Ron Carter lembra 'anos incríveis' com grupo de Miles Davis - Ron Carter, um dos maiores contrabaixistas da história do jazz, se apresenta desta sexta a domingo no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Os shows, cujos ingressos estão esgotados há mais de uma semana, serão baseados em Dear Miles, disco tributo ao trompetista americano Miles Davis, morto em 1991. E servirão como uma excelente introdução à exposição Queremos Miles, repleta de objetos pessoais e partituras de Davis, além de salas de audição para apreciar sua boa música. Carter, que integrou o grupo de Miles Davis de 1963 a 1968, falou ao site de VEJA sobre a experiência de tocar com o trompetista, bem como de suas colaborações com artistas de outros gêneros musicais e com grandes nomes da MPB.
Como o senhor entrou para o grupo de Miles Davis? Eu tocava na banda de Art Farmer quando Miles Davis apareceu no clube onde fazíamos nossas apresentações e perguntou se não estava interessado em fazer parte do grupo dele. Eu disse: “Já tenho um emprego, mas, se você deseja tanto que eu faça parte da sua banda, pergunte a Farmer se posso”. Davis conversou com Art Farmer, que me deixou partir. Passei , tocando com grandes músicos, como o baterista Tony Williams e o pianista Herbie Hancock.
Miles Davis tinha fama de incentivar a criatividade dos instrumentistas que tocavam com ele. O senhor teve alguma dificuldade em se adaptar ao seu método de trabalho? Nenhuma. Vamos colocar da seguinte maneira? Suponha que você trabalhe num laboratório cujo cientista responsável pedisse para você criar uma fórmula diferente por dia. Com Miles, era assim. Ele nos dava espaço para criar e fazer experimentações a cada noite. E deve ter gostado muito do meu trabalho, pois nunca chamou minha atenção.
Miles Davis era um inovador. Tempos depois, o senhor tocou com o trompetista Wynton Marsalis, cuja visão de jazz é totalmente voltada para o passado. Qual a diferença entre o método de trabalho desses dois grandes artistas? Já sei onde você quer chegar com essa pergunta... Mas não vou cair nela, não (risos). Vamos colocar da seguinte maneira? Quando eu toquei com Wynton Marsalis, ele era o músico mais jovem e menos experiente do grupo. Foi educado, aceitou nossas sugestões e fizemos um bom disco. Está bem assim?
Hoje, o senhor tem uma banda própria. Os desafios são maiores do que participar dos grupos de Art Farmer e Miles Davis? Eu diria que os desafios se dão muito mais no campo burocrático do que no musical. Quando você faz parte de uma banda – e geralmente nos grupos em que toquei eu estava em pé de igualdade com outros instrumentistas –, as discussões giram em torno do repertório e dos arranjos. Quando você lidera uma banda, começa a lidar com questões burocráticas. Quem você deve contratar, qual músico deve ser mandado embora, se deve correr atrás de shows, como definir os pagamentos dos seus instrumentistas. Pode ser complicado, mas faz parte da carreira de um bandleader.
O trabalho do senhor não se limitou ao jazz, não? Toquei em discos de artistas de soul music, como Aretha Franklin e Roberta Flack. De Roberta, trago ótimas recordações do disco de estreia dela, First Take, lançado no início dos anos 1970. O produtor da cantora não estava gostando do desempenho da banda e recrutou a mim e a outros músicos experientes, como o guitarrista Bucky Pizzarelli. Ficou um trabalho lindo! Roberta é uma ótima cantora e compositora. Por outro lado, me arrependo de nunca ter trabalhado com Ella Fitzgerald. Sabia que ela gostava do meu estilo de tocar, mas as nossas agendas nunca combinaram.
Os artistas brasileiros também adoram tocar com o senhor... Sim, participei dos discos de Tom Jobim, Milton Nascimento, Wanda Sá... São ótimas pessoas e foram receptivos às ideias que dei para a composição deles. Como recusaria?
Antes de se tornar contrabaixista, o senhor tocou violoncelo. Por que trocou a vida de músico erudito pelo jazz? Me responda com sinceridade: quantos instrumentistas negros você conhece que tocam música erudita? E desses instrumentistas, quais deles têm uma carreira de sucesso? Eu percebi que teria espaço reduzido na seara clássica ainda no segundo grau. Passei então para o contrabaixo e hoje tenho uma boa carreira. E de vez em quando toco algo no violoncelo, como trechos de As Seis Suítes para Violoncelo Solo, de Johann Sebastian Bach. (Fonte: Veja).
3 comentários:
Captaram? o homem teve "anos incríveis" com o grupo de Miles. E vocês ainda ficam "metendo o pau" no "administrador musical" Miles Davis.
Pobre Carter, mais um assalariado de Miles...
Qeremos mais, queremos Miles!
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