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Conviver com escritores, músicos e agricultores não é tarefa simples. Principalmente quando nos aventuramos a escrever num blog sobre jazz, vinhos e livros finos com letras grandes. O policiamento é constante e, as críticas, inevitáveis. Em resenha recente, confessei não saber como se denomina um instrumentista que toca bassoon (fagote). Fui prontamente auxiliado pelo amigo Rogério Coimbra, que lecionou: fagotista. Tendo eu optado então pelo terrível termo fagoteiro (numa ingênua analogia a corneteiro), dessa vez não me atreverei a nomear o instrumentista que toca corne inglês (english horn). Entrego o pesado encargo aos magos das letras Reinaldo Santos Neves ou Pedro Nunes. Limitar-me-ei ao simples english horn player – por essas e outras é que adoro a língua inglesa. Pois bem, seguindo a linha do estranho e do inusitado, linha essa iniciada com o bassoon de Adam Smith (à disposição do navegante no Gramophone By John Lester), prossigo em nossa aventura com um english horn player: trata-se de Sonny Simmons, um excelente sax alto disposto a provar que jazz pode ser feito com qualquer instrumento. Apesar das inumeráveis provas e inarredáveis indícios apresentados por João Luiz Mazzi em favor de Bob Cooper como o verdadeiro introdutor do oboé no jazz – antes mesmo de Yusef Lateef! – o caso aqui não é bem esse. Bassoon, corne inglês e oboé são, de fato, todos da mesma família. Mas, dizer isso, é dizer muito pouco, afinal baleia e morcego são ambos mamíferos e nunca vi bichos tão diferentes entre si, além do que um é gordo e flutua e o outro é cego e voa. Estranhíssimo! O caso é que esses esquecidos instrumentos soam todos, ao menos às minhas orelhas leigas, de maneiras bastantes distintas. Mesmo todos sendo instrumentos da família das madeiras, e todos de palheta dupla, o oboé é o mais agudo (e me lembra muito aquela simpática e chatíssima gaita de foles irlandesa), sendo seguido por vários outros, todos mais graves. O leitor não iniciado poderá compreender o que digo imaginando que o oboé está para o sax soprano assim como o english horn está para o sax tenor, cada qual com um som progressivamente mais gordo que o outro. O bassoon, de todos o mais grave, é o que mais me agrada, talvez porque me faça lembrar de um saxofone barítono feito de algodão. Aos amigos navegantes, no Gramophone By John Lester, deixo a faixa Nuttin’ Out Jones, do excelente cd Illumination! De Elvin Jones, gravado em 1963. No piano McCoy Tyner e Jimmy Garrisson no baixo (que saudade de John Coltrane!). Na próxima resenha atacarei com Rufus Harley e sua gaita de foles (bagpipe). Aguardem!
Rogério! Como a gente chama o músico que toca bagpipe?Conviver com escritores, músicos e agricultores não é tarefa simples. Principalmente quando nos aventuramos a escrever num blog sobre jazz, vinhos e livros finos com letras grandes. O policiamento é constante e, as críticas, inevitáveis. Em resenha recente, confessei não saber como se denomina um instrumentista que toca bassoon (fagote). Fui prontamente auxiliado pelo amigo Rogério Coimbra, que lecionou: fagotista. Tendo eu optado então pelo terrível termo fagoteiro (numa ingênua analogia a corneteiro), dessa vez não me atreverei a nomear o instrumentista que toca corne inglês (english horn). Entrego o pesado encargo aos magos das letras Reinaldo Santos Neves ou Pedro Nunes. Limitar-me-ei ao simples english horn player – por essas e outras é que adoro a língua inglesa. Pois bem, seguindo a linha do estranho e do inusitado, linha essa iniciada com o bassoon de Adam Smith (à disposição do navegante no Gramophone By John Lester), prossigo em nossa aventura com um english horn player: trata-se de Sonny Simmons, um excelente sax alto disposto a provar que jazz pode ser feito com qualquer instrumento. Apesar das inumeráveis provas e inarredáveis indícios apresentados por João Luiz Mazzi em favor de Bob Cooper como o verdadeiro introdutor do oboé no jazz – antes mesmo de Yusef Lateef! – o caso aqui não é bem esse. Bassoon, corne inglês e oboé são, de fato, todos da mesma família. Mas, dizer isso, é dizer muito pouco, afinal baleia e morcego são ambos mamíferos e nunca vi bichos tão diferentes entre si, além do que um é gordo e flutua e o outro é cego e voa. Estranhíssimo! O caso é que esses esquecidos instrumentos soam todos, ao menos às minhas orelhas leigas, de maneiras bastantes distintas. Mesmo todos sendo instrumentos da família das madeiras, e todos de palheta dupla, o oboé é o mais agudo (e me lembra muito aquela simpática e chatíssima gaita de foles irlandesa), sendo seguido por vários outros, todos mais graves. O leitor não iniciado poderá compreender o que digo imaginando que o oboé está para o sax soprano assim como o english horn está para o sax tenor, cada qual com um som progressivamente mais gordo que o outro. O bassoon, de todos o mais grave, é o que mais me agrada, talvez porque me faça lembrar de um saxofone barítono feito de algodão. Aos amigos navegantes, no Gramophone By John Lester, deixo a faixa Nuttin’ Out Jones, do excelente cd Illumination! De Elvin Jones, gravado em 1963. No piano McCoy Tyner e Jimmy Garrisson no baixo (que saudade de John Coltrane!). Na próxima resenha atacarei com Rufus Harley e sua gaita de foles (bagpipe). Aguardem!
12 comentários:
Ei! Quem disse que morcego é mamífero???
Um músico que toca bagpipe a gente não chama. A gente mata.
Quem toca corne inglês? Fácil: corneteiro inglês.
Como a gente chama um cara que toca bagpipe? Muito fácil. Da mesma forma que você chama um oboeteiro: Ei! Psiu!
E o Jazz? Por onde andará?
O rapaz sopra um saco? E usa mini-saia pregueada? Acho que Clô,o deputado, pode responder.
Taí, gostei do som.
Caro Lester,
Acho que quem toca bagpipe é aquele que literalmente enche o saco!
Lester,a proveito o mote para confirmar aquela notícia de um novo sax, o Aulochrome, inventado pelo belga François Louis- são dois saxes unidos por uma só boquilha. Essa releitura do sax, 100 anos depois do Adolphe Sax ter lançado aquele que conhecemos, foi entregue ao Joe Lovano. O belga gostaria depassar para o hermeto tb, a quem conhece de longa data. Agora diz, quem toca Aulochrome é o quê ?(O Globo-16/10/06).
John,
Estou aqui para agradecer a você pela visita ao meu blog e pelo comentário sobre minha resenha.
Seu texto também é muito bom.
Até mais.
Abraço!
Valeu Kléssius.
Grande abraço, JL.
Valeu mestre Coimbra. Mas essa coisa de vernáculo deixo com nosso Presidente e com Pedro.
Grande abraço, JL.
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