13/07/2012

Quando um músico de jazz brilha na música clássica



Daniel Harding e Stefano Bollani, o primeiro é um dos maestros mais procurados; o último, um pianista de jazz que também brilha na música clássica. Ambos foram convidados pela reconhecida Orquestra de Santa Cecília em Roma para tocarem no Auditório que já é um ponto de passagem obrigatório para as estrelas internacionais. Uma abertura memorável: “Assim Falou Zaratrustra” de Richard Strauss. A dirigir a orquestra de Santa Cecília no Auditório de Roma esteve o britânico Daniel Harding. Mas o destaque do concerto foi o músico italiano de jazz Stefano Bollani que maravilhou com a sua interpretação do Concerto para Piano em Sol Maior de Maurice Ravel. “À excepção do segundo movimento, trata-se de uma peça plena de energia, repleta de acentos e pequenos detalhes – acho que Ravel chamaria a isso de ‘jazz’. 

Não tanto o aspecto da improvisação mas todos estes acentos irregulares… o que soa a Big Band americana. E não é por acaso que este concerto foi composto depois de uma viagem à América e de ele ter ouvido jazz verdadeiro” afirman Bollani, “Ravel foi apelidado de ‘relojoeiro suíço’ pelo seu amigo entre aspas, Stravinsky, porque ele trabalhava muito bem os pequenos detalhes mantendo contudo uma atitude impessoal. É claro que não se deve executar esta peça de forma fria mas é possível acrescentar uma espécie de camada de gelo, o que é apropriado no caso de Ravel. Ele é frequentemente considerado como um compositor romântico mas na minha opinião, esse elemento delicodoce está ausente na música de Ravel”, conclui o músico italiano. Mas o que é que um maestro de nível mundial como Daniel Harding sente ao ver um músico de jazz como Bollani interpretar uma peça clássica? “O que de facto gosto é que ele toca esta peça de forma totalmente despretensiosa. Ele adora esta obra, está em harmonia com a sua infinita energia. No segundo movimento, com esta linha harmónica belíssima e extraordinária… e, claro, enquanto músico de jazz, ele tem um ouvido incrível para a harmonia… mas a sua abordagem é diferente da nossa, existe algo de muito belo na maneira de tocar que é honesta e inocente. Ele executa a peça de uma forma que me faz gostar dela, ou que me faz lembrar o gosto que sinto por ela, e isso é genial”, adianta o maestro britânico. 

Nesta história pode escutar excertos de “Assim Falou Zaratrustra” de Richard Strauss e “Concerto para Piano em Sol Maior” de Maurice Ravel. Um agradecimento especial ao Hotel de Russie em Roma que amavelmente ofereceu o local para a entrevista com o maestro Daniel Harding. Para mais excertos da nossa entrevista (em italiano) com o pianista Stefano Bollani, por favor clique no link seguinte: Intervista (con bis) con Stefano Bollani.

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2 comentários:

Internauta Véia disse...

Bonito...gostei!

John Lester disse...

Olá Internauta Véia, grande abraço!