Acabei de ler "Kind of Blue - A História da Obra-Prima de Miles Davis", do jornalista e produtor de rádio Ashley Kahn.Um livro essencial para quem curte jazz, essencial para quem aprecia a boa música.Kahn já havia escrito sobre o tenorista Coltrane e sobre a gravadora Impulse (lar temporário de muitos músico, como Mingus, Rollins & outros), foi colaborador da Rolling Stone Jazz & Blues Album Guide. É tarimbado, escreve com ligeireza e propriedade. Entende do assunto.Kind of Blue, para muitos, é o disco definitivo de Miles Davis. Para Kahn é o mais importante. É o que foi além.Não sei dizer, mas entendo sua importância e sua influência ao que veio depois, de forma substancial: a fervida sonoridade de Cannonball Adderley, a impressionnte agilidade de Bill Evans, os solos precisos de Coltrane. Três elementos que solidificaram esses artistas a partir das sessões de gravação do álbum em questão.Isso sem desprezar Wynton Kelly, o pianista que participa de apenas uma faixa do disco, Freddie Freeloader. E Paul Chambers, no baixo. E ainda Jimmy Cobb, um baterista de excelência, o único músico participante daquela sessão que ainda respira.As narrações das sessões de gravação têm sabor, as informações sobre o jazz modal são preciosas. Os diálogos entre os músicos, as interferências do produtor, o temperamento de Miles, as fotografias, as ilustrações - tudo colabora para que a leitura seja agradável até para aqueles que consideram o jazz música inacessível. Até para aqueles que a consideram "música para músicos".Ashley Kahn teve trabalho. Pesquisou arduamente, teve acesso a informações que, até então, eram exclusivas dos porões da Columbia Records. Pôde, assim, escrever sobre música. O que para muitos é a mesma coisa que dançar sobre arquitetura. Não, não é. Se é para misturar as artes numa estranha sinestesia, pode-se afirmar que Miles criou um monumento. Sua música é sólida como um monolito, ao mesmo tempo que suave como sopro de criança.
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O livro é da Editora Barracuda. A tradução ficou a cargo de Patrícia de Cia e Marcelo Orozco. Nesses tempos de download grátis, seria bom dar uma checada no disco. Ou comprá-lo na loja mais próxima.
O livro é da Editora Barracuda. A tradução ficou a cargo de Patrícia de Cia e Marcelo Orozco. Nesses tempos de download grátis, seria bom dar uma checada no disco. Ou comprá-lo na loja mais próxima.
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Kind of Blue, Columbia, 1959
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Miles Davis, trumpete
John Coltrane, sax tenor
Cannonball Adderley, sax alto
Bill Evans, piano
Wynton Kelly, piano
Paul Chambers, baixo
Jimmy Cobb, bateria
11 comentários:
tambem gostei muito do livro, pena que a "biografia" de "a love supreme", do mesmo autor ainda não tenha edição em portugues...
vinicius
Bem vindo Mr. Grijó.
Grijó parece ser uma boa substituição para o Salsa, que, segundo ele mesmo disse, "pediu alta" do serviço.
Bem, uns vêm, uns vão.
Quanto ao livro, esperarei a versão sêbo.
Prezado Danilo, Mr. Salsa não pediu alta, mesmo porque, como um dos donos do blog, ele não precisa pedir. Mr. Salsa apenas tirou uma licença sem vencimentos por tempo indeterminado, para cuidar do calo e da tese de doutorado.
O Jazzseen, formado por Mr. Salsa e Mr. John Lester, considera que todos por aqui são insubstituíveis, ao contrário do previsto nas normas ISO 9miletal, onde as pessoas são apenas números.
É isso, JL.
Eu é que agradeço, JL.
Sinta-se à vontade para capturar o que quiser do Ipsis Litteris.
Bom ter gente nova no Jazzseen. Legal.
Entra gente nova, sai gente velha ou vice-versa ao contrário e continua a mesma coisa. Tantos "gigantes" e gente boa no jazz e vem o sr. Grijó desperdiçar "espaço" com Miles Davis, o músico mais enganador no âmbito jazzístico. Tenha paciência! Bom mesmo era Clifford Brown. Esbanjava técnica, a bordo de um som cheio e redondo do trumpet, de uma beleza que Dizzy Gillespie não quis procurar e Miles Davis nunca conseguiu encontrar.
por falar nisso não é estranho tantos votos para o Freddie Hubbard?
vinicius
O livro é estupendo, os direitos de Love Supreme , no mesmos moldes , só com o enfoque no trabalho de Coltrane, já foi adquirido pela mesma editora.Como o mercado editorial e imprevisível, como o musical, roguemos que ele em breve esteja nas livrarias.Por curiosidade peguei a autobiografia do Miles pra reler e as gravações de Kind
Of Blue são citadas num paragráfo pequeno e pobre de informações e transcrição de alguma emoção especial,apesar de tratar-se do fenômeno que modificou a forma de gerações escutarem música,me
incluíndo.Nada modidifica meu conceito que 15 anos após a sua morte reafirmar em tratar-se de um dos mais inspirados criadores do secúlo XX.Apesar de seus desvios
de caratér.Ele foi o Picasso do Jazz.Clifford Brown foi um dos três mais significativos trumpetistas da história do jazz com Dizzy Gillespie e Louis Armstrong , Clark Terry foi o quarto, disputando cabeça a cabeça com Lee Morgan.Freddie Hubbard tinha talento técnico pra se juntar a essa elite.Porém desviou-se dessa trilha.Simplesmente explosivos seus discos na denominação VSOP(os dois eu tenho acho que são os únicos e essenciais por se realizarem em pleno inicío do excesso de recursos eletrônicos na música,meados dos anos 70,
, a situação iria piorar muito posteriormente, ainda.A formação Hancock,Hubbard,Williams,Carter,Shorter é irreditável .A versão de Eye of Hurricane, no segundo disco é uma das mais impressionantes experiências auditivas que um amante do jazz não deveria deixar de experimentar na vida .Edú
Depois das palavras do Edú, alguém ainda quer saber porque tantos votos para o Hubbard?
JL.
tenho q confessar q não ouvi estes discos... vou providenciar.
vinicius
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