17/05/2006

Esbórnia


Em passando pelo blog do cjub (rapaziada afeita às coisas do jazz - link está aí ao lado) deparei-me com uma discussão acerca dos caminhos que o jazz tem percorrido e, tendo em vista os diálogos que ocorrem entre as diversas tendências de expressão musical, se algumas das atuais produções deveriam ser chamadas de jazz. A discussão surge a partir da capa da Down Beat dedicada ao Esbjorn Svensson Trio, grupo sueco que abdica do swing e do blues e opta pelas novas linguagens musicais para fazer o seu mix sonoro. O fato é que os músicos atuais cada vez mais buscam outras fontes para as suas composições e se distanciam daquilo que efetivamente marcou as décadas de 30 a 50 no universo jazzístico. Ouvir o EST (ouço, agora, pela segunda vez) é uma experiência que deixa isso patente: percebe-se com facilidade a tendência a mesclar linguagens proporcionando ao ouvinte um texto híbrido com traços marcantes daquela coisa chamada new age que tanto agrada os novos místicos de plantão, acrescido de pitadas harmônicas e solos com influência dos mestres do jazz. O disco ao qual me refiro é Strange place for snow, gravado em 2002. O pianista pareceu-me fortemente influenciado por Keith Jarret (na primeira faixa é possível ouvi-lo vociferando ao fundo durante o seu solo), e até que tira um som interessante (algo minimalista) do seu instrumento. A predominância da sonoridade etérea na maioria das faixas cansou-me. Coisas como Behind the Yashmak, Serenade for the renegade e Years of yearning devem ser correlatas a uma dose de morfina. When god created the coffeebreak fez-me ir direto para o almoço (saltei diversas partes para ir direto ao improviso: a bateria ao fundo e o baixo do piano são bem chatinhos). As faixas mais digeríveis, ao meu ouvir, são The message e Spunky spraw. Enfim, após a segunda audição, a minha impressão sobre o disco piorou bastante: o resultado foi 7 a 2 para o ruim. Ps - prefiro não chamá-lo de um disco de jazz.

8 comentários:

Anônimo disse...

O problema é que a maioria dos ouvintes de jazz são precoceituosos.

Anônimo disse...

o problema é que a maioria dos músicos de jazz já não sabem tocar jazz.

Anônimo disse...

O jazz tem muito a ver com o sentimento blues, com o sofrimento, com as arbitrariedaes pelas quais o povo norte-americano negro passou. Hoje a crioulada tá bem, de barriga cheia e boca sorridente = por isso o jazz morreu - podem até haver músicas que falam de sofrimento e revolta, mas sem realismo e verdade. Europeu tocando jazz ? Só rindo.

Anônimo disse...

Já viu a sala do Wynton Marsalis lá no Lincon Center ? Parece um palácio ... Vai querer tocar jazz pra que ?

Anônimo disse...

bobagem essa estória de ter que sofrer pra fazer música que presta.

John Lester disse...

Prezado Chico, todo artista que presta sofre terrivelmente. Dê uma olhada em Van Gogh. Todo grande músico é atormentado. Não é à toa que a palavra blues já era encontrada na literatura inglesa do século XVI, inclusive em Shakespeare, no sentido de melancolia, tristeza, coisa ruim ou endemoniada. Agora, meu caro Chico, se você ouve Roberto Carlos e Banda Calypso, realmente só quem sofremos são os ouvintes.

Anônimo disse...

Com a população negra liberta e com a barriga cheia de farinha já não temos mais Armstrongs, Pixinguinhas, Parkers, Cartolas, etc.

Agora temos Gils, Carlinhos Browns e Claudinhos e Bochechas ...

Anônimo disse...

Chico tá aí ??!! Como vai Chico ? Tá sumido , hein...Chico não é mole não: some e depois aparece para um sucinto e esperto comentário.