23/06/2011

Napoleon's Family


A família Napoleon era repleta de músicos, sendo Phil Napoleon (Filippo Napoli) o primeiro deles a alcançar notoriedade nacional. Embora algumas informações disponíveis nas enciclopédias sobre a família Napoli sejam desencontradas, ao que tudo indica os quatro irmão de Phil eram também músicos: George e Joe (saxofonistas), Ted (baterista) e Matthew (guitarrista), este último pai dos pianistas Teddy e Marty Napoleon, sobre os quais falaremos adiante.

Voltando a Phil: Nascido em Boston, Massachussetts, no dia 2 de setembro de 1901, Phil foi um menino prodígio que aos cinco anos de idade já tocava o trompete em público. Tendo recebido instrução musical formal, realiza suas primeiras gravações em 1916 - infelizmente, Phil grava peças clássicas para corneta, perdendo a oportunidade de realizar as primeiras gravações de jazz, que seriam realizadas em 1917 pela Original Dixieland Jazz Band. Trocando a música séria pelo jazz, em 1922 Phil forma o Original Memphis Five, conjunto que produzia um tipo de jazz que pode ser classificado como Classic Jazz ou Traditional Jazz, estilos que tomavam por base o jazz produzido originalmente em New Orleans até o final da década de 1910, como foi o caso do Chicago Jazz, estilo criado nesta cidade na década de 1920. O The New Grove Dictionary of Jazz informa que o Original Memphis Five foi criado em 1917, dado que não é confirmado pelas damais fontes que consultei.

Embora tenha gravado bastante com o Original Memphis Five, alcançando inclusive sucesso e boa vendagem, Phil nunca obteve o reconhecimento que merecia, sendo ofuscado por trompetistas como Red Nichols e Bix Beiderbecke, músicos que, segundo a opinião de alguns críticos e do próprio Phil, teriam sido influenciados por ele. Em 1928, ou 1929, Phil decide desfazer o Original Memphis Five, passando a trabalhar em estúdios até o final da década de 1930, ou 1949 (como já dissemos, as informações sobre Phil são bastante desencontradas). Durante este período, chega a trabalhar em algumas bandas, como a de Jimmy Dorsey, em 1943. Em 1949, Phil forma uma nova versão do Original Memphis Five, apresentando-se com sucesso no Nick's Club durante sete anos. Mais tarde, muda-se para Miami, onde estabelece seu próprio clube, o Napoleon's Retreat, apresentando-se praticamente até a morte, no dia 30 de setembro de 1990.

Os outros dois integrantes da família Napoleon que alcançaram maior projeção no jazz foram os pianistas Teddy e Marty, sobrinhos de Phil. Teddy nasceu no Brooklin, no dia 23 de janeiro de 1914. Após trabalhar algum tempo em bandas de salão na década de 1930, Teddy passa a integrar, em 1944, o conjunto de Gene Krupa, com quem permaneceria por quatorze anos. Após um breve período trabalhando com Tex Beneke, Teddy muda-se para perto do tio Phil, em Miami, apresentando-se em trios e acompanhando músicos que visitavam a cidade, como Bill Harris e Flip Phillips, até sua morte precoce, aos cinquenta anos de idade.



Marty Napoleon nasceu também no Brooklin, no dia 2 de junho de 1921. Instrumentista versátil, era capaz de tocar em praticamente todos os estilos, desde o Dixieland até o Bebop, passando pelo Swing. Após algum tempo trabalhando em bandas importantes, como as de Joe Venuti e Gene Krupa, Marty passa a integrar o Original Memphis Five. Em seguida, forma uma saudável parceria com Charlie Ventura, demonstrando toda sua habilidade com o estilo Bebop. Durante sua longa carreira, Marty participaria de uma série de contextos, trabalhando com músicos como Earl Hines, Louis Armstrong, em duo com seu irmão Teddy, Henry 'Red' Allen, Coleman Hawkins e Peanuts Hucko. Embora ainda esteja vivo, Marty gravou apenas quatro faixas como líder, em 1955, para o selo Bethlehem. Em sua homenagem, deixamos as faixas Mr. Due, Saxon, O-go-mo e Oh Kai, retiradas do excelente álbum In the Beginning... Bebop, coletânea lançada pela Savoy. Com Marty estão Kai Winding (tb), Allen Eager (ts), Eddie Safranski (b) e Shelly Manne (d). Os interessados em conhecer o trabalho de Phil Napoleon podem acessar o site Internet Archive onde há uma série de faixas disponíveis do trompetista. Boa audição!


