).
Seus cds como líder são ainda mais raros.
Um afetuoso abraço a todos!!!!
Prezado Mr. Scardua, obrigado por mais uma contribuição ao Jazzseen.
Creio que os amigos já disseram o suficiente sobre esse grande saxofonista alto, merecedor de nossas homenagens.
Grande abraço, JL.
Sim, Érico! O Tapscott tinha um modo bem peculiar de improvisar. Lá no blog tem acho que dois discos do Horace Tapscott pra baixar...
http://farofamoderna.blogspot.com/search/label/Horace%20Tapscott
baixe e ouça...especialmente o The Dark Tree. Você, com certeza, vai querer adiquirí-lo. Se quiser comprá-lo, sugiro procurar em todas as lojas on lines: amazon, e-bay, CDuniverse e no site da Nimbus Records e Hat Hut, dois dos selos por onde ele passou.
Abrax
Caro Vagner,
Acredita que no Amazon não há um único disquinho do Tapscott. O jeito vai ser dar uma de Sônico e garimpar na rede.
Muito obrigado pelo link. Vou ouvir com atenção.
Abraços!!!!
Sem querer me peguei pensando: como existiam tantos musicos da costa oeste que tocavam bebop tão extraordinariamente bem? Arrisco-me a dizer que nada tem a ver com as diferenças geograficas,climaticas e culturais entre LA e NY. O tal "West CoasT Jazz" é todo registrado em muito melhor qualidade de gravação que o bebop original (Parker,Gillespie,Powell)que foi gravado na decada de 40 . Em muito pouco tempo a qualidade mudou da agua pro vinho:invenção do LP, invenção do transistor,melhores microfones e melhores estudios,de uma maneira geral. Uma parte da "suavidade" e menos agressividade da tal sonoridade "West Coast" é pura e simplesmente resultado de melhor qualidade de gravação. Claro que houve uma evolução do bebop original em termos puramente musicais ,principalmente nas composições. Essa viajem entre as duas costas foi muito saudavel para o idioma bebop.
Abraço
Por onde andará Mr. Tandeta?
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