Quem olha para a moça da foto nunca poderia supor que se tratasse de uma grande trombonista do jazz. E, de fato, ela não é. Naura é apenas nossa simpática amiga e atual responsável pelo marketing e pelo novo designe do Jazzseen, todo ele projetado sobre macios lençóis brancos de algodão 800 fios. Enquanto desarrolhava um esforçado exemplar de pinot noir, safra 2008, produzido pela RAR, Naura comentava como são bonitas as trilhas sonoras dos filmes de Clint Eastwood, aquele bonitão que matava todos os bandidos com seu imenso 44 magnum. Sim, Naura adora a cepa pinot noir que, segundo ela, é mais macia e delicada que a selvagem cabernet. Nisso chega Paulinha, ou Paula Nadler, editora de moda e folclore do Jazzseen, com o dvd Bird, um dos tantos filmes dirigidos por Clint. Lester então pede vênia para tecer alguns daqueles seus imensos comentários, começando pelo Pinot Noir RAR: Sim, o vinho é um dos varietais que melhor se adapta à região de Campos de Cima da Serra – Muitos Capões – RS, onde se encontram os vinhedos de Raul Anselmo Randon, situados a uma altitude de 1.000m, beneficiando-se do clima diferenciado que está entre os mais frios do Brasil. Envelhecido durante um ano em barricas novas de carvalho francês, revela toda sua elegância e personalidade da safra 2010 para quem estiver disposto a pagar R$45,00 no site da Miolo, empresa que vinifica as colheitas de Raul.
Nossa, mas eu paguei R$60,00 pela safra 2008 desse vinho no Supermercado Perin, aqui em Itaparica, Vila Velha! Será que há tanta diferença assim entre a safra 2008 e a 2010, perguntou Naura. Lester tranquilizou nossa amiga, afirmando que a safra 2008 está adequada para consumo, a não ser por pequenas arestas de álcool e pimenta, ainda salientes e antipáticas ao equilíbrio do vinho. Contudo, considerando o preço, recomenda-se aos amigos que pelo menos conheçam o belo trabalho desenvolvido pela RAR, ainda que o vinho, convenhamos não seja lá essas coisas. Mas, considerando o preço, vale o risco.
Nesse meio tempo, aparece Fred, ou Dr. Frederico Bravante, nosso editor de free jazz, já visivelmente amarrotado pelos 14º de álcool do vinho, com um long playing de Lennie Niehaus na mão, e diz: ei, vejam só, um álbum daquele cara que fez os arranjos para o filme Bird, do Clint! Sim, concordou Lester, emendando o segundo de seus breves comentários: Lennie ainda está vivo, sabe-se lá como. Nascido em 1929 em St. Louis, Missouri, aos 7 anos muda-se para a California, onde termina os estudos universitários. Após um breve período tocando saxofone alto no conjunto de Jerry Wald, Lennie passa a integrar a estimada banda de Stan Kenton, em 1951. Após o serviço militar (1952-1953), retorna à formação de Kenton, lá permanecendo até 1960. Durante este período, chega a gravar como líder e sideman, inclusive com Shorty Rogers. A partir da década de 1960, Lennie inicia uma longa e produtiva carreira de compositor e arranjador de música para cinema e televisão, entre os quais City Heat (1984) e Pale Rider (1985), onde o herói Clint Eastwood mata um sem número de bandidos malvados.
Em 1988, quando Clint decide produzir o filme Bird, sobre a vida de Charlie Parker, convida Lennie para equacionar o áudio, tarefa complexa que iniciava na escrita em partitura dos temas gravados originalmente e a extração dos solos de Parker, que seriam objeto de regravação com novos acompanhantes. Quem assistiu ao filme sabe que primoroso trabalho foi realizado. Embora alguns críticos apontem certa frieza em seus solos tecnicamente perfeitos, a profusão de excelentes idéias que caracteriza seu discurso é suficiente para colocá-lo entre um dos mais importantes saxofonistas alto do West Coast Jazz.
Para os amigos fica a endiabrada faixa P and L , retirada do álbum I swing for you, gravado em 1957. Com Lennie estão Bill Perkins (ts), Lou Levy (p), Red Kelly (b) e Jerry McKenzie (d), à época todos integrantes da banda de Stan Kenton. Sim, o P é de Perkins e o L é de Lennie, dois mestres em seus instrumentos. Boa audição!
Nossa, mas eu paguei R$60,00 pela safra 2008 desse vinho no Supermercado Perin, aqui em Itaparica, Vila Velha! Será que há tanta diferença assim entre a safra 2008 e a 2010, perguntou Naura. Lester tranquilizou nossa amiga, afirmando que a safra 2008 está adequada para consumo, a não ser por pequenas arestas de álcool e pimenta, ainda salientes e antipáticas ao equilíbrio do vinho. Contudo, considerando o preço, recomenda-se aos amigos que pelo menos conheçam o belo trabalho desenvolvido pela RAR, ainda que o vinho, convenhamos não seja lá essas coisas. Mas, considerando o preço, vale o risco.