15 comentários:

Érico Cordeiro disse...

É, Mr. Seu Lester,
Não conhecia afamília Napoleon, mas seu belo post lançou luzes sobre esses abnegados jazzistas.
Procurarei saber mais sobre eles.
As faixas postadas, embora denominadas bebop possuem um sentido melódico e harmônico muito próximo ao jazz tradicional - mesmo um bopper convicto como Winding tem uma abordagem que remete bastante à sonoridade típica de New Orleans.
Em sua homenagem, e aos Napoleon das primeiras gerações, separei para ouvir Jazz At Vespers, do clarinetista George Lewis.
Abração!

John Lester disse...

Pois é, Mr. Cordeiro, o jazz tem dessas coisas: sua evolução ocorre num vai e vem que, sob orelhas mais incautas, confundem.

O presente álbum, contudo, exaspera clara a tessitura do bop, conforme leitura de mestres como Fats Navarro, overdadeiro líder das três sessões aqui apresentadas.

Kai Winding em 1947, Brew Moore em 1948 e Navarro em 1946 marcam um importante período em que o Bebop ainda não havia sido eleito "respeitável" pela intelligentsia o estilo mais notável do jazz. Créditos, portanto, à pioneira Savoy.

E vale anotar que a tonalidade cool de Mr. Eager e Mr. Moore, ambos integrantes da famosa seção Four Brothers da orquestra de Woody Herman's, não se intimidam diante dos ensinamentos de Parker e Gillespie.

Qunato aos demais participantes das gravações, vale destacar a presença do pianista Gene DiNovi, mestre injustamente esquecido pelo passar dos anos.

Embora o melhor de Fats Navarro ainda estivesse por vir, resta claro que as melhores performances do álbum são dele, talvez muito em parte pela participação da velha raposa do tenor, Eddie Lockjaw Davis, e do mago das 88 teclas Al Haig.

Por último, vale prestar atenção no dedilhado distorcido do guitarrista Huey Long, outro famoso quem que dá brilho extra ao álbum.

Grande abraço, JL.

pituco disse...

master lester,

primeiramente, obrigado por tua gentileza em divulgar meu trabalho, aqui no jazzseen...domoarigatôgozaimashitá

e, tb não conhecia os napoleons...vou curti-los lá, na radiola

abraçsonoros e saudosos

thiago disse...

sinistro

Paula Nadler disse...

Família é tudo. Beijo!

Rogério Coimbra disse...

Sir Lester,
Nada como um jazz-sim.
Fantásticas suas revelações sobre o velho e sempre novo jazz.
Falando sobre Brew Moore, conte-nos sobre Tony Fruscella, um dos favoritos do Predador.

Naura Telles disse...

Que delícia Lester, beijo!

APÓSTOLO disse...

Prezado JOHN LESTER:

Melhor impossível, pela resenha e pela música.
Craques em seus instrumentos que receberam, perceberam e ampliaram a história.
Sempre sigo aprendendo: parabéns e grato ! ! !

Curiosa disse...

que belo blog você tem aqui, John ... parabéns por cada post, que traz muita informação necessária ... abraço!

Roberto Scardua disse...

Beleza hein Lester, valeu!

PREDADOR.- disse...

Ótima postagem mr.Lester. Relembrando o passado, no início do bebop. Isto sim é jazz. Todos os adeptos, iniciantes ou não do jazz deveriam "beber nessa fonte". Este disco da Savoy foi-me presenteado pelo "controvertido" Garibaldi Magalhães há alguns anos atrás. Muito bom!

Betty Manousos disse...

Thank you for following CUT AND DRY,
following back!

Nice blog!

John Lester disse...

Prezados amigos, obrigado pelos comentários. E, Mestre Coimbra, Mr. Fruscella é um bom nome para resenha.

Grande abraço, JL.

Internauta Véia disse...

Muito bom, Mr. lester! Beleza!!!

Anônimo disse...

Como sempre, excelencia...é q. encontrmos aqui,Abçs