06/10/2009

Samba também é jazz - Hendrik Meurkens

Já fomos apedrejados diversas vezes durante estes três anos de luta em favor do jazz. Nunca soubemos quem atirou a primeira, mas a pedrada mais certeira foi desferida no dia em que firmamos a tese de que samba também é jazz, verdade apurada de forma empírica, é certo, através de longos anos de experimentos em bares suspeitos, clubes enfumaçados e becos soturnos. Mr. Bravante, um dos menos ortodoxos editores do Jazzseen, chegou a determinar teoricamente a relação íntima entre as linguagens musicais do jazz e do samba, relacionando o classic jazz e o dixieland com o chorinho, o bebop e o west coast jazz com a bossa nova e o free jazz com o axé e a jovem guarda. Sua interessante obra, contudo, jamais foi publicada adequadamente, encontrando-se esparsa em seus diversos endereços (Mallorca, Vila Isabel e New Orleans). De nossa parte, só nos resta reafirmar que samba também é jazz, samba também tem swing, também faz a gente 'sacudir' por dentro e seria bobagem negar que o samba, assim como o jazz, nasceu da hermenêutica negra operada sobre os conceitos musicais disponíveis em suas senzalas e arredores. E uma das testemunhas trazidas em nossa defesa é Hendrik Meurkens, vibrafonista e gaitista alemão capaz de rivalizar em técnica e sentimento com o mestre isolado da harmônica no jazz: o violonista Toots Thielemans. Hendrik nasceu em 1957 e tocava apenas o etéreo vibrafone até que, aos dezenove anos, ouve Toots tocando gaita e passa a experimentar o instrumento. Após estudar em Berklee, Hendrik passeia algum tempo pelo Brasil, na década de 1980, apaixonando-se por nossa música e gravando para o selo Bellaphon. De volta à Alemanha, fixa-se em Berlim, trabalhando em estúdios, gravando com a Danish Radio Orchestra e liderando seus próprios conjuntos de latin jazz, além de gravar com uma série de músicos importantes como Charlie Byrd, Manfredo Fest, Herb Ellis, Buddy Tate e Harry 'Sweets' Edson. Como líder, as gravações também são relevantes, sobretudo para os selos Concord e Zoho. Para os amigos navegantes deixo a faixa Vamos Nessa , gravada ao vivo em 2005 no Cecil's, clube de jazz que fica a poucos quarteirões da casa de Hendrik, em West Orange, New Jersey. Com ele estão os competentes Jed Levy (f, ts), Gustavo Amarante (b), Adriano Santos (d) e o excelente pianista Hélio Alves que dá um show à parte. E quem não sacudir que atire a primeira pedra!

30 comentários:

Paula Nadler disse...

Eu já estou balançando. Beijo.

thiago disse...

piano nocivo

Marília Deleuz disse...

Que gostoso, queria ouvir o disco todo... rs

bju!!!

pituco disse...

piramidal...swingueira rolando solta...grande energia e mood brazuca...delicioso!

abraçsons pacíficos

LeoPontes disse...

É estilo de som que todo contrabaixista brasileiro que empunha com o coração quando improvisa fazem os jazzistas offshore
ficarem com agua na boca de quero mais. Esse pianista é fantastico.Que harmonia e destreza. Toca fácil.

Abrçs

Internauta Véia disse...

Consegui,aqui onde me encontro prisioneira, num lugar onde todas as despensas e geladeiras têm cadeados e um fiel serviçal sempre à postos, prontinho para segurar alguém mais deseperado que tente destrui-los, consegui, como dizia,um computador para visitar o Jazzseen...infelizmente,sem som! Tenho certeza que esta faixa ia me dar forças para continuar minha saga!
Enfim...

Predador-. disse...

E aqui vai minha pedrada, bem na testa desse JL. Que samba é jazz o escambau!!!

figbatera disse...

Vade retro, Predador, o JL está certíssimo:
SAMBA TAMBÉM É JAZZ!!!

Andre Tandeta disse...

Mr.Lester,
som muito bacana. Helio Alves é ,ja ha algum tempo,um musico de jazz de nivel internacional.
Tenho a impressão de ter conhecido esse cara,o Hendrik.Mas com o HD ja fora da garantia nada posso assegurar. Pode ser que ele pareça com alguem ,que tambem não sei quem é. Pro Sr. ver o estagio de minha degradação mental. Talvez muita bateria e pouco vinho.

