03/12/2009

Lenda Viva: Nathan Davis

Absolutamente nada sobre ele no The Penguin Guide to Jazz Recordings, nona edição. Idem no All Music Guide, quarta. Um dos maiores saxofonistas do Hard Bop que persevera incógnito. Nathan Davis nasceu em 1937, em Kansas City. Saxofonista tenor do Hard Bop e do Post-Bebop, iniciou a carreira aos 17 anos, tocando trombone. Após trabalhar com Jay McShann, Nathan seria um dos raros homens a integrar a International Sweethearts Of Rhythm, banda formada quase que exclusivamente por mulheres. Durante o período em que estuda na Kansas University, forma um grupo com o trompetista Carmell Jones. Entre 1960 e 1963, Nathan presta o serviço militar, em Berlin. Mantendo-se na Europa, trabalha com Kenny Clarke, Art Taylor e com o revolucionário saxofonista Eric Dolphy, participando de suas últimas gravações, realizadas para a rádio francesa ORTF. Em 1965, parte em turnê pela Europa com o Jazz Messengers, de Art Blakey. Após gravar uma série de álbuns para pequenos selos europeus, contando com músicos como Woody Shaw, Larry Young, Mal Waldron e Hampton Hawes, em 1969 retorna aos EUA para lecionar na Pittsburgh University.

Na década de 1970, Nathan grava alguns álbuns para os selos Segue e Tomorrow International. Em 1985, forma a Paris Reunion Band, com músicos como Johnny Griffin, Kenny Drew, Nat Adderley, Dizzy Reece e Slide Hampton, entre outros. Na década seguinte, forma o conjunto Roots, com o qual grava e realiza turnês. Embora também domine a flauta, o clarone e o saxofone soprano, sendo um dos mais interessantes intérpretes modernos de baladas, infelizemtne Nathan não tem seu trabalho distribuído regularmente, contando com poucos álbuns disponíveis no mercado, entre eles Rules Of Freedom, uma homenagem a John Coltrane gravada em 1967 e lançado pelo selo inglês Hot House. Para os amigos, a faixa B's Blues , retirada do álbum The Hip Walk,  gravado em 1965 para o selo alemão Saba, período em que Nathan vivia em Paris com sua esposa alemã. Trata-se de um hard bop de excelente qualidade, contando com músicos então radicados na Europa: Carmell Jones (t), Francy Boland (p), Jimmy Woode (b) e Kenny Clarke (d). O álbum, lançado pela MPS, foi editado em CD pelo selo Motor Music em 1998.

12 comentários:

PREDADOR.- disse...

Muito bem mr.Lester, depois da Paula não sei lá o que argentina você se redime com esta postagem do Nathan Davis, acompanhado pela "fera" Carmell Jones (melhor que Miles Davis). Agora sim, estais no cominho certo.

thiago disse...

soprano sinistro

Salsa disse...

Grande garimpador. Veio ao encontro da minha mais recente paixão: o soprano. Valeu o post.

PREDADOR.- disse...

No primeiro post onde se lê ....no cominho certo, leia-se ... no caminho certo. Correção feita.

APÓSTOLO disse...

Prezado JOHN LESTER:
Por favor nada de correções no que escrevo a seguir, apenas de "ajustes" em relação às minhas anotações.
NATHAN DAVIS nasceu em 15 de fevereiro de 1937 mas iniciou-se profissionalmente aos "16" anos na banda de JAY McSHANN (isto é, ainda mais precoce que o indicado em sua excelente resenha).
Essa gravação de 1965 remete NATHAN à memória do primeiro grupo ao qual se integrou após McSHANN, conforme sua resenha o de CARMELL JONES, que participou de show universítário ("Jayhog Jamboree"), show esse que realizou temporada na Europa.
É importante seu trabalho de mostrar, para todos nós, músicos do quilate de NATHAM, tão descuidados pelas gravadoras, mas com tanta importância musical.
Parabéns, mais uma vez !

John Lester disse...

Prezados amigos, obrigado por confirmarem minha suspeita: 1) Nathan é realmente um grande músico e 2) no jazz, o soprano vai além de Bechet e Coltrane.

E, Mestre Apóstolo, considero você já um colaborador do Jazzseen - e que colaborador! Suas 'notas de rodapé' enriquecem tremendamente nossas resenhas. Obrigado.

Grande abraço a todos, JL.

Tobias Serralho disse...

Por essas e outras é que passo aqui sempre que posso. Mais um músico que desconhecia e, ao que tudo indica, merece ser ouvido com atenção. Obrigado Lester!

Andre Tandeta disse...

Mr. Lester,
excelente gravação.
Bacana o contraste de estilos entre o lider e o trompetista Carmell Jones.
Nathan Davis é um mestre no uso do vocabulario "coltraneano" no sax soprano,instrumento dificilimo que ele domina totalmente. Carmell Jones me lembrou muito nessa gravação o saudoso Freddie Hubbard,sem a pujança desse mas com muito swing e um lindo som.
E um blues é uma das melhores maneiras de saber "quem é quem". Nesse caso aqui eles são.
Abraço

John Lester disse...

E que tal o Kenny Clarke? Um dos meus bateristas preferidos do bebop, um pioneiro discreto, sem aquela exuberância de Roach.

Grande abraço, JL.

Andre Tandeta disse...

Mr. Lester,
mesmo com a bateria meio "escondida" na mixagem(é só comparar com o volume dos outros instrumentos),do tipo que o Salsa gosta, da pra ver o Mestre em ação com a elegancia e o swing que lhe são peculiares. Alias Kenny Clarke é um baterista muito pouco presente em minha discoteca,veja só o Sr. quão pobre ela é. Aceitaremos agradecidos os donativos.
Abraço

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Adoro este disco de Nathan Davis, um craque inexplicavelemente "underrated". Carmell é outro fera, aliás nesta sessão ninguém é bobo.

Parabéns pela escolha

Ô¬Ô

Érico Cordeiro disse...

Preclaros,
Onde acho essa pérola? Cheguei a encontrar discos do Nathan Davis a inacreditáveis 300 dólares no Amazon.
Parafraseando o presidente Viajando Henrique Cardoso: assim não dá, assim não pode!
E esse The Hip Walk não achei mesmo!