27/11/2007

Anthony Wilson

Hoje o Jazzseen tem o privilégio de trazer para os amigos uma resenha do escritor Pedro Nunes. Publicada originalmente em seu Almanaque Íntimo, conseguimos permissão para publicá-la em nosso blog. É assim: "Quem assistiu ao DVD Live in Paris, de Diana Krall, pôde reparar que, além de a bela pianista apresentar-se com uma saia que batia nos tornozelos, o que só faz aumentar seus méritos num momento em que as grandes cantoras se apresentam bem menos vestidas, ela se fez acompanhar de um time de músicos de primeira: o brasileiro Paulinho da Costa, na percussão, John Clayton, no baixo, Jeff Hamilton, na bateria, e Anthony Wilson, na guitarra, além da orquestra regida por Claus Ogeman. E quem reparou melhor viu no canto esquerdo do vídeo, à direita da cantora, um sujeito com cara de nerd , com direito a óculos fundo-de-garrafa, mandando ver encurvado sobre uma Gibson. Na hora do solo, lá estava ele, debaixo dos olhos admirados da dona do show – que quase rouba. Pois é, Anthony Wilson é o nome do cara. Mas quem é Anthony Wilson? Existe vida além de Diana Krall? Felizmente sim. Bem, eu já tinha concluído, pelos motivos expostos, que estava diante de um grande músico, e, posto receasse encontrar algo diverso do que vira, resolvi arriscar um palpite. Para tentar ratificar minhas impressões, fiz chegar-me às mãos seu álbum de estréia, simplesmente Anthony Wilson, lançado em 1997. Claro que um álbum de estréia pode ser temerário, mas não me decepcionei. Muito pelo contrário. E olhe que, além de tocar, Anthony Wilson compôs sete das dez magníficas faixas do disco e é autor de todos os arranjos que executa em companhia de Carl Saunders no trompete, Ira Nepus no trombone, Louis Taylor em vários instrumentos de sopro, Pete Christlieb no tenor, Jack Nimitz no barítono, Brad Mehldau no piano, Danton Boller no baixo e Willie Jones III na bateria. Anthony Wilson tem pedigree: é filho do respeitadíssimo, embora pouco conhecido, band-leader e trompetista Gerald Wilson. Mas parece ter feito, e bem, seu próprio caminho. Claro que podia ter feito outras opções. Outros músicos bem mais velhos que ele escolheram caminhos mais fáceis, mas Anthony Wilson, felizmente, parece ter feito a escolha correta. Com os pés fincados no bebop, Anthony Wilson detém o prêmio do Thelonious Monk Institute International Composers’ pela faixa Karaoke, a terceira do CD – apesar do título, brilhante – , e já lançou cerca de meia-dúzia de trabalhos, dos quais Power of nine, lançado em 2006, foi considerado pelo The New Yorker’s como um dos dez melhores discos de jazz de 2006. Em março e abril deste ano fez diversas apresentações no Brasil com o violonista, guitarrista, compositor e arranjador Chico Pinheiro, com quem gravou o CD Nova. Existe a expectativa de que Nova renda várias apresentações no Brasil em novembro de 2007. Esperamos que ele apareça por aqui."

15 comentários:

Anônimo disse...

Beleza de show!

John Lester disse...

Obrigado Pedro!

Anônimo disse...

Não vou comentar este DVD da Diana Krall, devido ao grande respeito que tenho pelo escritor Pedro Nunes, mas no "duro da cebola" o único que se salva da "meladeira" toda é o guitarrista Anthony Wilson, e olhe lá.

Anônimo disse...

adorei o texto do pedro, vou comprar o dvd!

Cinéfilo disse...

Peter Nunn é dos melhores, JL.
Eu já havia lido o texto e, como sempre, Peter surpreende pela leveza - e por que não dizer sutileza? - do verbo. Espero que ele permita que haja outras publicações. Ah, claro: e espero que vc permita que a resenha dele sobre o extraordinário guitarrista Ritchie Blackmore possa constar dos quadros do Jazzseen.
Essa foi apenas para provocar.

Cortinas sempre abertas para Pedrinho.

abraço

Anônimo disse...

