07/10/2006

Jack Sheldon At Jax

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Da última vez que estive na California, em janeiro de 2006, não fui nem ao Jazz Bakery nem ao Downbeat Cafe. Fui a um simpático lugar em Glendale chamado Jax Bar & Grill. O motivo era simples: lá estava se apresentando Jack Sheldon, uma das raras lendas ainda vivas do west coast jazz. Não pude, nem tentei, conter minha felicidade e emoção: afinal, seus colegas de estrada Chet Baker, Joe Maini, Stan Getz, Red Mitchell, Frank Rosolino, Art Pepper, Curtis Counce, Jimmy Rowles, Conte Candoli, Wardell Gray e tantos outros já estavam mortos há muito, boa parte deles com menos de 40 anos. O que sentir ao ver aquele camarada, aos 75 anos de idade e 62 anos de carreira tocando com a vitalidade, a categoria e a alegria de sempre? Quando, num dos intervalos, vi aquela figura gorda, com enormes bochechas vermelhas, aproximando-se em passos lentos e sorriso largo, não vacilei e cometi uma das ações humanas que considero das mais nefastas: corri até Jack e lhe pedi um autógrafo, comentando rapidamente de onde eu vinha e o quanto eu apreciava sua música. Apesar de atônito e surpreso com as frases incompreensíveis proferidas por um descontrolado fâ latino proveniente dos subúrbios do Rio de Janeiro, Jack foi extremamente simpático e, além do autógrafo, tirou generosamente algumas fotos comigo. Nessa hora, mais uma vez, restava confirmado o velho brocardo segundo o qual jazz se faz ao vivo, se produz ao vivo, acontece ao vivo. E, sem dúvida, é aquele tipo de música onde a emoção do encontro, os pequenos gestos de prazer e a acumulação de sentimentos que raramente são compartilhados misturam-se ao turbilhão de sons que brincam pelo ar e, inevitavelmente, morrem assim que o sol nasce. Ficam apenas lembranças. Lembranças de momentos passados com um dos maiores brincantes do jazz: Jack Sheldon: grande trompetista, cantor, comediante e ator. Uma alma rara. Aos amigos navegantes deixo no Gramophone By John Lester a faixa JS, gravada em 1959 com os seguintes solistas (na ordem): Herb Geller (as), Stu Williamson (tb), Harold Land (ts), Chet Baker (t) e Art Pepper (as). Depois dizem que Chet não era capaz de tocar com velocidade nem extrair agudos de seu trompete. Só rindo. Na cozinha Pete Jolly (p), Red Callender (b) e Mel Lewis (d).

O figuraça vai para os 76 e ainda se apresenta, toda quinta, no Jax. Quem quiser conferir, clique AQUI.

25 comentários:

Anônimo disse...

Meio longe esse trem, né?

John Lester disse...

Prezado Mineiro, longe é um termo estranho. Prefiro o termo acessível. Longe e perto são coisas que não existem. De qualquer forma, o Balacobaco, aqui em Vitória-ES, é bastante acessível e tem um jazz de primeira, toda terça, sob os cuidados de nosso Editor Saxofonista Mr. Salsa.

Apareça. É logo ali.

Salsa disse...

Mr. Lester, foi nesse lance que, logo depois, roubaram sua máquina fotográfica, carteira e autógrafo? Conta pro público como é a sensação de ser assaltado no primeiro mundo. Disseram-me que o cara era tão culto que até falava em inglês...

Anônimo disse...

Obrigado, Lester, pela oportunidade de ouvir o bom som dos Jack Sheldon's All Stars, puro West Coast Jazz.

Uma ressalva, porém: o primeiro solo na faixa é de Art Pepper e não de Herb Geller, como está nas "liner notes" do Gramophone Jazzseen. Geller, portanto, encerra a seqüência de solos.

John Lester disse...

Grande Reinaldo, quem dera as 'liner notes' fossem minhas! Trata-se apenas de uma tradução pobre e literal das liner notes de Leonaad Feather, que acompanham o encarte do cd Jack Sheldon And His All Stars - GNP Crescendo - GNPD 2276. A certa altura, Leo diz: "Unless Jack's memory and my ears fail us, the solo order on this track is as follows: Herb Geller, Stu Williamson, Harold Land, Chet Baker and Art Pepper."

Foi assim, entre surpreso e indignado que re-ouvi 17 vezes a faixa e acabei concluindo que não sei quem está certo, se você ou Leo.

Por mim, certas firulas do primeiro solo estão mais para Herb do que para Pepper. Mas confesso: é difícil dizer com certeza quem é quem.

Fica o mote para, quem sabe, um pequeno conto.

Grande abraço, JL.

Salsa disse...

Em ouvindo a sessão, e observando o modo como o saxofonista trafega pelo registro mais agudo, o timbre, as frases mais curtas etc e tal, levam-me a crer que o primeiro solista é art pepper. O último, se pepper,ele deveria estar experimentando alguma coisa nova.

John Lester disse...

Prezados Mr. Salsa e Pres, como seria de se esperar dos menos sábios, a teimosia é minha principal qualidade. Insisto no indício de que as firulas e reviravoltas do primeiro solo são coisa de Geller. O pimenta era mais na dele, creio eu.

Terça próxima aplicamos ao impasse a solução democrática do voto. Eu sei, democracia é uma merda, mas põe fim a algumas discussões sem muita violência e tortura.

JL.

Anônimo disse...

