O sujeito nasceu na Jamaica, em 1927. Por lá tocou com Ossie Williams, aquele que mais tarde seria o líder do prestigiado conjunto de reggae Mystic Revelation of Rastafari. Mas o negócio de Gaynair era outro: em 1955 parte para a Europa, trabalhando algum tempo na Inglaterra e, em seguida, fixando-se na Alemanha, onde estuda arranjo e composição. Além de trabalhar por muitos anos com George Maycock e Kurt Edelhagen, participa de várias jams com músicos do tamanho de Randy Weston, Stan Getz, Johnny Griffin, Gerry Mulligan e Nat Adderley. Na década de 1970 forma com Ali Haurand (b) e Jan Huydts (p) o trio de jazz-rock Third Eye, gravando em 1982 o álbum Third Eye Live, com a participação de Alan Skidmore e Kenny Wheeler. Infelizmente, em 1985 se afasta da música por problemas de saúde, vindo a falecer na Alemanha, em 1995. Dos quatro álbuns que gravou como líder, considero Blue Bogey o que melhor representa o fraseado original, com sustentação no idioma bop, desse tenorista extremamente técnico e sutil. Suas interpretações de baladas causam aquela incômoda e sedutora impressão de descontinuidade, lembrando o quase aflitivo fraseado de Lucky Thompson. O álbum reflete, ainda, o clima extremamente interessante do jazz londrino no início da década de 1960, década essa responsável pelo surgimento de terríveis tumores, como o câncer musical denominado Beatles. Para os amigos, deixo a faixa em tempo médio The Way You Look Tonight, retirada do álbum Blue Bogey, gravado em 1959 para a Tempo. Com Bogey estão Terry Shannon (p), Kenny Napper (b) e Bill Eyden (d). Boa audição!
Wilton Gaynair - T... |
21 comentários:
Que beleza hein, valeu Lester!
Do tamanho de Randy Weston e mais de 2 metros de altura.Ele próprio se auto ironiza se intitulando o "maior pianista de jazz".Se não o for e o q mais me impressionou em ver ao vivo.Edú
Muito, muito bom,bom começo de dia!
Não tem como diminuir a velocidade do Jazzseen News?
Lester,classificar Beatles como câncer musical é uma ignonímia.Edú
Prezado Edú, o opróbrio é aplicável não apenas quanto ao aspecto musical, como também ao ignoto mal cultural produzido por esses quatro retardados ingleses. Beatles é como coca-cola: corrói suas visceras e arruína seus ossos mas todo mundo bebe, e gosta.
JL.
De fato, o rock quase matou o jazz, esse doente terminal que luta com todas as forças e rezas por uma cura milagrosa.
JL, vc deve estar brincando.
Afirmar que os Beatles são quatro retardados é comprovar a desinformação. Fizeram, sim, ótima música. Devo reconhecer que, musicalmente, 3 deles não eram grande coisa, mas Paul é um compositor de primeira linha. Sim, afirmo que 3 deles não eram grande coisa mas funcionavam magnificamente bem, e fizeram a melhor música pop dos últimos 50 anos. Embora o Jazzseen seja um blog em que discute primordialmente o jazz - e, por vezes, o blues, o fusion, etc. -, tenho certeza de que muitos dos freqüentadores do blog gostam - ou, no mínimo, respeitam - os 4 rapazes.
Não se deixe levar pelo seu ódio ao rock. Sem os Beatles a música seria muito mais pobre.
E sei tb que o post é sobre o Wilton Gaynair, de quem só conheço Africa Calling.
Gostei da resenha com ressalvas.
Grande abraço
Prezado Grijó, acredito que minha ojeriza aos Beatles não se deva à falta de informação. É simplesmente uma questão de gosto. Tenho a péssima mania de eleger meus músicos prediletos com base na informação auditiva e não na informação escrita (crítica, propaganda, teses, etc).
Acredito que ouvi cinco ou seis álbuns dos Beatles e, confesso, o prazer obtido foi semelhante ao produzido em minhas orelhas pelos Menudos, pela Xuxa ou Sandy & Júnior. Ok, eu sei que milhões de pessoas os veneram, mas não creio que venha ao caso.
E precisamos anotar que adoro rock. Mas falo rock mesmo, não música de consumo imediato destinada a um público idiotizado pelo marketing (o que, pela gramática e pela lógica aristotélica, não implica que todo amante de Beatles seja idiota - por exemplo, eu adoro o Falcão, considerado repugnante por muitos, e nem por isso me considero muito ou completamente idiota).
Em alguns casos, raros, é verdade, como Led Zeppelin, Jimmy Hendrix, King Crimson, chego a ter as gravações completas.
Mas é isso amigo, gosto é gosto. Beatles é Beatles. Falcão é Falcão.
Até logo, no CT.
