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Eu fiquei impressionado quando vi pela primeira vez aquela figura balançando como uma palmeira no meio de um furacão. Demorou alguns instantes para eu entender que ali estava a usina que processava a energia eólica e a transformava em som. Eu, adepto do
Hard rock, não imaginava que um sax pudesse produzir os efeitos que eu, estranhecido, assistia e ouvia. A "palmeira", no caso, era
Charles Lloyd. Fez-me arriscar na compra de um primeiro disco de jazz. Não encontrei nada do cara e acabei comprando um LP do
Joe Farrell, que acabei doando para um colega
saxofonista. Passaram-se alguns anos até que eu me arriscasse novamente pela seara jazzística, ali pelas bandas de 1982-3-4.
Lloyd? Um dia, folheando o
Real book, eu encontrei uma partitura de
Sweet Georgia bright, que faz parte do primeiro disco do camarada:
Discovery! The Charles Lloyd quartet, de
1964. Tocava-a com os amigos e tentava imaginar como deveria ser a interpretação do seu gerador. Continuo sem saber, pois não tenho o disco. Deixei-o de lado porque os colegas viviam falando que ele era um adepto do
free jazz e coisa e tal e que era insuportável. Deixei-me levar pela turba. Recentemente, atoamente xeretando na web, encontrei dois discos. A imagem da palmeira retornou-me e comprei. O primeiro,
Wich way is east, duplo, exige um pouco de desprendimento das preocupações diárias e espírito desbravador para encarar (e eu não estou nesse clima).
The water is wide, no entanto, mais lírico, proporcionou-me bons momentos.
Lloyd está acompanhado por
Billy Higgins (com uma levada bastante sutil),
John Abercrombie (que também colabora com o clima de leveza que perpassa o disco) e por dois jovens músicos (o disco é de
2000) que principiavam a mostrar as garras: o pianista
Brad Mehldau e o baixista
Larry Grenadier. O disco inicia com uma versão muito boa de
Georgia, de
Hoagy Carmichael, e, logo em seguida vem a faixa-título. Deixarei no meu
Gramophone para vocês apreciarem a sonoridade do sax de
Lloyd. A minha queixa quanto ao disco é antiga (refere-se à maioria dos discos contemporâneos): é muito longo: quase setenta minutos de música, ou seja, o dobro da maioria dos antigos Lps. O clima pode ficar muito etéreo (de acordo com
Lester esse é o problema maior dos discos da
ECM) após as primeiras sete faixas (são doze). Vale a conferida, mas pelo jeito continuarei procurando o som para se encaixar na reminiscência de
Lloyd que ficou na minha memória.
2 comentários:
Lloyd fez uma sonzeira ao lado do Keith Jarret
Prefiro o Paulo Moura
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