Atendendo a uma sugestão desse espaço tomei conhecimento das valiosas informações a respeito de Anthony Wilson no próprio blog do autor do post.Dessas informações soube q Wilson ocupou a vaga de Russel Malone no quarteto de Diana Krall.Porém, recentemente, Malone, q detinha bastante “intimidade” com a Sra.Elvis Costello(Krall), segundo testemunhas de suas apresentações anteriores no Rio de Janeiro, época a qual Krall não precisava preocupar-se em amamentar seu gêmeos após fechar a tampa do piano, retornou ao grupo da cantora canadense e repetiu-se a mesma experiência.Somente, em ação inversa: com Malone retomando sua vaga q era preenchida pelo excelente Anthony Wilson.Todavia, a informação q desconhecia e a mais preciosa , e a filiação de Anthony .Seu pai é o band leader, arranjador inspirado, trumpetista aposentado Gerald Wilson.Maravilhosa é a miscigenação: enquanto Anthony é branco como a nuvem celestial,Gerald e um “enxuto” mulato longe líneo com sorriso estalando em imaculados dentes e sempre, nas fotos de seus cds, trajando um summer jacket.Se a raiz é nobre, tenha expectativas de bons frutos, reza o ditado , q desconhece, nesse caso, qualquer histórico de adoção.Trumpetista e arranjador principal do grupo de Jimmie Lunceford de 39 a 42 , Gerald Wilson enfrentou forte concorrência por dividir sua era com Charlie Shavers,Cootie Williams,Jonah Jones,Harry James,Buck Clayton,Harry Sweets Edison e um Louis Armstrong “na ponta dos cascos”.Reconhecendo sua inferioridade perante a esses titãs da era da big band e swing, Gerald utilizou sua técnica de instrumentista em associação a obstinação em se tornar um arranjador q “literalmente, pensava grande” colocando suas composições a serviço de grupos com mais de uma dúzia de figuras.Com passagem posterior pela banda do saxofonista alto e ,até certo ponto, bissexto, trumpetista, Benny Carter enfrentou ás adversidades e formou seu próprio grupo tocando uma mescla de swing com arrojadas alterações tonais q antecipava o saudável terremoto sonoro q se tornou o bebop, tanto para a musica, como pros instrumentistas , arranjadores e pra qualquer tipo de compreensão formal q se retirasse.Seu grupo ,entretanto, teve vida curta.Mantendo-se em formações ocasionais em q os músicos atendiam prontamente a seu pedido pra “testar” as novas composições.Nos anos 50, “penou” sobrevivendo na criação de arranjos e trabalhos eventuais como instrumentista de estúdio.Realizou trabalhos de arranjos e participação como músico convidado com Duke Ellington e Count Basie e suas respectivas big bands.Em 1963 , reincidiu a experiência de liderar novamente um grande grupo e a execução de suas criações no festival de Monterey com a colaboração e participação dos saxofonistas Harold Land,Teddy Edwards e o guitarrista Joe Pass.Na comemoração dos 40 anos do mesmo festival foi encomendada uma peça de sua autoria pra celebração da data.Esse registro se encontra no cd Theme for Monterey e garante generoso espaço a seu filho Anthony nos arranjos.Essa peças adquiriram tamanha respeitabilidade artística q foram arquivadas nos registros da biblioteca do Congresso Americano.Considerado nos dias de hoje um dos grandes orquestra dores vivos, com seus quase 90 anos,Gerald Wilson não aparenta dificuldade em conciliar o blues,swing, bebop e quando necessário o rock e utiliza a amplitude dos recursos da musica erudita.Ele é um exemplo q se torna cada vez mais raro de músico q solicita um grande grupo de exímios instrumentistas pra exibir a magnitude e riqueza de suas tessituras e sonoridades.Conhecer o trabalho de Anthony Wilson, com segurança, é interessante,e o de seu pai,Gerald, é reverenciar a própria existência da música. Edú

Anônimo disse...

Este comentário do Edú vale uma postagem de "página principal", muito bom!

Anônimo disse...

Esse Edú é o tal Mr. Grandon, o novo colaborador de São Paulo?

John Lester disse...

Prezado Abílio, Mr. Grandon é o Edú (Eduardo Speaky Grandon), nosso mais novo colaborador. Em breve, imensas resenhas do amigo colorirão as negras páginas do Jazzseen.

Grande abraço, JL.

Anônimo disse...

Pois é Frederico, Anthony Wilson rouba a cena do DVD e abraçando uma Gibson modelo Birdland.
Que som tem essa guitarra !!

É um grande músico, maestro, um guitarrista com pleno domínio do idioma jazzistico.
Ultimamente ele é figura fácil no circuito RJ-SP, inclusive gravou um CD com o violonista (também guitarrista) Chico Pinheiro.

Que pena que não poderei vê-lo no show da Krall aqui no RJ. Espero que ele aproveite a estadia e aparece em algum palco perdido pela cidade.

Abs,

Anônimo disse...

Prezado Gustavo, pelo q sei Russel Malone já voltou a seu posto, pelo menos, de guitarrista, de Diana Krall, segundo informou Stefano di Batista em sua passagem pelo TIM Festival.Essa foi a razão alegada por não vir acompanhar o saxofonista na turnê.O pai de Anthony é o Gerald Wilson q te mencionei a respeito dos modernizadores das Big Bands em nosso tempo.Prezada Maria Augusta, generosidade de suas palavras parece ser uma das suas mais visíveis qualidades.Foram espontâneas impressões apenas de um homem, literalmente, engessado .JL, além de conhecedor emérito de jazz,promoter,saxofonista nas horas vagas,CEO do mais visitado blog de jazz do país, anfitrião nas escolha das melhores opções musicais de Vitória, em breve, e tb um frasista.Se existe o homem q toca diversos instrumentos como meu amigo Arismar do Espiríto Santo,Lester é o das inúmeras atividades criativas, conforme demonstra os imprevisíveis horários de seus posts.Edú

Sergio disse...

Que interessante! Mr. F. Grijó curte um Deep Purplezinho de quando em vez. Esse Jazzseen não é futebol mas tbm é uma caixinha de surpresas.

Anônimo disse...

Retificação:acabei de ler uma resenha sobre a apresentação da Sra.Elvis Costello(Diane Krall) na cidade do Rio de Janeiro.Quem a acompanhava ,empunhando sua guitarra, era Anthony Wilson. Russel Malone foi "limado".Ignora-se a interferência do Sr.Costelo em tal atitude.Edú

Anônimo disse...

Eu tb. li, lá no CJUB que era mesmo o Anthony Wilson.
A propósito, Mr. Lester, o Jazz Links está bem mais leg´vel, com essa mudança de cores ( embora eu prefira o fundo negro!)

Borboletas de Jade disse...

Achei fantstica esta resenha. Nãohavia rteparado com olhos criticos os detalhes mencionado pelo nosso amigo Pedro Nunes. Desejo reproduzir esta postagem e coloca-lo no Borbole com referencia de um grande analista que é. Como faço para ter pernisso?????. Grato e fica na paz.