John Lester sempre disse que jazz e samba são a mesma coisa, só muda a pegada. E John Lester sempre foi muito combatido por essa sua opinião - seus inimigos dizem que o brasileiro não sabe tocar jazz e que o americano não sabe tocar samba. Mas John Lester não liga: qual seria a graça de viver sem inimigos? O que importa é que o Jazzseen lança sua mais nova sessão: Brazilian Jazz Downloads (os álbuns ficam dispostos na coluna da direita do blog, logo após as Enquetes by Jazzseen). E para inaugurar nossa sessão e comprovar nossa tese, nada melhor que o mineiro Moacyr Silva, um dos maiores saxofonistas brasileiros. Por ser negro, Moacyr teve que se esconder sob o pseudônimo branco de Bob Fleming para fazer sucesso e vender muitos discos nas décadas de 1950 e 1960. Depois disso, Moacyr sumiu do mapa e ninguém sabe dizer ao certo o que aconteceu com ele. Só sabemos que morreu em 2002. Nosso álbum de estréia é Moacyr Silva e Seu Conjunto, gravado em 1956 para a Copacabana. Com ele estão Maurilio da Silva Santos (t), Nelson dos Santos (tb), Chaim Lewak (p), Dom Um Romao (d), Rodolfo Taranto (b). As faixas são: 01 - Pennies From Heaven (A. Johnston / J. Burke), 02 - Sacode Carola (Hélio Nascimento), 03 - Love Is a Many Splendored Thing (Paul Francis Webster / S. Fain), 04 - Catita (Carvalhinho / Loyola), 05 - If You Can Dream (S. Cahn / N. Brodszky), 06 - Sal e Pimenta (Nazareno de Brito / Newton Ramalho), 07 - Memories Are Made Of This (T. Gilkyson / R. Dehr / F. Miller) e 08 - Convite ao Samba (Inaldo Vilarim / Gaúcho). Só muda a pegada.
10 comentários:
Concordo Lester...só muda a pegada,rs.
Um abraço
Daqui a pouco, caro JL, vc vai dizer que jazz e chorinho são a mesma coisa - só muda a pegada.
Eu discordo. Não creio na capacidade de impovisação do samba, embora tenha respeito pelos caras da velha guarda: Cartola et alli.
Não conheço o disco do Moacyr Silva, mas vou checar.
E quanto ao samba dos americanos? Milton Banana ganhou grana tentando ensinar aos ianques a batida sambista. Ganhou grana e os caras não aprenderam.
Exceto Alan Dawson. Lembra-se do disco que citei, há poucas semanas, no clube das terças?
Cheque.
Sr. Grijó,
Creio que o chorinho, no modo de tocar original, se aproximava sim do jazz. Sabemos que as rodas de choro eram marcadas pela improvisação - fulano puxava um tema, construía outra melodia (fazia suas paráfrases), e deixava para o próximo tentar encarar a parada. Com o tempo, depois das gravações, a coisa ficou mais restrita: os músicos ficavam (ficam) naquela de reproduzir as gravações fielmente. É o tal do cover. O músico de choro passou a ser reconhecido pela sua capacidade de reproduzir.
Se você observar uma partitura de choro e outra de bebop (principalmente os temas de Parker) perceberá a semelhança formal (com um ou outro acidente e diferenças nas pausas). Não foi à-toa que Parker gravou Tico-tico no fubá.
Nada como definir bem certos termos antes de iniciarmos um debate. O termo 'improviso' tem vários significados no jazz. A improvisação coletiva dos estilos New Orleans e Chicago têm muito a ver com a improvisação do chorinho. O samba - não o tocado nos desfiles e nos lp's - tocado nas favelas e nos fundos de quintais têm muito improviso 'harmônico' na linha do bebop. Eu, que já morei na Penha-RJ, perto do Morro do Alemão, sei disso. Infelizmente a ditadura no Brasil impediu que a coisa evoluísse, ao contrário dos EUA, um país democrático.
Caro Chorão, o fato de Parker ter gravado Tico-Tico não significa que haja semelhanças "improvisativas" entre jazz e choro.
Coltrane gravou Aquarela do Brasil e até onde sei, aquilo não é jazz, embora ele tenha dado uma "roupagem" diferente. Segundo os conhecedores - não o sou, definitivamente -, o chorinho aproxima-se mais do schottish no quesito harmônico-melódico.
Ou não?
Então não seria a expressão "só muda a pegada" um tanto quanto exagerada?
Esse tal de John Lester deveria escrever sobre pagode. Nunca li tanta bobagem num só blog!
Olha o gaúcho do lotação aí, gente. É o tal "entendido".
Prá quem não sabe: conta-se que ele estava num ônibus lotadaço e um operário ficou bem atrás dele, inevitavelmente colado. O gaúcho resmunga: Que estás fazendo aí, tchê? E o peão - nada, moço, nada. No que o dito cujo diz: então saia daí,tchê, e deixe o lugar para outro mais matcho.
O cara é veado?
Gostaria de solicitar aos visitantes que tentem manter a sobriedade. Se o cara é ou não o que quer que seja, isso é coisa pros gaúchos resolverem. Respeitemos, pois.
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