24/01/2007

Com a alma na ponta dos dedos

Li a última coluna de Luis Orlando Carneiro, no JB. Escreveu ele sobre um novo prodígio que grassa na trilha jazzística: Matt Savage. Fiquei com um pé atrás quando soube que, além de ter apenas dezesseis anos, o jovem é portador de males que fariam quaisquer pais tremerem nas bases: autista e com um tipo de síndrome que lhe aufere grande agilidade de raciocínio concreto e capacidade de memorizar sem necessariamente entender do que se trata, enfim, capta a forma, mas não o conteúdo. Todos os prodígios que ouvi deixam patente a necessidade de vivenciar mais as agruras da vida ou, melhor dizendo, deveriam ficar mais um tempo no barril para encorpar e amadurecer. O que dizer, então, de um jovem que, pela descrição de seus males, seria pura superfície? Que seria apenas um tipo de espelho que reproduziria tudo que estivesse a sua frente, num tipo estranho de simbiose? Procurei na internet alguma coisa do jovem e encontrei apenas duas faixas do cd Cutting loose que me surpreenderam. Trata-se de um disco autoral com densidade e expressão acima da média. Soou-me como a síntese de Lewis, Peterson e Monk. Parece que Deus reservou a alma do menino apenas para a música e, melhor ainda, para o jazz. Deixarei esse breve petisco para os navegantes ali no Gramophone by Salsa.
PS - Ficarei alguns dias afastado em função de obrigatórias férias (saco!). Lester, the bigboss, se encarregará da fatura.

2 comentários:

John Lester disse...

Acho bom demais. Com o tempo o garoto pega o bonde. Quem dera houvesse um Eldar Djangirov por mês para o jazz.

John Lester disse...

Acho bom demais. Com o tempo o garoto pega o bonde. Quem dera houvesse um Eldar Djangirov por mês para o jazz.