Outro dia conversávamos, eu e Mr. Lester, sobre o jazz russo. Eu havia comprado um álbum bastante experimental do trompetista e compositor Vyacheslav Gayvoronsky. Enquanto ouvíamos Yankee Doodle Travels, lançado pela Solyd Records (SLRO 140), lembramos bastante de Mr. Salsa, confessadamente afeito a experimentações inusitadas, como é o caso desse álbum em duo de trompete e contrabaixo. É o tipo de álbum que tanto pode ser classificado como jazz moderno ou como música clássica de vanguarda, com diálogos interessantes e bem construídos mas, é preciso reconhecer, sem nenhum swing. Isso não impede que apreciemos a incrível performance do baixista Vladimir Volkov que, com dedos, arcos e tapas, trata seu instrumento com a delicadeza que se poderia esperar de um camponês russo colhendo uma aramatchka iv joper lhubit lest, flor típica da região de fronteria por onde fugiu Adolpho Bloch. Mr. Lester, então, levantou num rompante e recolheu da sua velha estante o álbum Kadans nº 2, do também trompetista e também russo German Lukianov. Dessa vez ouvimos realmente jazz, com um swing, se assim podemos dizer, russo. O swing russo é preciso demais, aritimético ao extremo, sem aquelas síncopes inesperadas e sem aquelas 'quebras' de meio tom que, acredito, somente os músicos negros, e alguns raros músicos brancos, norte-americanos sabem providenciar naqueles momentos em que menos esperamos. Em certas ocasiões ficamos com a impressão de que estamos ouvindo alguns músicos de formação clássica tentando tocar jazz, o que, de fato, é o caso de alguns integrantes da banda de Lukianov. Foi na sexta faixa, So What, que lembramos do saudoso amigo Olney, um dos primeiros bateristas a frequentar o Jazzseen. Após uma introdução quase marcial com solo de bateria - que mais parece uma bateria eletrônica de tão cronometrada, temos um jazz de primeira, com um sotaque todo próprio, mas que agrada. Aos amigos deixamos a tal faixa, com bons solos de Yury Yurenkov no sax. Fui!
German Lukianov - ... |
28 comentários:
O meu tio Alexandre é russo. Vou procurar saber se ele conhece o trompetista.
Esqueci de assinar.
esse eu não conheço mesmo. mas eu postei o Heath lá no jazzigo.
PS - Vou encarregar o Salsa de entregar um presente para o clube.
putz, que batera! valeu roberto!
Estive viajando a turismo, em 89 ,na antiga URSS, hj Rússia , fragmentada em diversas repúblicas e dialetos.Das coisas q me surpreenderam, nessa marcante experiência, foi q e o local, dos q conheci, q concentra o maior numero percentual de mulheres lindas do planeta. Quase sempre loiras ,altas ,de olhos claros, rosto angelical.A seguinte, e a intensa paixão q os "russos" ou soviéticos ,na minha passagem, sentem por qualquer forma de manifestação artística.Excluindo os EUA,atrevo-me a afirmar q não exista pais, em quantidade per capita, q mais aprecie o jazz.Edú
rsrsrsrsrs...mas Edú, vc não tem 36 anos?
Foi à Rússia, à turismo, com 18?
Precoce hein??! Foste sozinho? Conta mais!
Querido, ainda faltam 49 dias pra atingir meus 36 anos.Obrigado pela lembrança e consideração.Em 89, a epóca da viagem, tinha 17 anos e já era pai.O q ocupava e ocupa essencialmente minhas preocupações.Não fui desacompanhado na viagem, tinha a companhia de minha mãe e avó.Pegamos um vôo São Paulo-Paris e depois um da AeroFlot até Moscou.O pais vivia o inicio da "glasnost" com Mikhail Gorbatchev.Dasvidânia.Edú
Оно находилось в шестой полосе, только, что мы вспоминаем друга saudoso Olney, одно из первых bateristas к frequentar Jazzseen. После почти martial введения с батареей смолол что больше оно кажется электронной батареей поэтому chronometered, мы имейте первый джаз, с одним sotaque совсем правильным, но то, котор оно угождает. К друзьям мы выходим к такой полосе, с хорошей землей.
Gavrilov
o google traduz :
"
It was in the sixth strip, only that we remember another saudoso Olney, one of the first to bateristas frequentar Jazzseen. After almost from the introduction of martial battery smolol it seems that more electronic battery chronometered therefore, we keep the first Jazz, with one sotaque quite correct, but then, where it adulates. By friends, we go to a strip with good land.
Gavrilov
"
Desce uma vodka aí !
Tudo é uma questão de gosto! À mim não agradou, apesar da competência dos músicos.
