Amor fati

Quando um grande pianista consegue se estabelecer como um grande pianista e logo a seguir perde tudo devido à esclerose múltipla, é preciso que Mr. John Lester fale sobre isso. É preciso lembrar do amor fati de que nos fala Thomas Mann em sua introdução ao O Eleito – estória onde Gregório é lançado ao mar num barril quando nasce. Ou, antes dele, é preciso lembrar do amor fati de que nos fala Friedrich Nietzsche: o super-homem deve aceitar integralmente sua vida e seu destino. Calvin Pearson recebeu do tio, um grande admirador de Ellington, o apelido de Duke. Ainda criança começou a aprender piano e trompete, mas os problemas com os dentes levaram o garoto a se tornar apenas um grande pianista, um compositor de talento e um competente arranjador. Duke Pearson trabalhou com Donald Byrd, Art Farmer e Benny Golson no The Jazztet, Nancy Wilson, Pepper Adams, Lew Tabackin, Carmen McRae e muitos outros. Apesar de ter gravado diversos e excelentes álbuns, muitos deles para a Blue Note, deixamos para os amigos navegantes seu único álbum pela Atlantic: Prairie Dog, gravado em 1966 com Johnny Coles (t), James Spaulding (f, as), Harold Vick (ss, ts), George Coleman (ts), Gene Bertoncini (g), Bob Cranshaw (b) e Mickey Roker (d). Depois dizem que vivemos no melhor dos mundos possível. Será também o mais feliz?