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Alguma coisa em minhas orelhas indica que o último disco de jazz foi Miles Smiles, gravado em 1966. De lá pra cá o jazz se estilhaçou. Músicos medíocres lançavam seus saxofones e trompetes sobre o público que, numa fase de auto-imolação, aplaudia exultante. Ornette Coleman, escorregadio e desafinado, nunca explicou a ninguém - e talvez nem ele mesmo saiba - o que significa sua teoria dos harmolodics. Empresários sedentos chamavam tudo de jazz. Os Beatles estabeleceram a estupidez na música com temperos de revolução cultural. A frivolidade avançava atroz. Mas de jazz mesmo, muito pouca coisa restava. A condução humana precisava dizer bye bye para toda forma de música inteligente, elaborada e pungente. Nesses anos de imbecilização das massas em escala industrial, talvez somente aquilo que se resolveu denominar de hard bop fosse realmente jazz: perícia técnica, noção de swing, sentimento blues, capacidade inventiva - aqui você nao precisava dizer goodbye: aqui tinha - e ainda tem - jazz. No meio de tanto lixo gravado no final da década de 60, encontramos músicos que não disseram adeus ao jazz e resolveram continuar percorrendo a estrada esburacada do inconformismo. Um desses discos, gavado em 1967, é Hi Voltage, de Hank Mobley (ts). Acompanhado de Blue Mitchell (t), Jack McLean (as), John Hicks (p), Bob Cranshaw (b) e Billy Higgins (d), você tem jazz de altíssima qualidade, mesmo que tietes não gritem alucinadas nem lancem calcinhas. Essa condução humana até que tem algumas trilhas sonoras que fazem a viagem valer a pena. Não é mesmo Jack ? No More Goodbyes.
4 comentários:
Grande Jazzseen, só mesmo o espírito juvenil nietzschiano para espantar o sorumbatismo que anda circundando a minha área. Abraços,
O homem é o único ser vivo que se emociona ao ouvir Beatles. Por essa e outras é que a Terra está se acabando.
Muzifiu tá pertim dus infernu ...
Prezado John, creio que você já sabe que John Hicks, seu xará, faleceu no dia 9 de maio. Vale uma resenha sobre alguns de seus discos.
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