E "saudoso" Olney por quê, êle não está mais por aqui?
Roberto, obrigado por mais uma excelente resenha. Gostei dos russos fazendo jazz.
Prezada Mª Augusta, nosso amigo Olney anda passeando e tocando pelo Rio. Dizem até que participou de algumas jams na modern sound. Aguardemos por notícias.
Grande abraço, JL.
JL, caro amigo, pedi autorizaçao a vc, via mail.
Como não respondeu, publiquei assim mesmo. Caso haja impedimento, é só falar que retifico.
E aproveito para aprender algo que ignorava. Scardua sempre com novidades!
Abraço
QueridO, não Edú.
queridA. Sou fêmea...mas postei sem querer como anônimO...devia ser como anônimA, right?
Precoce desse jeito, vc tem um amor?
Bjitos.
"trompetista e compositor Vyacheslav Gayvoronsky"... Vcs estão cada vez mais se afastando do povo! E, como povo, me entendo e me vejo curioso a testar no soulseek, esses nomes obscuros, sabê-los. Mas, nada...! Nada acontece.
É também como parte, mais que do povo, agora como populacho que deixo esse (quase) tratado, ao Lester e aquem interessar possa:
Caro, Lester, sem querer interromper e já interrompendo suas longas discussões sobre o que aqui interessa: grato por sua passagem pelo Sergio Sônico pra conferir a resenha do Soft Machine. Como disse em resposta ao seu comentário: editada, mas em boas partes totalmente chupada do Mofo http://www.beatrix.pro.br/mofo/
Ficou-me a dúvida: conhecias o Blog? Se sim, mostra como estás antenado nas diversas tendências musicais contemporâneas. Se não, conheceu, muito provavelmente, por minha indicação no Sergio Sônico. Pelo sim, pelo não, fostes ao Mofo ler a longa/imensa história do SM, o que confirma seu interesse noutras tendências que não somente Jazz. Já me conheces por minhas participações aqui, né? Então sabes o que mais aprecio nas pessoas é o fato de se prenderem a apenas uma opinião, no caso, tendência musical.
Partindo deste princípio (e aqui é pura dica de fã que não se emenda) te indico a leitura, no mesmo endereço (Mofo), da resenha do Gentle Giant. Isso, claro, acreditando que não conheces a banda que além de abrir meus horizontes sobre música, apresentou-me, na literatura, ao mestre (com carinho) Rebelais – o gigante gentil da marca GG é referência ao Gargantua, citado em, no mínimo, dois álbuns deles. Mesmo os que torcem o nariz pro rock, inda mais o progressivo, hão de admitir: fazer a cabeça de muleques de 13/14 anos para um escritor da relevância de um Rabelais, não é mero detalhezinho pueril.
Na excelente resenha do Mofo sobre a banda (http://www.beatrix.pro.br/mofo/gentle.htm) pode-se compreender nos pormenores a ascensão e queda do estilo progressivo do rock, num texto redondo, limpo, informativo, repleto de breves entrevistas dos músicos e curiosidades como a passagem, pelo GG, em começo de carreira, ainda na fase “um dia serei grande!” do superstar Elton John, e que até, olha que curioso, Duddley Moore tentou filar uma vaguinha nos teclados do que seria o embrião do Giant.
E já que estou defendendo uma instituição cultural na área rock - algo raro, admito - não a toa, o 2º álbum da banda me foi presenteado por ninguém menos que o maestro Júlio Medaglia - mamãe era secretária dele na Rádio Roquette Pinto, aqui no Rio. Um dia, visitando a Rádio, o maestro me diz depois de um longo papo: “gostas do gigantinho? Pois leve este aqui pra casa”. Era o álbum “Acquiring the taste”. Nada mais apropriado pra um muleque ainda nos cueiros é ou não?
Evidente, Lester, não pretendo com esse papo mudar seus horizontes (ou de quem quer que tenha lido). Somente, usufruo das prerrogativas de fã para alertar-lhe que entre 1970 e 80, existiu uma banda de rock que definitivamente foi capaz de mudar conceitos musicais, de quebra, literários de um adolescente. Orgulhoso, ainda que tardiamente, de ter mergulhado na sopa de letrinhas e acordes por intermédio de uma espécie de monteiro lobatos das guitarras, bateras e mini-moogs.
Aí vem mr. Grijó e pensa: pela base se entende a conformação do texto. E eu respondo: é, mas, também, pela base até que se pode conseguir uma intuição apurada.
Um abraço a todos!
correção: o fato de NÃO se prenderem a...
Por curiosidade, procurei num site extremamente popular, Google, alguma informação sobre o músico Vyacheslav Gayvoronsky, tomando cuidado para não errar uma letra, e encontrei 715 citações para o mesmo.
