27/03/2007

Garibaldi e Marsalis

Há algum tempo atrás, ficou no ar uma interrogação sobre a preferência musical do nosso casmurro Garibaldi. Depois de descer a lenha em Miles Davis, ele depositou sua esperança no trabalho de Wynton Marsalis que, para ele, era a promessa da ressurreição do jazz em toda sua glória. Todos acharam muito estranho, pois o trompetista tem se mostrado (apesar de sua técnica primorosa) um tremendo burocrata desprovido de coração. Parece que seu projeto de retomar as lições das fontes originais do jazz, de acordo com a opinião de vários membros do clube das terças, descambou para uma exagerada assepsia que enclausura a música, mais do que a liberta. Garibaldi, encurralado durante o almoço jazzístico na casa de João Luiz, esclareceu que a sua opinião foi dada há vários anos atrás, após ter ouvido Marsalis tocar com sua big band (no disco Jazz at Lincoln Center). Disse-nos ele que ficou emocionado ao ouvir Marsalis fazer o trompete gargalhar na faixa Back to basics. Se o retorno aos fundamentos não se concretizou são outros quinhentos merréis, continuou Gari, mas que o disco é bom, isso é verdade. Deixaremos, pois, a faixa que comoveu o irascível Garibaldi para a avaliação dos navegantes.


12 comentários:

Anônimo disse...

Uai, cadê a muz???

figbatera disse...

É... eu também não a encontrei, uai!

Anônimo disse...

Calma, gente! O nosso diretor técnico está providenciando.

Anônimo disse...

Esse treco tá me cheirando mal...
Estão calando o Marsalis, um discípulo do Miles.

John Lester disse...

O jazz tem dessas coisas: se um branco tivesse gravado essa faixa, seria classificado de mero neo-dixieland e, muito provavelmente, essa gravação não receberia nenhuma atenção especial. Mas, como a coisa foi produzida e gravada por Wynton, recebe o bonito nome de neo-traditionalism e é ouvida com orelhas atentas e que, muitas vezes, escutam mais do que o que está tocando.

Foi assim com Bix Beiderbeck e Louis Armstrong, Chet Baker e Miles Davis, Art Pepper e Charlie Parker...

No caso da faixa Back To Basics, é inegável a citação inteligente de várias características dos fundamentos do jazz: síncope, polifonia, diálogos entre seções de sopros, superposição de ritmos, et coetera. Em destaque, a utilização do sopro como 'fala' que, no extremo, chega a gargalhar. Não há dúvida de que esse foi, e ainda é, um elemento marcante do jazz. Ok. Mas, no fim da faixa, fica aquela sensação de 'e daí?'.

geraldo picanco disse...

Pessoal, tem horas que eu me divirto ao saber que tem sempre alguém ou algum canto nessa bendita internet que possa me ajudar sem que a cabeça fique muito quente. Foi o que aconteceu quando me chamaram para dar pitaco em uma comunidade do orkut (o endereço está lá em baixo, com espaço entre os dablius). Fui dar uma olhada (síndrome BBB?) e dei com uma ofensa gratuita ao W. Marsalis. Achei então que seria oportuno apresentar à rapaziada (que não os conhece, claro) o Jazzseen. Foi assim:

"Esse é um blog que, atualmente, acho indispensável aos amantes do que se costuma chamar de jazz. Além de muita informação, discussões sobre temas ou mesmo albuns, tem uma coisa importantíssima: Verve. como o selo.
Um hábito saudável de tratar qualquer assunto seriamente sem deixar o (bom) humor de lado. Lá aprendi (e desaprendi) muito. Entendi que não entendia muita coisa por mero preconceito, por não ter discutido com ninguém. Às vezes impressões de um único momento, uma única audição.
E como foi citado o Wynton Marsalis, vale a pena dar um pulinho lá. Está na pauta.
Vou deixar aí em baixo o link, sendo que deverão tirar os espaços entre os dois pontos e as barras, entre as barras e após os pontos. Não cliquem nele. Copiem e corrijam.
.
http: / /jazzseen. blogspot. com/
.
E divirtam-se passeando pelas várias páginas do blog com os membros do clube das terças."

Link para a comunidade do JazzMan:

http://w w w.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=17968424&tid=2523518282580228099&na=2&nst=5

Salsa disse...

Valeu, picanco,
A gente também costuma implicar com Marsalis, mas, pelo menos, nos damos ao trabalho de ouvi-lo. Ele tem uma série de discos muito interessantes (como citado no post)e merece a atenção de todos. Eu não dispensaria um show dele.

figbatera disse...

Eu já o vi e ouvi num antigo Free Jazz Festival e dando uma senhora "canja" no Jazzmania/Rio e gostei muito dele e todo o "combo"!!!
ps.: eu não sou tão "entendido" e "exigente" como a maioria aqui...

Anônimo disse...

É qui nóis mora qui na roça e num temus chancha de sistir ecis xous qui vosmiceis si regala aí na capitar. Ao vivo di verdade é bem miór. Ô, inveja, sô!

Anônimo disse...

Wynton Marsalis é um excelente professor de música. Como músico (trompetista) é "burocrata desprovido de coração", como disse mr.Salsa e eu acrescento: muito chato. Viva Roy Hargrove!

Anônimo disse...

Meu caro Lester, concordo com a sua análise, como sempre muito acurada, da faixa Back to Basics. Não concordo, porém, com o fecho dela: "E daí?"

Entendo que esse "E daí?" significa que a faixa não é (e não é mesmo)um "turning-point" no jazz como, por exemplo, a versão de 1939 de "Body and Soul" com Coleman Hawkins, "Things to Come", com Dizzy Gillespie, nos anos 40, ou aquela interpretação de Parker em "Lady Be Good" num dos JATP da vida, se não me engano de 1946, que, segundo o testemunho de um músico, "fez envelhecer todo mundo que estava ali tocando naquela noite".

Mas 99% das gravações de jazz estão no mesmo caso despretensioso de Back To Basics: não têm outro objetivo a não ser dar prazer ao músico e ao ouvinte, e isso já é objetivo mais que suficiente pra justificar que eles toquem e que nós ouçamos.

John Lester disse...

É isso, Reinaldo. Como diria Miles: so what.