Bem, que as soluções da democracia são sem violência e tortura eu concordo. Mas que são umas soluções horríveis, isso são. Vejam o temível caso do eleito prester a ser reeleito.

Anônimo disse...

No tucano, eu não voto nem na base da porrada.

Salsa disse...

Insisto no Pepper como o primeiro solista. O timbre é inconfundível; as frases curtas (como soluços)e os glissandos (nunca exagerados). Se for o Geller, ele imita o Pepper perfeitamente. Dê uma ouvidinha nos discos do ômi.

John Lester disse...

Prezado Salsa, nosso Ouvidor-Geral, você só pode estar brincando: dar uma ouvidinha em quem? No Pepper?

Você tem discos do Geller? Esse sim a gente ouve pouco.

Saudações, JL.

Salsa disse...

Você tem razão: ouvimos pouco o Geller. Mas, se esse é o sopro dele, é igualzinho ao do Pepper.

Anônimo disse...

Prezados Lester e Salsa,

instaurada a dúvida, faço um comentário e uma sugestão. O comentário é que, se o primeiro solo, como sustento, é de Pepper e não de Geller, não é de admirar, pois estamos habituados a encontrar equívocos desse tipo em liner notes dos melhores especialistas de jazz. A sugestão é que contratemos um especialista em Art Pepper, nosso decano João Luiz Mazzi, para dar sua opinião abalizada.

Salsa disse...

Já o suposto Pepper (do último solo), eu não reconheci.

Anônimo disse...

Esse blog é tão maluco que impede qualquer avaliação objetiva.

Contudo, pela inacreditável disputa acerca do solista, recebe a nota 8,93.

Anônimo disse...

Visitando o Jazzseen encontrei um monte de besteirol, muito pouca coisa do bom jazz e um "chute" do tal do John Lester - a seqüência correta da música do disco de Jack Sheldon, de acordo com o crítico de jazz francês Jacques Moufflier (que corrigiu o erro crasso de Leonard Feather), é a seguinte: Art Pepper, Stu Williamson, Harold Land, Jack Sheldon (e não Chet Baker) e finalizando Herb Geller. Pesquise mais, Mr. John Lester.

Salsa disse...

O que é bom jazz pra você, meu jovem? Quem sabe a gente arranja alguma coisa para o seu seletivo e sensível ouvido...

Anônimo disse...

Creio que o objetivo desse blog seja "alimentar" seus navegantes com cultura e boa música. Sendo assim, Sr. PREDADOR, seu comentário foi grosseiro....típico de "rapazes recalcados".
Lester e Salsa nos "recebe" diariamente com boa música e um clima muito agradável. Que tal você fazer o mesmo????
Grande abraço

John Lester disse...

Prezado e bem humorado amigo Predador, ficamos, especialmente eu, emocionados com sua visita e comentário amistoso. Agora, como determina a Carta, falta apenas se identificar - anonimato somente interessa aos tiranos - e participar sua alegria conosco. E, por fim: para mim o Pepper faz o último solo. Francês, para mim, entende é de vinho. Em matéria de ouvido, sou mais o meu.

Saudações, JL.

Anônimo disse...

Curioso: se esse retardado acha o blog tão ruim, o que ele vive fazendo por aqui???

Ah! Contradições!!!

Anônimo disse...

O Sr. John Lester é muito engraçado, tentando dar-me lição de moral quanto a esconder-me no anonimato. Quais os participantes dos "comentários" que não o fazem? Quem é Salsa? Quem é Coloda? Quem é Tuca? Quem é John Lester? E por aí vai... O único que parece usar seu nome verdadeiro é o Sr. Reinaldo Santos Neves, mas tenho dúvidas.
Ademais, Sr. Lester, Predador é Predador: conhecedor de jazz e habitante de Eridane, astro da 5a. constelação do sistema estelar Orion. O resto não interessa.

John Lester disse...

Prezado Predador, cada um tem sua noção própria de bom humor.

Prefiro Groucho Marx. Ele mesmo dizia: eu nunca entraria para um clube que me aceitasse como sócio.

Que tal seguir o conselho do pensador?

Saudações, JL.

Anônimo disse...

Que é isto sr.Lester? Eu já estou no clube. Voce está insinuando, ditatorialmente, que me retire? E eu que admirava sua tranquilidade e senso de humor. Está perdendo a calma, sr. Lester? Além do mais voce não respondeu minha indagação quanto aos anonimatos. Quem é Salsa? quem é Tuca ? quem é Coloda? quem é Anonimo ? quem é John Lester ?

John Lester disse...

Prezado Predador, se eu nem sei quem sou, como vou saber quem são aqueloutros?

Largue a timidez e envie suas opiniões para nós sobre o que é e o que não é jazz. Teremos prazer em publicá-las, estejam elas em francês ou alemão.

No aguardo, JL.

Anônimo disse...

Sr.Lester,agradeço lisonjeado o convite para opinar em seu site.A despeito de minhas criticas, as vezes um tanto injustas,reconheço, voce sempre reagiu demonstrando tranquilidade e com humor refinado.Admiravel de sua parte.
Talvez futuramente aceite seu convite.Infelizmente ou felizmente vou ausentar-me a partir de hoje, dando um tempo, pois existem muitos impostores utilizando meu pseudonimo, com o intuito de baixar o nivel, tentando tumultuar o trabalho de voces, o que não é o meu feitio. Até breve.
PREDADOR-.

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