Se encontrares a música disponível, mª augusta, por favor, mantenha-me informado. Aliás, o google, não me lembrei de pesquisar, podem haver blogs disponibilizando a obra ou parte dela. Boa lembrança.
Sergio
O mais gostoso é isso: procurar. Eu até que poderia fornecer o endereço, como faz a maioria dos blogs. Mas não sou estraga prazer. Além disso, durante as buscas, aprendemos muito.
Grande abraço, JL.
Pô, Lestar,
Libera a informação.
Prezado Salsa, como litigantes em demanda trabalhista, creio inapropriado e promíscuo esse tipo de troca-troca entre autor e réu. Que tal um acordo?
Grande abraço, JL.
Esse John Lester é cruel.
Informação é poder.
Meu nome, mais uma vez em vão, à revelia:
"Aí vem mr. Grijó e pensa: pela base se entende a conformação do texto. E eu respondo: é, mas, também, pela base até que se pode conseguir uma intuição apurada."
Não entendi, Sérgio, o que isso tem a ver comigo.
Abraço.
Oi gente, já estou por aqui, em Minas, depois de uma boa temporada no Rio; mas "a saudade me dói, em meu peito me rói" e espero em breve estar de volta à cidade maravilhosa, onde posso apreciar "ao vivo" grandes músicos em ação. E, como disse o Lester, dar umas "canjinhas" de vez em quando - sou muito cara-de-pau de tocar com aqueles "cobras"... Mas são meus amigos e me perdoam, rsrsrs.
Quanto ao batera russo, o cara é mesmo uma "máquina"; muito técnico e muito preciso.
Obrigado por se lembrarem de mim!
Abraços a todos.
olney (mineiroca, como o Aécio)
Mr. Grijó, esteja certo que seu nome foi citado com o máximo respeito. Disse o que disse pq o vejo, de quando em vez, a comentar a qualidade dos textos dos convivas. Geralmente elogiando, aliás. Já visitei sua casa virtual, então, mais ou menos imagino com quem lido por aqui. E como eu falava (do meu jeito coloquial de sempre) enchendo a bola de uma forma de arte menor - "it's only rock and roll", não é o que dizem? e na verdade não é o que é? - então imaginei-o lendo e concluindo o porquê da minha falta de imaginação, tendo em vista a qualidade da música que me inspirou, sacou? No fundo foi um escancarado mea culpa, mr.. Como disse lá encima, o tenho na mais alta conta.
To perdoado, né?
Hoje, agora há pouco, eu e minha mina discutíamos sobre a possibilidade de uma ironia do bem, se ela existe. Acho que acabo descobrir que ela existe.
No mínimo, a intenção desta que semeei acima do seu comentário, objetivava uma aproximação. Espero ter chegado perto.
Um abraço.
Bem-vindo Olney!
Lester, não sei quanto tempo passas diante da televisão. Mas se há algo imperdível na telinha é a entrevista, na Globo News - o entrevistador é ótimo, conhecidíssimo mas agora não me ocorre o nome – com António Lobo Antunes. Sensacional! O português rivaliza (sem querer, isso fica muito claro quando o vemos falar) com Saramago. Que pessoa extraordinária é esse Lobo Antunes! Pra citar um momento, quando perguntado sobre os escritores que o influenciaram o cara diz mais ou menos assim: O autor que diz que quem o influenciou foi James Joyce ou Homero está mentindo. A entrevista é um grande exercício de vaidade, sempre. Eu sou influenciado por Monteiro Lobato, e os quadrinhos... Flash Gordon, por exemplo, foi o que me motivou a escrever. Não Homero, Joyce, Dostoievski...
A entrevista foi gravada na Globo News em duas partes. Vi apenas a metade da 1ª parte e fiquei muito afim de, não só ver tudo na íntegra, como ler todos os livros desse cara! Lembro-me, acho que da época do lançamento de Os “Cus de Judas”, que meu pai, um jornalista nem tão chegado as letras de literatura, chegou em casa todo empolgado dizendo pra minha mãe que ela tinha que conhecer o livro de um sujeito que não punha pontuação no texto. Meu velho falava com “Os Cus de Judas” na mão. Nem me lembro dele ter citado o nome do autor. O que, + ou - explica o fato d'eu nunca ter ouvido falar de António Lobo Antunes. Mas esse livro pode estar aqui em casa em alguma estante esquecido.
Enfim, sensacional entrevista de um homem muito simples cuja linguagem qualquer pessoa entende e pautada, principalmente, sobre a grande babaquice que é a vaidade. Imperdível.
Obrigado Sérgio, pesquisaremos!
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