Abraço

Salsa disse...

Prezado Lester,
Sonzaço. Hélio Alves é phoda. Ouvi-lo em Ouro Preto foi uma das boas coisas deste ano que passa.
As teses de mr. Bravante são realmente interessantes, especialmente aquela que liga axé/free/jovem guarda.
Valeu o post (a meninada do pedaço adoraria ouvir isso).

John Lester disse...

Prezados amigos, sempre gentis, obrigado pelas admoestações de apreço. De fato, com visitantes como vocês, quem precisa de uma boa pedrada é nosso amigo Predador.

Se eu estivesse no melhor spa do ES, como nossa amiga internauta véia, poderia muito bem contrabandear algumas guloseimas que fizessem com que os dias passassem melhor. Verifique por cima do muro, cara amiga, se não há algum traficante de quindins à espreita.

E, Mr. Tandeta, sinto ratificar que a grande maioria dos homens e dos vinhos não melhoram com a idade. Cruel.

E desconfio que Jed Levy, o saxofonista do álbum, é primo de Mestre Edù. Certo?

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Capitão Lester,
Não dá para ouvir o som, mas o atestado de garantia e excelência Hélio Alves já diz tudo.
E samba é jazz sim senhor - da mesma forma que o jazz dá samba.
O Wagner Tiso, com seu último belíssimo disco, que o diga.
Seu Mr. Predador, que que é isso - João Gilberto é a síntese desse belíssimo encontro de estilos irmãos!!!!
Abraços pinheirenses a todos!
"Eu sambo mesmo, com vontade de sambar..."

edú disse...

Na concepção de q o samba seguramente : o mais rico e sólido estilo musical de nossa cultura brasileira, sim ,ele, indiscutivelmente, é jazz.Portanto jazz é samba, tanto na Lapa, no Morro do Vidigal,na penumbra de New Orleans ou padecendo na impiedosa brisa polar de uma Chicago excluída da promoção do evento olímpico.Para isso fez efeito a mais sofisticada contribuição musical - tanto a brasileira como a estadunidense - produzida em favor de sua própria nação.Quanto ao Primo Levi, escritor italiano de origem judia perseguido pelo Holocausto como prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz, não guarda parentesco diretamente ou indiretamente com minha pessoa.

pituco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abílio disse...

Cadê a gaita???

PREDADOR.- disse...

OS CARAS VEM, DIZEM BESTEIRA, ASSUMEM MEU PSEUDONIMO E EU LEVO PORRADA. TUDO BEM, VOU FAZER O QUE??? UM IMBECIL APRESENTA-SE (EM 06.10.09) DÁ UMA "PEDRADA" EM MR. LESTER, DIZ UMAS BESTEIRAS E EU PAGO O PATO. COMO DEVO ASSINAR???PREDADOR O VERDADEIRO, PREDADOR O ORIGINAL???? FICA O MEU PROTESTO A ESSES ELEMENTOS SEM PERSONALIDADE, QUE APROVEITAM-SE DO ANONIMATO PARA DIZEREM COISAS QUE EU JAMAIS DIRIA.

John Lester disse...

Prezado Predador, fico bastante aliviado qnão tenha sido você o autor da primeira pedrada. E não fique triste, a democracia tem dessas coisas e, infelizmente, o Jazzseen não admite qualquer tipo de censura aos comentários dos visitantes.

Mas, e então, qual sua opinião sobre o samba também ser jazz?

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Pô,um Predador já impõe respeito.
Dois então, só chamanddo a Enterprise.
Para diferenciar o verdadeirro do falso:
aquele que apresentar nos comentários todas as formações dos Jazz Messengers, ano a ano, disco a disco, tá aprovado como o temível invasor intergalático.
Tá bom assim?
Abração a todos!
PS.: E Seu Mr. Edú, "Se não agora, quando?" é fenomenal - grande Primo (que também não guarda qualquer relação de parentesco com a minha modesta pessoa).

John Lester disse...

Prezado Mr. Cordeiro, V. Exa. já é nosso Machado de Assis do jazz. Eu, pobre e suburbano, sempre me identifiquei mais com o revoltado e louco Lima Barreto e, há quarenta anos, tento seguir suas pegadas, sem sucesso, obviamente.