Não apela, Mr. Lester:
Michelle
Composição: J.Lennon/P.mcCartney
Michelle ma belle
These are words that go together well
My michelle
Michelle ma belle
Sont les mots qui vont trés bien ensemble
Trés bien ensemble
I love you, I love you, I love you
That’s all I want to say
Until I find a way
I will say the only words I know that you’ll understand
Michelle ma belle
Sont les mots qui vont trés bien ensemble
Trés bien ensemble
I need to, I need to, I need to
I need to make you see
Oh what you mean to me
Until I do I’m hoping you will know what I mean
I love you
I want you, I want you, I want you
I think you know by now
I’ll get to you somehow
Until I do I’m telling you so you’ll understand
Michelle ma belle
Sont les mots qui vont trés bien ensemble
Trés bien ensemble
And I will say the only words I know that you’ll understand
My michelle
__________________________________
Ilariê
Composição: Cid Guerreiro, Dito e Ceinha
Tá na hora
Tá na hora
Tá na hora de brincar
Pula pula, bole bole
Se embolando sem parar
Dá um pulo vai pra frente
De peixinho vai pra trás
Quem quiser brincar com a gente
Pode vir, nunca é demais
I la ri la ri la ri ê
Ôôô
I la ri la ri la ri ê
Ôôô
I la ri la ri la ri ê
Ôôô
É a turma da Xuxa
Que vai dando o seu alô!
Ps.: não seria trabalho algum emparelhar "Tomorrow Never Knows" com "Resposta a Mariquinha" (Sandy & Junior) mas acho que o exemplo acima já tá de bom tamanho, né?
Para converter Lester, uma pequena crônica presente no "coração solitário":
A DAY IN THE LIFE
( Lennon-McCartney )
I read the news today, oh boy
About a lucky man who made a grade
And though the news was rather sad
Well, I just had to laugh
I saw the photograph.
He blew his mind out in a car
He didn’t notice that the lights have changed
A crowd of people stood and stared
They’ve seen his face before
Nobody was really sure if he was from the House of Lords.
I saw a film today, oh boy
The English army had just won the war
A crowd of people turned away
But I just had to look
Having read the book, I’d love to turn you on...
Woke up, fell out of bed
Dragged a comb across my head
Found my way downstairs and drank a cup
And looking up I notice I was late.
Found my coat and grabbed my head
Made the bus in seconds flat
Found my way upstairs and had a smoke
And somebody spoke and I went into a dream.
Aaaaaaaaaaaa.......Aaaaaaaaaaaa.....
I read the news today, oh boy
Four thousand holes in Blackburn, Lancashire
And though the holes were rather small
They had to count them all
Now they know how many holes it takes to fill the Albert Hall
I’d love to turn you on...
Aí vc me pegou, caro Lester. Quando se entra na seara "gosto", fica mais difícil argumentar. Quando citei desinformação, em absoluto quis dizer que vc é desinformado, mas que vc não quer obter informações porque isso não lhe traz interesse. Entendo isso e não censuro - ao contrário: concordo. Gosto é gosto e fim de papo. Contudo, ao afirmar que eles são retardados, penso eu que isso não é opinião abalizada no "gosto musical", e sim na técnica. O retardamento implica inoperância, incapacidade, limitações, etc. (Antes que alguém exija de mim reparações politicamente corretas, quero dizer que o termo "retardamento" é oralizante, coloquial, como quis Lester).
Acredito, sim, que os Beatles fizeram a melhor música pop, além de terem feito - agora opinião altamente subjetiva - o melhor disco de rock que conheço, ao lado de Electric Ladyland, do Hendrix: Abbey Road.
A propósito: um de seus ídolos - Karajan - adorava o Fab 4.
p.s. Só nunca pude imaginar que vc, mesmo por acidente, tivesse ouvido os Menudos. Sandy e Júnior eu até compreendo, mas...Menudos?
Mr. Lester é capcioso, Vinyl, não me surpreenderia se dissesse que o melhor da poesia contida em A day in the life é "Aaaaaaaaaaaa.......Aaaaaaaaaaaa..."
Por falar nisso, nada a ver com isso, dê uma passada no Sônico. Acho que gostarás da surpresa que postei lá, no terreno do jazzy du bão.
Boa tarde!
Não se trata de acirrar os debates, nobres amigos. Mas será preciso repetir que poesia, quando eu gosto, prefiro escrita, letra sobre papel apenas, à cantada (salvo alguns raros repentistas e senadores). Há mesmo algumas resenhas que escrevi 1) Vocês querem MPB?, de 01/05/07 e 2) Adoro Ópera, de 09/11/06, em que esclareço alguns posicionamentos meus em relação à promíscua e insistente relação entre letra e música.
Mas compreendo, alvíssaras, o afã de alguns visitantes em convencerem-me de que Beatles é bom. Coisa de quem gosta da gente, coisa de quem nos quer bem. Vovó Tícia, que adorava papa de genipapo maduro amassado com leite de cabra morno e fígado cru, vivia me enfiando pela goela aquela pasta ignóbil e regurgitante, repetindo: como que é bom, meu filho. Não odiava vovó Tícia por isso. Ao contrário, respeitava sua atitude sincera, lembrando-me de algumas tribos onde as meninas têm seus clitóris emasculados para que não sofram com o tesão. Cuidados de quem gosta da gente.
