01/07/2006

Elas também tocam jazz


Um dos amigos navegantes comentou que Eldar, o prodígio russo, só precisa amadurecer um pouco. De certa forma, concordo. Nada como o tempo para deixar suas marcas e fazer do bom músico um grande artista. Essa mesma idéia parece servir menos para as meninas, esses estranhos seres que parecem nascer mais sensíveis e menos exibicionistas que os meninos. Uma delas nasceu na Atlanta de 1910. Aos quatro anos começou seus estudos de piano clássico e, aos quinze, já fazia jazz em alguns salões. De lá para cá tornou-se uma das personagens mais importantes do jazz, embora seu sexo ofuscasse seu talento. Num terreno árido e machista, Mary tocou, compôs e elaborou alguns dos melhores arranjos que o jazz já ouviu. Esteve ao lado de músicos como Andy Kirk, Benny Goodman, Shorty Baker e Dizzy Gillespie. Levou o jazz dos cabarés para o Vaticano, com sua missa ‘Mary Lou’. Afinal, que diferença significativa há entre um puteiro e uma igreja? Nos dois ambientes pregamos o amor e recolhemos o dízimo. Assim são as meninas: não importa onde estejam, sempre nos mostram que somente o amor vale a pena. E amor com arte é paraíso. No Gramophone Jazzseen, logo ali em cima, você ouve as faixas: 1 - Mama, Pin A Rose On Me, 2 - Moonglow e 3 - Just You, Just Me. Todas foram gravadas em 1953, com Bunny Banks (b), Gérard Pochonet (d) e, na segunda faixa, Don Byas (ts). Como dizia Luís Orlando Carneiro, elas também tocam jazz. E como.

6 comentários:

Anônimo disse...

De fato algumas igrejas são muito mal frequentadas. Os bispos então...

Anônimo disse...

Mary Lou, Mary Lou, com tantas rimas possíveis e eu só vou dizer que gosto de tu. Onde fica sua igreja?

Anônimo disse...

Se ela fosse menino algum padre poderia tê-la. Amém.

Anônimo disse...

Gostei da Mary.

Anônimo disse...

Concordo que os Papas e as putas devem ser tratados da mesmo forma. São seres humanos como nós.

Anônimo disse...

Que beleza, madrugada, tudo quietinho,e esses músicos (e músicas ) maravilhosos...
Obrigada, Lester e Salsa!