Mas não exija tanto de nosso amigo Predador, esse não humano para quem o jazz resume-se ao west coast e mais dois ou três músicos da costa leste.

Grande abraço, JL.

pituco disse...

mr.lester,
valeô a visita lá no meu 'rancho' virtual...há resposta por lá.

deletei comentário anterior(má redação)e reitero nesse aqui...

alguns sambistas aproximam-se do jazz...mas,quase nenhum jazzista consegue tocar samba...rs

é isso aí,
abraçsons

Anônimo disse...

Lester,
Adorei! Como sempre....
Beijos

PREDADOR.- disse...

Sr.Lester, sou bastante radical em matéria de música, especialmente quando trata-se de Jazz. Gosto de separar as coisas: samba é samba, tango é tango, jazz é jazz, etc... Isto não invalida o trabalho de Meurkens nem a aproximação ou uma mistura de elementos musicais. Tanto é que, só para citar um exemplo, na época da bossanova, se não me falha a memória, apareceu o conceito de samba-jazz. Não é de meu agrado total mas "suporto" este tipo de misturas numa boa.
Quanto a proposta do sr.Cordeiro, acredito não ser a melhor maneira de identificar "Predadores". Hoje com a internet qualquer "zé mané" vai lá e acha tudo. Não que desconheça o trabalho de Art Blakey e os Jazz Menssengers, desde os idos com Horace Silver, Junior Cook... depois com Jackie McLean, Sam Dockery... depois com Walter Davis Jr.. Bob Watson...e até suas últimas formações com Wynton Marsalis. É muita coisa, mesmo para um "temivel invasor intergalático". A discografia dos Jazz Messengers é bastante extensa, desde a sua primeira formação, durou vários anos e com uma diversidade de músicos muito grande. Explicitar tudo isso seria a mesma coisa que solicitar a identificação por nome e endereço dos soldados que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Fico lhe devendo esta sr.Cordeiro!

John Lester disse...

Esse é o Predador que eu conheço!

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Tô mais do que satisfeito, Seu Mr. Predador (o Vero).
E também estou sentindo sua falta pros lados do JAZZ + BOSSA.
Quando aterrisará por aquelas bandas?
Quanto à machadiana comparação, digamos que a distância é muito maior (pelo menos um milhão de vezes) do que a separa Richard Claydermann de Bud Powell.
Abraços fraternos a todos!!!!

edú disse...

Seu Pituco,

o sr. precisa se informar a respeito do Cliff Korman,Jeff Gardner e do Scott Feiner e seu original "pandeiro jazz project".Talvez isso lhe permita, respeitosamente, reformar sua opinião.

Andre Tandeta disse...

Mr.Lester,
o Jazzseen continua sendo um lugar interessantissimo mas não mais do que o seu Comandante em Chefe, o Sr. mesmo. Fico abestalhado com seu raciocinio certeiro como uma flexa e sempre surpreendente. E os amigos de sempre,Edú,Erico,Predador(The Real One) não deixam por menos.
Quanto a discussão se isso é aquilo ou vice versa acho de muito pouca importancia. O tema aqui tocado brilhantemente por esse quinteto de alto nivel é na verdade nada mais nada menos que um blues. Em qualquer lugar do mundo musicos de jazz sempre tocam blues,em qualquer ritmo,no caso aqui é samba.Ja viram que o buraco é mais embaixo. E o sensacional Helio Alves com seu fraseado riquissimo mostra por A+B que, como dizia Tim Maia,tudo é tudo e nada é nada. De New Jersey até a Ucrania "blues is evreywhere".
Parabens Mr.Lester e parabens amigos do Jazzseen,voces são o maximo!
Araços a todos

Andre Tandeta disse...

OPSS!!!
..." blues is everywhere"...
Grato

Unknown disse...

toots mcfarland ou gary thielemans

John Lester disse...

Exatamente Mr. Tandeta. O negócio é manter-se em posição estratégica, de modo que seja possível sair de fininho antes que o garçon traga a conta. No more blues.

E seja bem-vindo Mr. Müller, talvez parente de nosso sulino amigo Olmiro.

Grande abraço, JL.

Ronaldo Gazzinelli disse...

Salve! Por acaso existe algum link so we can download esse sonzão? Hello!!!!! Saúde prá todos!