Henderson, apesar de saxofonista, instrumento de minha predileção, não é um daqueles músicos que eu ouço com freqüência. Vai aí um pouco de injustiça, pois os sete discos que possuo bem merecem uma ouvidela atenta. Eles estão longe de serem, como me disse um amigo, correlatos às pragas que assolaram o Egito bíblico. Passei boa parte do dia ouvindo as nuances sonoras do velhinho e não tenho o que reclamar: combinou bem com um bordeaux (daqueles de combate, que a gente encontra com facilidade em supermercados) que eu enxuguei. Já devidamente em alfa, eu ouvi o disco dedicado ao compositor americano Billy Strayhorn. O título é o mesmo daquele do São João Coltrane: Lush Life. A faixa de abertura é Isfahan, em que rola um delicado diálogo com o baixo de Christian McBride. Para os navegantes, além do tema citado, deixarei Drawing room blues. Password? jazzseen.
16 comentários:
Não sei exatamente o motivo, mas acho Joe um dos saxofonistas mais chatos do jazz.
Deve ser meu ouvido, talvez.
É o ouvido, é o ouvido. Abandone a enciclopédia e deixe a alma se levar pela música. Esqueça as estereotipias e deixe as musas soprarem em seu ouvido. O dia em que elas concederem a graça de suas vozes você perceberá que a música é muito, mas muito mais do que qualquer um pode dizer a seu respeito. Se tal dia chegar, seremos todos músicos.
Bem, assim como tem gente que gosta do Herbie Hancock tocando fusion, tem gente que gosta de Joe Henderson tocando teor.
Ainda fico com Bud Powell e Sonny Stitt, por exemplo. Com ou sem musas rs.
É, tão jovem, e Mr. Lester está pegando as manias de Garibaldi, cheio de não-me-toques. Não-me-toques esse instrumento, não-me-toques esse disco, não-me-toques aquela música. Um dia, como diz o professor Ipsis Litteris Grijó, vão acabar GagáRibaldi.
O timbre ficou parecido com Desmond. Um tenor tocado com ternura. Tenho um disco mais antigo chamado Inner urge que soava mais agressivo.
Mr. Salsa
Antes de mais nada, e tudo depois de antes, Henderson tinha um estilo muito próprio, reconhecível ao primeiro sopro. E também não se escravizava em zonas confortáveis, fazendo sempre o que dele se esperava, ou seja, um jazz dentro de padrões regiamente estabelecidos. Talvez por isso tenha tocado com o grupo Blood, Sweat & Tears, ou mesmo gravado um CD inteiramente com temas de Jobim.
Definitivamente nunca foi chato, pelo menos na minha concepção. Ao contrário, era criativo e muitas vezes chegava perto do que se convencionou chamar de free jazz - vide "In Pursuit Of Blackness". Esse álbum específico recebeu cotação máxima no AMG, feito em 1991, dez anos antes de sua morte, em consequência de problemas cardíacos que lhe danificaram o pulmão.
Apenas para concordar com JoFlavio que me tem parecido sensato em suas intervenções. Gosto da fase do Henderson com McCoy, Elvin Jones e Kenny Dorham. Ele não se deu bem com o Miles, ou vice versa.Os Cds dedicados ao Miles e ao Tom são bem agradáveis. Era um bom tenorista, com estilo.
pra quem nao conhece nada, a coisa eh sempre boa...
Creio que, além das musas assobiando no ouvido, vou precisar de duas garrafas daquele tinto de que nos fala JoFlavio.
Falta alguma coisa no som do Joe. Não sinto emoção. Vou tentar bêbado.
O vinho, moderadamente, pode ser melhor conselheiro do que a enciclopédia. Aproveite.
Joe Henderson é chato, sim.
Concordo com JL. Mas um chato pode ser interessante e competente.
O que são os ouvintes de jazz, senão chatos usando galochas?
Incluo-me, claro. E incluo o caladíssimo Garibaldi nessa nau.
A questão é que Drowing Room é da pesada.
E o disco do Henderson no Japão (pela Milestones) é uma beleza.
Depois das opiniões acima, nem vou entrar nessa polêmica, pois iria desancar o tal do Joe Henderson que é mais chato do que o sr.Lester imagina. Nem bêbado dá para aguentar ouvi-lo.
Se me permitem, Joe Henderson era um excelente sax tenor, num estilo muito só dele, melódico, quentinho, bonito, ambiental, num som que cristaliza e representa o espírito do jazz de todos os tempos e para todo o sempre. Faz lembrar aquele tocador de sax solitário, no Metro ou na esquina daquela rua...É muito romântico, por isso percebo e subscrevo as palavras de Salsa em contraponto a Lester. Mas percebo que não dá para ouvir todos os dias...Só à noite e numa muito especial. Já fui fan e gosto muito do tema "Punjab", de sua autoria. Há também um CD com Renee Rosnes, "For the moment", em que a sua prestação é lindíssima.
Pelo que saíba John Henderson morreu da deterioração de sua saúde em conseguencia de um AVC.Ele sempre foi um músico respeitável no meio.Uma espécie de referência a ser reconhecida em algum tempo.Nos discos que saíram pela Blue Note(Page One , InnerUrge,The State of Tenor Vol 1/2)e os espetaculares (New York Reunion da Chesky , e principalmente o dedicado ao Miles,So Near So Far, da Verve.O disco dedicado ao Strayhorn e ate meio superestimado ,em minha indigente opinião(foi disco do ano da revista DB), apenas um bom trabalho .Porém, um músico que participou ativamente de obras primas eternas do jazz : The Real Mc Coy (Mc Coy Tyner) Unity (Larry Young) jamais poderá ser considerado uma mediocridade.Recomendo também seu disco de Big Band de formação estelar.Os que considero realmente não tão bons,entre outros, são o disco dedicado ao Jobim e sua versão do Porgy and Bess .Assisti a duas apresentações suas ,uma em SP e outra em Boston.Na de São Paulo,após a participei de um jantar em sua homenagem .O sujeito era muito despojado , ate mesmo simplório e muito amável.Edú
" Abandone a enciclopédia e deixe a alma se levar pela música. Você perceberá que Ela é muito, mas muito mais do que qualquer um pode dizer a seu respeito. Se tal dia chegar, seremos todos músicos. "
Editando, subscrevo.
eu gosto de joe henderson. não é meu preferido mas gosto. acho ele lírico, com boa inventiva, bom improvisador,por vezes com uma veia melancólica que me agrada. gosto dele com lee morgan ou horace silver, por exemplo. é um músico sólido.
Postar um comentário