No Clube de Jazz nosso amigo Wilson Garzon relembra, recupera e vasculha o jazz produzido na vizinha Argentina que, ao contrário do futebol, tem boas coisas a nos apresentar na música. A seguir o texto do especialista: " Antecedentes - Meu primeiro contato ficou por conta do pianista Lalo Schfrin que fazia parte do quinteto de Dizzy Gillespie, no álbum “An Electrifying Evening with the Dizzy Gillespie Quintet” onde fazia solos em “Kush” e “The Mooche”, que se pareciam como solos de um músico brasileiro. Mas quem me marcou de vez foi o saxofonista Gato Barbieri, que antes de fazer grande sucesso com a trilha de “Último Tango em Paris”, gravou em 1971 “Fenix”, álbum em que interpretava com técnica e talento “Falsa Bahiana” de Geraldo Pereira e “Bahia” de Ary Barroso”, tendo a seu lado Ron Carter, Lonnie Smith e Lennie White. Outra presença, esta muito maior, ficou por conta do mago Astor Piazzolla em obras marcantes como “Maria de Buenos Aires” e principalmente nas suas gravações com Gerry Muligan. Depois de um breve tempo fui também apresentado ao trompetista Fats Fernandez, mas esse foi um caso isolado.
Clube de Jazz
A partir de 2004, com a entrada do site no ar, meu contato com o jazz argentino, aos poucos deixou de ser uma curiosidade e se tornou um tema relevante no meu trabalho de divulgar e promover o jazz. Primeiro, foram os shows que assisti da “Antiqua Jazz Band” e a “Porteña Jazz Band”, nos festivais dedicados ao hot jazz & swing. Segundo, e mais importante, foi o contato que fiz com o produtor fonográfico e empresário Ruben Bondoni. Além de publicar uma entrevista e divulgar cds da sua gravadora MDR, pude conhecer grupos contemporâneos de jazz porteño, como o Escalandrum, Pablo Ziegler & Quique Sinesi, Manuel Ochoa, Gustavo Bergalli e Jorge Navarro, entre outros. Mas não me deixou satisfeito, pois tinha conhecido apenas a ponte do iceberg d o jazz argentino. Para resolver essa demanda reprimida precisava de viajar até Buenos Aires.
Viagem
A minha viagem para Buenos Aires, além dos naturais interesses históricos e turísticos, existia um propósito maior: o de conhecer as melhores casas de jazz da cidade, conversar com os músicos, entrar em contato com as gravadoras, livrarias, programas de rádio e jornalistas dedicados ao jazz. Tudo, com certeza, não conseguiria, mas tinha que começar de algum ponto. Nesse momento, agradeço aos músicos Marcelo Coelho e Marvio Ciribelli que me abriram seus contatos para que eu pudesse conhecer Buenos Aires da melhor maneira: regada a muita música de qualidade.
Encontros
O primeiro contato foi com o saxofonista Rodrigo Dominguez, que fez parte da banda de Mariano Otero e que havia gravado recentemente “Amistad” em conjunto com outros três músicos. Nosso encontro se deu no jazzclub “Virasoro”, junto com o produtor Fernando Tarrés, que também dirige o selo Baú Records. Aos poucos me inteirava sobre o jazz da vanguarda argentina ao mesmo tempo em que escutava uma gig comandada pelo baterista Pepe Taveira e pelo tecladista / trompetista Enrique Norris. O próximo encontro se deu com o talentoso guitarrista Alejandro Demogli onde também pude conhecer as influências berkleeanas sobre o atual jazz porteño.
Mas, foi só com Ruben Bondoni, dono do jazzclub Notorious e do selo MDR é que pude entender o jazz argentino como um todo. Aos poucos fui apresentado ao veterano guitarrista Walter Malosetti, e também a Raul Barboza e Juan Falú; a nova geração representada pelo contrabaixista Mariano Otero e pelo pianista Ernesto Jodos, entre tantos outros. Ao final de uma semana, fiquei com o gosto de quero mais. Um bom palpite pode ser o festival de jazz que acontece pelas salas e parques na primavera de Buenos Aires. Mas, para orientar a quem se interesse pelo jazz argentino, listo abaixo uma pequena agenda, onde estão incluídos jazzclubs e alguns cds, distribuídos por gravadoras.
Pequena Agenda
Casas de Shows
1 – Thelonious Club
Salguero 1884 – 1º. Piso – Palermo
Tel: 4829-1562
www.theloniousclub.com.ar
2 – Notorious Bar
Av. Callao 966 - Centro - Buenos Aires
Tel: 4813-6888/4815-8473
www.notorious.com.ar
3 – Virasoro Bar
Guatemala 4328 - Palermo - Buenos Aires
4831-8918 - info@virasorobar.com.ar
www.virasorobar.com.ar
Cds / Gravadoras
1 – MDR Records
Av. Callao 964 - 6º "D" - C1023AAP - Buenos Aires
www.mdrrecords.com.ar
Ruben Bondoni – director
. Walter Malosetti – Palm
. Pablo Ziegler & Quique Sinesi – Buenos Aires Report
. Escalandrum – Visiones
. Manuel Ochoa – Manare
. Raul Barbosa – Dos orillas
. Banda Hermética – El calendário de los sonidos
. Manolo Juarez & Daniel Homer – Quarteto
. Ernesto Snajer – Despues de todo (em vivo)
. Altertango – Tormenta
. Beto Caletti - Tess
2 – Baú Records
. Rodrigo Dominguez – Tonal
. Mariano Otero - A Través
. Bárbara Togander - Lovemanual
. Fernando Tarrés - Perplexity
. Ramiro Flores – Flores
3 – Blue Art
Paraguay 727, 9 Piso, Oficina 8. S2000CVO Rosario, Argentina.
