Embora eu já tenha ido três vezes a New Orleans, somente em uma das ocasiões visitei Baton Rouge, a agradável capital do úmido estado da Louisiana. Meus dois principais objetivos eram visitar algumas belas e antigas plantations existentes em torno da cidade, verdadeiros marcos históricos do modelo escravista adotado nos primeiros séculos de ocupação do estado. E, depois, conhecer a Southern University, uma universidade fundada em 1890 e voltada essencialmente para alunos negros - sim, por lá eles se organizam bem. Entre uma visita e outra, a fome bateu e procurei algum local simples, onde pudesse comer uma rápida comida caseira. Por sorte, fui ao lugar certo: Christina's. Após lambuzar-me com um espetacular feijão vermelho com paio, pão de milho e galinha frita, fiz questão de agradecer pessoalmente a Debra Ely, responsável pela excelente cozinha da casa. Nascida em New Orleans, a sorridente Debra trabalha há mais de 17 anos para o Christina's, localizado na Rua St. Charles. Foi também durante o almoço que ouvi o álbum Joe Darensbourg and His Dixie Flyers, gravado ao vivo em 1957 no The Lark Club, em Los Angeles. Joe nasceu em Baton Rouge, em 1906. Aos 14 anos já tocava clarinete em bandas locais de New Orleans, ao lado de músicos como Buddy Petit, Fate Marable e Jelly Roll Morton. Aos 19 anos, já em Los Angeles, Joe passa a integrar a banda Jeffersonians, liderada pelo trompetista Mutt Carey. Na década de 1930, Joe passa a tocar também o saxofone soprano, atuando em diversas bandas de Seattle, Vancouver e da Costa Oeste. Nesse período, tem como aluno o saxofonista Dick Wilson que mais tarde integraria a banda de Andy Kirk.
Com o revival do jazz tradicional ocorrido na década de 1940, baseado no estilo New Orleans, Joe ajuda a estabelecer os fundamentos do estilo Dixieland, atuando com instrumentistas como Johnny Wittwer, Kid Ory, Joe Liggins e Wingy Manone até que, em 1956, forma sua própria banda, a Dixie Flyers. Além de presença constante nos shows promovidos na Disneylandia, onde atua com o conjunto Young Men of New Orleans, Joe trabalha durante 3 anos com Louis Armstrong, participando da gravação do álbum Hello Dolly! Embora acometido de problemas cardíacos, Joe trabalhou até sua morte, ocorrida em 1985. Um dos clarinetistas mais formidáveis dos estilos New Orleans e Dixieland, comparável a instrumentistas como Albert Nicholas e Barney Bigard, Joe dominou como poucos a técnica do 'slap-tongue', tornada clássica em sua versão de Yellow Dog Blues, gravado em 1958.
Para os amigos, fica a faixa Blues For Al, retirada do álbum a baixo, com Mike Delay (t), Warren Smith (tb), Harvey Brooks (p), Al Morgan (b) e George Vanns (d).
12 comentários:
Ótimo grupo, Darensbourg é realmente muito bom e o feijão... deu água na boca.
Abraços
Mario Jorge
Lester, como sempre, em boa companhia.
Tem coisa mais maravilhosa que o blues? Ainda mais com um contrabaixo sendo tocado com o arco!
Fantástico, Mr. Lester!
Estamos chegando - acho que vou conseguir convencer meu compadre Celijon a ir!!!!
Abração!!!
Prezados amigos, após um polpettone à parmegiana na cantina Jardim de Napoli e centenas de lascas de primeiro corte de picanha na churrascaria Fogo de Chão, confesso não estar com água na boca. Pelo menos agora.
Agradeço aos amigos os gentis comentários e, Mr. Cordeiro, dia 18, já de volta a Vila Velha, iniciarei os preparativos para o bacalhau de boas-vindas. Tentarei levar dois amigos saxofonistas, Salsa e Colibri, para o evento gastronômico.
Grande abraço, JL.
Ah, sim, querida Internauta Véia, muito cuidado com sua viagem ao Havaí. Parece que há dois tsunamis previstos para os próximos dias na região. Talvez seja melhor permanecer em Los Angeles. Afinal, por aí também tem Fogo de Chão...
Grande abraço, JL.
Mr.Lester, falou serio?
Tenho procurado na internet, inclusive no FB do Guilherme Tamega, que mora no Hawai, mas ele nao postou nada...nao vi nada que falasse em tsunami por la...
Se puder, de uma ligada para ca, deixei minha caderneta de tel. em casa...
Prezada IV, como você sabe, estou em São Paulo, sem o telefone daí. Pedirei à Cláudia que telefone, passando notícias.
Os tsunamis previstos para o Havaí são noticiados pelo amigo Pituco, em seu blog. E o Bom Dia Brasil, na sexta passada, disse algo sobre tsunami no Havaí e norte da Califórnia, que já declarou estado de alerta.
Contudo, creio que as melhores fontes de informação devem estar aí mesmo.
Beijo e cuidado!
Caro Lester
Parabéns pelo álbum escolhido.
New Orleans/Dixieland é uma linguagem de execução jazzística, clássica, por isso não pode ser considerada arcaica, como afirmam muitos "analistas" de jazz que andam por aí. Abraços.
Bela gravação, com toda a sintaxe de N.O.
Darensbourg é sempre bem-vindo, mais ainda ao vivo, em que a emoção sempre acompanha a execução.
Prezado Mr. Muller, bom vë-lo novamente por aqui. Infelizmente nem todos podem ouvir um bom dixieland ao vivo nas ruas e bares de nõrlins. Impossivel nñao se emocionar.
Grande abraço, JL.
Recado de mr.Lester para mr.Cordeiro, em 13 de março:...."dia 18, já de volta a Vila Velha, iniciarei os preparativos para o bacalhau de boas-vindas. Tentarei levar dois amigos saxofonistas Salsa e Colibrí,".....E aí Lester, não vai me convidar não??? Vou descobrir dia, hora e vou "bagunçar" este evento gastronômico com meu infalível "detonador digital atômico". Vai voar saxofone p'ra todo lado, inclusive o seu.
Prezado Predador, devido aos cortes no orçamento, o número de convidados será limitado. Contudo, creio que poderemos ampliar o leque de comensais caso alguma verba extraordinária seja aprovada pelo CTF (Clube das Terças-Feiras).
Grande abraço, JL.
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