Acabei de chegar de uma festa. Não, eu não era convidado: fui para tocar. Toquei. Voltei e liguei o som. Peguei uma daquelas coisas indicadas pelo livro antigo do Karan, saxofonista e escritor jazzófilo gaúcho. Ouço David Murray e seu octeto. Ao meu ouvir, pareceu herdeiro de Coleman (pelo menos na faixa-título), mas um pouco menos agressivo (nas outras está mais pra Mingus). Arranjos arrojados e desenfreados unem um bando de sopros: além do tenor e clarinete baixo de Murray, tem dois trompetistas (Hugh Ragin e Rasul Siddik), um trombonista (Craig Harris), um altista (James Spaulding), acrescido de um pianista (Dave Burrell), um baixista (Wilber Morris) e um baterista (Ralph Peterson, jr.). Em alguns momentos soa bastante free, com aquela polifonia toda. Não é minha praia, mas é curioso ouvir as loucuras dos caras. No entanto, a faixa-título do cd - Hope Scope - deixou-me desesperançado: sou velho de espírito. Não consigo ir longe com isso. Dos cinco temas que compõe o disco, eu gostei de três: Thabo e os temas dedicados a Lester e a Webster. São bem mais melódicos. O de Lester chega a ser lírico (Murray tenta soprar seu tenor de acordo com o mestre - seu solo é bom). O tema dedicado a Webster tem um arranjo que lembra as bigbands (só lembra) que ele tanto curtia, mas a estrutura é muito mais, digamos, arrojada. Vou colocar essas duas faixas no Gramophone by Salsa.
3 comentários:
Muuray é o jeguinho no fundo da foto?
Mr. Salsa,
Na capa só vejo um Trio. A propósito, e o sarau de
Mr. Lester e suas respectivas repetitivas?
Sacanagem de lado, acho que a cena bucólica tem a ver com a lúdica música de Murray. Uma criança aprontando alguma arte, como a vovó dizia.
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