11/09/2007

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Se Bin Laden fosse músico ele provavelmente faria uma música tão arrojada e visceral quanto a de John Coltrane, o maior guerrilheiro do sax tenor que o jazz já produziu. Embora a ação beligerante de Bin contra a capital mundial do jazz tenha tido êxito e tenha sido aplaudida por alguns que odeiam os EUA, eu tenho cá minhas dúvidas de que o mundo seria melhor se Bin Laden tivesse em suas mãos o poderio econômico e militar dos norte-americanos. Difícil escolha: Bin ou Júnior? Creio que, se dependesse desses dois, nem haveria mais jazz em New York, quiçá no mundo. A sequência do jazz é exatamente essa: nasce em New Orleans, engatinha até Chicago e amadurece em New York, onde tem sua primeira experiência com a deliciosa maçã. Enquanto no Minton's, o bar mais doido do Harlem, Charlie Parker retocava o bebop, John Coltrane tocava o bebop no Hawaii, com um famoso desconhecido trompetista chamado Dexter Culbertson. Era 13 de julho de 1946 e estas seriam as primeiras gravações de Coltrane, registradas em quatro bolachas 78rpm. Por uma dessas obras felizes do improvável, acabamos de aprovar o ingresso do mais novo sócio do Clube das Terças, o ilustrado mestre Francisco Grijó. Não que ele tenha se saído bem nos testes de ingresso ao Clube. Nada disso. O real motivo de sua aprovação foi possuir a coleção completa das gravações do maior guerrilheiro do jazz, John Coltrane. Perquirido quanto às gravações de Coltrane no sonolento e ensolarado Hawaii, Grijó retorquiu de pronto: possuo tudo, inclusive com os sete bônus tracks de Johnny Hodges em Los Angeles, gravados em 1954. Estupefatos e unânimes, aprovamos Francisco Grijó, entre outras coisas, autor de um dos blogs mais interessantes e bem escritos da net: IPSIS LITTERIS - BLOG DO GRIJÓ. Mas, então, que assim sejam os 11 de setembros, repletos de jazz e menos fogos de artifícios ridículos, cruéis e covardes. Para os amigos segue KO KO com John Coltrane no sax alto acompanhado por Dexter Culbertson (t), Norman Poulshock (p), Willie Stauder (b), Joe Timer (d). Cof cof cof.







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Nota Triste: VIENA, 11 Set 2007 - O pianista de jazz austríaco Joe Zawinul, fundador do conjunto Weather Report nos anos 1970 e que gravou vários discos com Miles Davis nos anos 1960, faleceu nesta terça-feira, em Viena, aos 75 anos de idade, informou a família. Joe Zawinul, que nasceu em 7 de julho de 1932, estava hospitalizado desde 5 de agosto em uma clínica de Viena. Segundo a imprensa austríaca, sofria de câncer. Desde 2004 era proprietário de um clube de jazz em Viena e realizava freqüentes turnêds com seu novo conjunto, Zawinul Syndicate.



14 comentários:

Anônimo disse...

soube hoje cedo. O Osvaldo postou lá no mpbjazz. A pegada funky de Zawinul fez escola (quando eu toco nos bares vitorianos, o tema Mercy, mercy, mercy é obrigatório).
PS - E aí mr. Lester, já fez as malas?

Anônimo disse...

John Coltrane estava mais para Saddam Hussain do que para Bin Laden. E, retificando o sr. Lester, o pop, funky, fusion e "outros bichos" é que, lamentavelmente, perdeu um dos seus maiores seguidores: o pianista Joe Zawinul.

figbatera disse...

Salsa e Lester, espero ter a chance de conhecê-los pessoalmente lá em Ouro Preto.

Anônimo disse...

PERVERSO ESSE ALTO DO TRANE

Anônimo disse...

Eu ficarei no Priskar hotel, usando o codenome Luiz Romero. Chegarei na quinta-feira à tarde.

Anônimo disse...

Grande perda, mas q apenas um tecladista , um verdadeiro músico q se aventurava no experimentalismo e na ousadia de timbres e tonalidades.Foi o líder do melhor grupo "plugado", pela razão de reunir uma constelação de talentos que sabia, da mesma forma, tocar também muito bem com a sonoridade natural de seus instrumentos , que já existiu , na minha indigente opinião.Edú

Cinéfilo disse...

Nunca fui muito chegado ao Weather Report, mas, como eu mesmo postei em meu blog (obrigado pela força, caríssimo JL), Zawinul era um mestre.

E devo confessar que me falta Sun Ship, do bom e velho Johnny. Aliás, JL, vc o tem...que tal uma cópia bem feita em homenagem ao Che Guevara do jazz? (Bin é de lascar...prefiro Che)

Anônimo disse...

A titulo de curiosidade: Luiz Romero e o alter ego do Salsa?E o blog recomendado parece não ter a mesma ênfase na pluralidade de opiniões, sujeitas a consideração pessoal prévia ,antes da postagem, de seu dono, do q em seu desconstrangimento em solicitar cópias.Edú

Oslo disse...

Relaxa, edu. O cara já comprou uma carrada de discos do coltrane e merece umas bonus tracks.
Danilo

Cinéfilo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cinéfilo disse...

Relax, Edu com acento...

John Lester disse...

Prezados amigos,

Antes gostaria de agradecer tantos e variados comentários. Sem vocês e suas opiniões o Jazzseen não seria nada.

Na ordem:

Prezado Olney, a namorada é quem sabe de tudo, hotel, dia, hora e roteiro. Sim, estou de carona com ela e, ao que tudo indica, ela passará em BH e Mariana antes de me permitir assistir aos shows de jazz. Prometo, contudo, informar-lhe a tempo o nome do albergue onde comerei meu tutu (tutu tem acento Grijó?).

Prezado Salsa, quem está fazendo minhas malas é a namorada. Espero que você não use isso contra mim no processo trabalhista que pretende mover contra a diretoria do Jazzseen.

Prezado Grijó, estive lá no Clube das Terças, carregando uma sacola cujo conteúdo era seu. Talvez na próxima terça?

Bem, aos demais um abraço fraterno e até Ouro Preto!

JL.

Cinéfilo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cinéfilo disse...

Caríssimo JL,
mantenha o conteúdo. Não foi possível estar com vcs na terça passada. Questões pré-vestibulares que não serão mais incômodas, já que resolvidas.
Na próxima estarei lá.
Aproveite as ladeiras daquela cidade árcade.