19/08/2007

Jeova and the boogie woogie flu

Antes preciso agradecer ao amigo John Lester pelo convite para escrever no Jazzseen. Agradecer porque ele sabe que minha praia é mais o blues. Mas se é verdade o que Lester sempre diz, que blues também é jazz, então tudo terminará bem. Minha primeira resenha acabou resultando inflacionada pela vontade enorme de escrever sobre muitas coisas ao mesmo tempo. É que eu precisava falar de New Orleans, cidade de onde brotou o jazz - mas que não foi o berço do blues. Precisava falar também de alguns guias de blues, e, ainda, sobre o imenso poder da fé das Testemunhas de Jeová. Dos guias, sempre acabo me socorrendo no All Music Guide To The Blues (tenho a primeira edição, de 1996, e a terceira, bastante aumentada, de 2003, com suas generosas 755 páginas). Devo prestar tributo também ao meu primeiro guia de blues: Blues, Da Lama à Fama, de 1995, muito bem escrito por Roberto Muggiati. Recomendaria sem receio a boa Encyclopedia Of The Blues, do francês Gérard Herzhaft, publicada em inglês em 1997 pela Universidade de Arkansas. Outro bom guia, embora voltado para leitores mais específicos, é Blues For Dummies, lançado em 1998 pela IDG Books. Bem, é lá na página 511 do All Music que você encontra o verbete sobre Huey 'Piano' Smith, um dos melhores e mais bem humorados pianistas de New Orleans - veja: seu maior sucesso foi Rockin' Pneumonia And The Boogie Woogie Flu. Se você tem curiosidade em saber que tipo de música rola pelas madrugadas de New Orleans, o álbum Having A Good Time (pw bluesandrhythm.blogspot.com) pode ser uma excelente idéia. Entre os formidáveis solos de Huey você encontra solos rascantes de sax, coros de meninas, mãos batendo palmas e muita diversão. O álbum foi gravado em 1958 para a Ace Records. Na década de 1970 Huey foi convertido em Testemunha de Jeová e nunca mais fez sua alegre música. É aquela velha máxima contida no Evangelho de Mateus (6, 24): nemo potest duobus dominis servire, ou seja: ninguém pode servir a dois senhores ou, como sempre diz John Lester, ninguém pode andar de bicicleta e mascar chiclete ao mesmo tempo. Esse espisódio famoso do Sermão da Montanha também aparece em Lucas (16, 13) e no excelente Liber Proverbiorum de Pseudo-Beda. Recomendo essas edificantes leituras enquanto ouvimos o álbum de Huey. Um abraço e até a próxima!

6 comentários:

Anônimo disse...

Dominus tecum!

figbatera disse...

Bem-vindo seja mais um "entendido" aqui no Jaazseen pra nos informar das coisas passadas e presentes sob o jazz e o blues.

John Lester disse...

Que surpresa Roberto! Seja muito bem vindo ao nosso blog. Tenho certeza que suas resenhas vão fornecer novo brilho ao Jazzseen.

Grande abraço, JL.

Anônimo disse...

catzo, mais um enciclopedista. Bom que eu economizo a grana. Lerei aqui as informações.

Anônimo disse...

Aí, pessoal. Se não acharem no Google, acham aqui no Jazzseen. Beleza, Scardua, manda bala.

Anônimo disse...

valeu scardua! discaço!