Quanto a ouvir Menudo, outra mania despudorada que tenho é ouvir de tudo, desde José Maurício Nunes Garcia (nosso Gottschalk) até Carmen Miranda (nossa Madona). Creio que é necessário viver a experiência musical para podermos avaliá-la e, eventualmente, adotá-la ou descartá-la de nossas estantes. Claro que, em literatura, há exceções, como Marimbondos de Fogo e O Diário de um Mago, que poderiam ser queimados por algum Hitler sem qualquer perda para a Arte. E, notem, são coisas de Acadêmico e líderes aclamados de venda e crítica.
Para os amigos fica uma letra que, sinceramente, entendo superar as anteriormente citadas pelos visitantes:
Conhecendo o mundo como eu conheço
E vivendo a vida como eu sempre quis
Passando como eu passo o tempo
Pensando como eu penso
Eu devia ser chamado pra ser professor
Em alguma escola, em algum quartel
Onde eu pudesse passar os meus conhecimentos Científicos para o pessoal
Onde eu pudesse sair dos limites físicos do papel
Pois eu nasci nu
Mas nasci contente
É por isso que eu tenho essa cara linda
É por isso que eu tenho esse corpo forte
É por isso... é por isso...É por isso que o Brasil não vai pra frente.
Trata-se de um dos trabalhos do Falcão, entre tantos outros que adoro, dos quais recomendo sem ressalvas os seguintes:
A Cura Da Homeopatia Pelo Processo Macrobiótico
A esperança é a Única que Morre
A Influência Da Farinha Na Alimentação Cearense
A Mulher É Um Gênero Humano
A Sociedade Não Pode Viver Sem As Pessoas
A Volta Do Regresso
Alguma Coisa Acontece No Meu Bucho
Amanhã será tomorrow
As Bonitas Que Me Perdoem, Mas A feiúra É De Lascar
Canto Bregoriano II
Concerto Em Qualquer Tom Para Tiângulo E Roe-Roe
Confesso Que Fresquei
Do Mastigativo Ao Defecativo
Gente Humana
Guerra De Facão
I'm Not Dog No
Lends Picantis In Ânus Autrem Q'sucus Est
Nadas a Ver
O Desgosto Que Tua Mãe Me Deu
O Dinheiro Não É Tudo Mas É 100%
O Movimento Está Parado
Onde Houver Fé, Que Eu Leve A Dúvida
Ou É, Ou Deixa De É
Prometo Não Ejacular Na Sua Boca
Se Eu Morrer Sem Gozar Do Seu Amor, Minha Alma Lhe Persegue de pau duro
Severina Cooper (It´s not mole não)
Tu és o MDC da minha vida
Grande abraço a todos, mesmo àqueles que gostam de pasta de genipapo com leite e fígado cru.
JL.
Nota de rodapé: sei que o verbo emascular é utilizado para a castração, mas acho esse verbo tão doce que não resisti em utilizá-lo para o caso feminino.
Quanto à poesia, tenho que concordar com Lester. Raramente surge uma que "decole" com a música. Mas os besouros têm uma carrada de bons temas para serem tocados por jazzistas.
É isso aí Vinyl, voz no jazz só em scat. Agora, temas dos Beatles tocados por bons músicos de jazz, tô dentro!
É isso aí Vinyl, voz no jazz só em scat. Agora, temas dos Beatles tocados por bons músicos de jazz, tô dentro!
Senti-me honrado por Lester ter escrito o que escreveu (texto saboroso em toda a sua ironia) baseado na iniciativa de, nos meus termos, emparelhar poesias (acompanhado por Vinyl). Mas, sou muito sincero quando escrevo que, ao propor a letra de Michelle, visualizei o leitor esquecendo a poesia e imediatamente cantando em pensamento a melodia líndissima que emoldura a letra.
Quem me conhece daqui sabe que vivo a maldizer do meu inglês lusitano. Nem faço esforço de compreender letras no português, que dirá no inglês... Era isso.
Mas continuo incrédulo, tanto que alguém convença Mr Lester de que Beatles é muito mais que um bom grupo pop, como ele, Lester, convencerá alguém de que Beatles é a mediocridade que ele pintou. Sendo assim, até 2ª ordem esse papo está encerradíssimo, pra mim. Acho até que devíamos nos orgulhar, tbm, com a tamanha criatividade de tê-lo levado tão adiante!
Bem, embora Sérgio queira dar a palvra final, obrigo-me a discordar.
Lester, caro amigo, Marimbondos de Fogo é um livro muito chato, mas é bem escrito. Sarney sabe - ou sabia - escrever. contava umas histórias chatíssimas de se ouvir, mas dominava o elemento narrativo.
Paulo coelho não conta.
Abraço
Lester, Falcão é demais...no bom sentido! Os títulos das músicas já são suficientes para nos fazer rir, e, com sua ironia, vai fazendo suas críticas à sociedade.
Ps. Acho que o genipapo era só com leite ( o suficiente para ter um odor nauseabundo!) Com fígado, pelamordedeus, seria fatal!!!
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