28/04/2011

Go, Boy, Go - Frankie "Sugar Chile" Robinson

Mulheres têm que ter mãos grandes e crianças têm que brincar, era assim que eu costumava pensar até conhecer Frankie "Sugar Chile" Robinson, um piralho que começou a tocar piano antes mesmo de conseguir alcançar o teclado do instrumento. Nascido em 1938, em Detroit, foi o primeiro de sete filhos de Clarence e Elizabeth Robinson. Ainda criança, torna-se um viciado em cubos de açúcar, aplicados pela mãe para acalmar a peste - veja os olhos do moleque na foto ao lado - recebendo, assim, o doce apelido. Segundo o insuspeito depoimento do pai, Frankie já tocava algumas músicas aos dois anos, mas o certo é que aos sete já reproduzia qualquer coisa que ouvisse no rádio e  vence um concurso de talentos no Michigan Theatre.  Nessa época, conhece Lionel Hampton, que o convida para acompanhá-lo em suas turnês, o que não acontece em função da legislação trabalhista  em vigor. Contudo, chega a se apresentar com Hampton numa transmissão de rádio das Forças Armadas, tornando-se conhecido para o grande público. Ainda em 1945, parte para Hollywood, onde gravaria Caldonia, grande sucesso de Louis Jordan, para o filme No Leave, No Love. O convite para assinar um contrato de longa duração com a MGM é recusado pelo pai, o que não impede que sua fama chegue a Washington, onde é convidado a tocar para o presidente Harry Truman. Aproveitando a viagem, Sugar apresenta-se no Regal Theater, em Chicago, chegando a contratar Sammy Davis Jr. e Dorothy Dandridge como figurantes.

Em 1946, o faturamento de Sugar alcança os US$148,000.00, nada mal para um menino de oito anos de idade trabalhando em plena Segunda Guerra Mundial. Em 1949, Sugar assina seu primeiro contrato, com a Capitol. Sua primeira gravação, Numbers Boogie, conta com a participação do contrabaixista Leonard Bibbs e do baterista Zutty Singleton, alcançando o quarto lugar na Billboard. Daí para frente, mesmo com uma voz pouco dotada, Sugar conquista o respeito do público e dos músicos, tocando com mestres como Count Basie e Billie Holiday. Além disso, apresenta-se em Cuba e na Inglaterra.

Muito velho para continuar a surpreender e muito novo para se estabelecer como artista, Sugar percebeu que sua infância já havia passado. Era hora de, ao menos, o adolescente investir nos estudos. Terminados com êxito os estudos regulares, obtém o PhD em psicologia na Universidade de Michigan, mantendo-se distante da música até 2003, quando faz curta apresentação. Em 2007, reaparece rapidamente em Detroit e na Europa.

Se hoje Sugar é conhecido pelos norte-americanos, não é por ter sido um menino prodígio que passou a infância sem brincar, tocando blues, mas sim por ter sua versão de Go, Boy, Go utilizada no comercial de roupas da Dockers, loja bastante popular naquele país. Para os amigos do blues, ficam a faixa Go, Boy, Go e dois vídeos, o primeiro com a gravação de Caldonia e o segundo com Count Basie. Go!





        

E, quanto às mulheres, que tenham ao menos uma mão grande ou, vá lá, duas pequenas.

15 comentários:

Carol Barros disse...

Que show de blog!!!
Parabéns.. Adorei!!!
Estou te seguindo =)

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Prezado John Lester:

Pura maravilha (resenha e faixas postadas), que o canastrão do Van Johnson não consegue macular.
O "garoto" era um "gigante".

John Lester disse...

Prezada Carol, seja bem-vinda ao nosso blog.

E, Mr. Cardoso, o que seria de nós sem as terríveis comédias românticas de Hollywood?

Grande abraço, JL.

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Prezado JOHN LESTER:

Sem as comédias românticas teríamos perdido toda cultura, referências, beleza, classe e muito mais.
Mas que o VJ era um baita canastrão, lá isso era.
O contraste entre ele e "la Taylor" no "A Última Vez Que Ví Paris" é terrível.
Em função de "pequenos detalhes" de desinformatização (como diria Magri), passei de "apóstolo" a "grupolet".

Naura Telles disse...

Muito fofo!

Beijo

thiago disse...

bizarro

Internauta Véia disse...

Que maravilha!

O garoto é demais...a carinha dele e os olhos de jabuticaba... como é bom ve-lo tocando e cantando!

Adorei, fico alegre vendo o geniozinho!

Obrigada e parabéns, Mr. Lester!

Érico Cordeiro disse...

Seria o Michel Jackson do blues?
Grande descoberta, Seu Mr. Lester.
Liguei prá você ontem - registre o número do meu novo celular, ok?
Abração!

John Lester disse...

Prezada Internauta Véia, por falar em jabuticabas, o Brasil está mais velho e menos branco: é o que diz o novo censo.

Prezado Mr. Cordeiro, anotado.

Grande abraço, JL.

PREDADOR.- disse...

Queria ter um filho assim!. Garoto bom no piano e bom de blues. Valeu mr.Lester.

John Lester disse...

Prezado Predador, até onde sei, se o senhor tivesse um filho como ele, creio que haveria um grande rebuliço na paternidade.

De qualquer forma, o garoto sabe tudo. Pena que foi estudar psicologia. Coisa de doido.

Grande abraço, JL.

Internauta Véia disse...

Mr. Lester, estou ajudando no ítem " Brasil mais velho"...

John Lester disse...

Minha cara Internauta Véia, creio que sua participação não tem sido levada em conta, tendo em vista que, além de mais escuro e mais velho, o Brasil está ficando também mais masculino.

Apesar de todas as atrocidades sofridas, estamos reagindo bravamente à ditadura das mulheres!

Grande abraço, JL.

Internauta Véia disse...

?????????

MARIO JORGE JACQUES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.