Nesse meio tempo, aparece Fred, ou Dr. Frederico Bravante, nosso editor de free jazz, já visivelmente amarrotado pelos 14º de álcool do vinho, com um long playing de Lennie Niehaus na mão, e diz: ei, vejam só, um álbum daquele cara que fez os arranjos para o filme Bird, do Clint! Sim, concordou Lester, emendando o segundo de seus breves comentários: Lennie ainda está vivo, sabe-se lá como. Nascido em 1929 em St. Louis, Missouri, aos 7 anos muda-se para a California, onde termina os estudos universitários. Após um breve período tocando saxofone alto no conjunto de Jerry Wald, Lennie passa a integrar a estimada banda de Stan Kenton, em 1951. Após o serviço militar (1952-1953), retorna à formação de Kenton, lá permanecendo até 1960. Durante este período, chega a gravar como líder e sideman, inclusive com Shorty Rogers. A partir da década de 1960, Lennie inicia uma longa e produtiva carreira de compositor e arranjador de música para cinema e televisão, entre os quais City Heat (1984) e Pale Rider (1985), onde o herói Clint Eastwood mata um sem número de bandidos malvados.
Em 1988, quando Clint decide produzir o filme Bird, sobre a vida de Charlie Parker, convida Lennie para equacionar o áudio, tarefa complexa que iniciava na escrita em partitura dos temas gravados originalmente e a extração dos solos de Parker, que seriam objeto de regravação com novos acompanhantes. Quem assistiu ao filme sabe que primoroso trabalho foi realizado. Embora alguns críticos apontem certa frieza em seus solos tecnicamente perfeitos, a profusão de excelentes idéias que caracteriza seu discurso é suficiente para colocá-lo entre um dos mais importantes saxofonistas alto do West Coast Jazz.
Para os amigos fica a endiabrada faixa P and L , retirada do álbum I swing for you, gravado em 1957. Com Lennie estão Bill Perkins (ts), Lou Levy (p), Red Kelly (b) e Jerry McKenzie (d), à época todos integrantes da banda de Stan Kenton. Sim, o P é de Perkins e o L é de Lennie, dois mestres em seus instrumentos. Boa audição!
11 comentários:
Frio? Eu não acho, excelente saxofonista!
sr.roberto,
que foto...que designer...curto pacas solos de trombones...
abraçsonoros
Belíssima aquisição a Naura, Mr. Scardua!
E ótimo o artista enfocado - tenho alguns discos do Niehaus e todos são maravilhosos (especialmente o Zounds e o Octet, presente do Jazzseen).
Valeu, Roberto!
É preciso mr.Scardua tomar a frente do Jazzseen, para o nível musical jazzístico melhorar consideravelmente? Se cuida mr.Lester!!!
Ola
Conheci seu blog recentemente, achei muito interessante o conteúdo disponibilizado por vocês.
Queria saber se topam parceria (troca de links) ? Tenho dois blogs sobre música.
Jazz & Rock - http://www.jazzerock.com
Musicolatras - http://www.musicolatras.blogspot.com
Caso interesse a parceria, me avise para que eu adicione o link do Jazzseen nos dois blogs.
Abraço
Daniel
Prezado ROBERTO:
Lennie tem sido parceiro constante de Clint Eastwood, como Diretor Musical (longas metragem Sobre Meninos e Lobos, Menina de Ouro, Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal, Gran Torino, A Troca, Cartas de Iwo Jima, documentário "Eastwood After Hours / Live At Carnegie hall" e outros trabalhos).
Lembrá-lo é homenagear um senhor músico, arranjador e diretor.
Parabéns e grato pela música ! ! !
Prezado Mr. Cardoso, obrigado pelas informações complementares.
E, como diz o título da postagem, Lennie é lenda viva!
Grande abraço, JL.
Sr. Scardua,
por que o Predador fica assanhado quando ouve um West Coast ?
De fato a dupla Eastwood-Niehaus fizeram, e espero que ainda façam, muito pela divulgação e perpetuação do jazz.
Prezados amigos, só para constar: na postagem abaixo, sobre o primeiro livro brasileiro sobre jazz, há esclarecimentos relevantes nos comentários da dita cuja, efetuados por Mestre Apóstolo. Recomendo a leitura atenta.
Ah, sim! Esse tal de predador não é de nada. Vive deitado na rede, comendo criptonita e ouvindo Doris Day. Afff!
Grande abraço, JL.
Prezado JOHN LESTER:
Apenas para confirmar, por "pequenos detalhes" de desinformatização" (...e tome Magri...), passei de "apóstolo" a "grupolet".
Gostava mais de "apóstolo", o que , aliás, não significa nada...!
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