24/12/2010



Lá no início, nos seus primeiros quatro séculos de existência, a Igreja Católica preferia comemorar a morte ao invés do nascimento. Afinal, morte e culpa eram coisas sérias e lucrativas naqueles bons tempos, onde a venda de indulgências (perdão católico) garantia o vinho de boa safra aos bons padres. Com o tempo a coisa foi virando bagunça e o preço absurdo do garrafão de tinto obrigou a Igreja, muito a contragosto, a comemorar também a vida e o nascimento das pessoas. Ok, eu sei que foi uma grande derrota para os sombrios e taciturnos monges que, esfregando as mãos umas nas outras e sorrindo nervosamente, dedicavam toda a vida estudando e reverenciando a morte e a culpa. Mas a pressão dos pagãos e dos camelôs da Uruguaiana tornou inevitável a aceitação do Natal pela Igreja. O Natal nada mais é que uma ficção histórica rendosa, dado que ninguém sabe de fato quando Cristo nasceu. Alguns dizem que teria sido no dia 6 de janeiro. Mas não há nada nas escrituras sobre isso e o mais provável é mesmo que Jesus não tenha nascido em dezembro. Mas quem se importa? O dia 25 de dezembro foi escolhido apenas porque era a data de uma grande festa pagã (Natalis Invicti) que comemorava o nascimento do Sol. Era uma festa alegre e cheia de comes e bebes. Sendo assim, Constantino e o alto escalão da Igreja viram na data idólatra uma ótima oportunidade para se angariar devotos e, por conseqüência, vender indulgências e coxinhas de galinha. Foi nessa época que surgiu a famosa promoção de Natal: pague 3 e leve 2. Com aquela coisa de presentearem-se uns aos outros, nem mesmo os judeus reclamaram muito da festa, exceto os mais ortodoxos (quando eram obrigados a comprar algum presente sem a certeza de receber outro). Não seria mau se a Igreja Católica adotasse o jazz em suas celebrações natalinas. Talvez até rolasse a eleição de um Papa negro para animar o Vaticano. Aí, então, a festa estaria completa. Eu pagaria satisfeito para ouvir Miles Davis tocando dingo bel, dingo bel, acabou o papel...

12 comentários:

John Lester disse...

Prezados amigos, desejo a todos um Feliz Natal e um 2011 repleto de felicidade!

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Meu caro Capitão Lester,
Desejo a você e a todos os amigos do Jazzseen um ótimo Natal, com muita paz, harmonia, saúde, alegria, presentes e coxinhas de galinha (tenho certeza de que indulgências não serão necessárias).
Que em 2011 possamos continuar na trilha do jazz e da música de qualidade e que possamos realizar todos os nossos desejos, inclusive o de ouvir Miles Davis (sempre ele) nos púlpitos e sacristias!
Um fraterno abraço!

pituco disse...

master lester,

apesar do texto bacanudo, não desfaça os sonhos inocentes e pueris...há momentos em que gostaria de acreditar em papai noel...rs

já desejei a ti e à equipe do jazzseen, no post abaixo...mas reitero

merry x'mas and happy new year
saúde, paz e muito jazz

abraçsons

Internauta Véia disse...

Não há como contestar o texto de Lester, e como criancinhas não lêm o JAZZSEEN, tudo bem! Nossos corações e mentes aguentam enfrentar a verdade...e só nos resta aceitar que o Natal é uma boa oportunidade para confratenização estre amigos, pessoas que se amam e sempre ficam felizes quando se encontram...
Feliz Natal, um Ano Novo legal, para o pessoal do JAZZSEEN!

Internauta Véia disse...

PS. Gostei das ilustrações...!

Rogério Coimbra disse...

Nada a admoestar, apenas torcer que este Natal não seja chato, melancólico ou muito consumista.

Quero amigos por perto já que meus DNAs estão longe.

Desejo mesa farta, sem ressaca para todos fanáticos seguidores de Mr. Lester.

.Edinho disse...

Paz ! Saude! Prosperidade! Amor ! bla, bla, bla e bla bla bla !

Então, para você eu desejo, todas as cores da vida , todas as alegrias que puder sorrir , todas as músicas que puder se emocionar,que os amigos sejam seus cúmplices , a família esteja mais unida e que sua vida seja mais bem vivida ...

figbatera disse...

Pois é, a vida é feita tb de ilusões...
Então, é aproveitar o momento (o pretexto) e confraternizar.
E viva o JAZZ!

Salsa disse...

O que vai à mesa, meu caro? E a carta de vinhos? Fartura, espero.
Boas festas

MARIO JORGE JACQUES disse...

Prezado Lester que tenha passado um excelente Natal e que 2011 seja de paz e saúde para a contínua batalha que é divulgar o jazz e os maravilhosos vinhos.
Um grande abraço
Mario Jorge

Anônimo disse...

Se o papa fosse bebop, seria até mais pop, né?
O Natal s/ duvida seria melhor.M. lESTER poderia enviar mensgens p/ o vaticano c/ sugestões de alguns jazzmen critãos q merecessem ser gravados.
Feliz Natal e um 2011c/ boas musicas e ieias p/ tdos nós

João Luiz disse...

Após aquela confraternização de Natal fantástica do dia 18, venho agora desejar a você Lester e a todos os amigos de seu blog, um feliz ano novo, buscando sempre renovações, animo redobrado e esperança de melhores perspectivas em nossas vidas. Continuaremos "decifrando o jazz" em 2011!