Tel.: Argentina: 0341 411 7929
Exterior: 00 54 341 4117929
Horacio Vargas / director:
www.blueart.com.ar
. Paula Schocron – Urbes
. Sued + Dominguez + Mandelman + Oberson – Amistad
. Ernesto Jodos – Solo
. Jorge Migoya – Casi solo(s)
. Mauri Sanchis – Good Vibes !!
4 – S Jazz
. Juan Cruz de Urquiza – De este lado
. Juan Cruz de Urquiza – Vigilia
. Pepi Taveira – BsAs Inferno
. Natalio Sued – Mirada Esquiva
. Mariano Otero – D Forma
Outros Cds
. Ale Demogli, Hill Greene & Oscar Giunta – 3:30
. Ernesto Jodos – Tristano/Konitz/Marsh/Bauer
. Jorge Cutello – Just in Time
. Norris, Verdinelli & Otero – Mes
. Oscar Edelstein & Raul Barboza – Dos Improptus
. Adrian Iaies – UnoDosTres
. Mariano Otero – Três
. Mariano Otero – Ca4tro".
Clube de Jazz
A partir de 2004, com a entrada do site no ar, meu contato com o jazz argentino, aos poucos deixou de ser uma curiosidade e se tornou um tema relevante no meu trabalho de divulgar e promover o jazz. Primeiro, foram os shows que assisti da “Antiqua Jazz Band” e a “Porteña Jazz Band”, nos festivais dedicados ao hot jazz & swing. Segundo, e mais importante, foi o contato que fiz com o produtor fonográfico e empresário Ruben Bondoni. Além de publicar uma entrevista e divulgar cds da sua gravadora MDR, pude conhecer grupos contemporâneos de jazz porteño, como o Escalandrum, Pablo Ziegler & Quique Sinesi, Manuel Ochoa, Gustavo Bergalli e Jorge Navarro, entre outros. Mas não me deixou satisfeito, pois tinha conhecido apenas a ponte do iceberg d o jazz argentino. Para resolver essa demanda reprimida precisava de viajar até Buenos Aires.
Viagem
A minha viagem para Buenos Aires, além dos naturais interesses históricos e turísticos, existia um propósito maior: o de conhecer as melhores casas de jazz da cidade, conversar com os músicos, entrar em contato com as gravadoras, livrarias, programas de rádio e jornalistas dedicados ao jazz. Tudo, com certeza, não conseguiria, mas tinha que começar de algum ponto. Nesse momento, agradeço aos músicos Marcelo Coelho e Marvio Ciribelli que me abriram seus contatos para que eu pudesse conhecer Buenos Aires da melhor maneira: regada a muita música de qualidade.
Encontros
O primeiro contato foi com o saxofonista Rodrigo Dominguez, que fez parte da banda de Mariano Otero e que havia gravado recentemente “Amistad” em conjunto com outros três músicos. Nosso encontro se deu no jazzclub “Virasoro”, junto com o produtor Fernando Tarrés, que também dirige o selo Baú Records. Aos poucos me inteirava sobre o jazz da vanguarda argentina ao mesmo tempo em que escutava uma gig comandada pelo baterista Pepe Taveira e pelo tecladista / trompetista Enrique Norris. O próximo encontro se deu com o talentoso guitarrista Alejandro Demogli onde também pude conhecer as influências berkleeanas sobre o atual jazz porteño.
Mas, foi só com Ruben Bondoni, dono do jazzclub Notorious e do selo MDR é que pude entender o jazz argentino como um todo. Aos poucos fui apresentado ao veterano guitarrista Walter Malosetti, e também a Raul Barboza e Juan Falú; a nova geração representada pelo contrabaixista Mariano Otero e pelo pianista Ernesto Jodos, entre tantos outros. Ao final de uma semana, fiquei com o gosto de quero mais. Um bom palpite pode ser o festival de jazz que acontece pelas salas e parques na primavera de Buenos Aires. Mas, para orientar a quem se interesse pelo jazz argentino, listo abaixo uma pequena agenda, onde estão incluídos jazzclubs e alguns cds, distribuídos por gravadoras.
Pequena Agenda
Casas de Shows
1 – Thelonious Club
Salguero 1884 – 1º. Piso – Palermo
Tel: 4829-1562
www.theloniousclub.com.ar
2 – Notorious Bar
Av. Callao 966 - Centro - Buenos Aires
Tel: 4813-6888/4815-8473
www.notorious.com.ar
3 – Virasoro Bar
Guatemala 4328 - Palermo - Buenos Aires
4831-8918 - info@virasorobar.com.ar
www.virasorobar.com.ar
Cds / Gravadoras
1 – MDR Records
Av. Callao 964 - 6º "D" - C1023AAP - Buenos Aires
www.mdrrecords.com.ar
Ruben Bondoni – director
. Walter Malosetti – Palm
. Pablo Ziegler & Quique Sinesi – Buenos Aires Report
. Escalandrum – Visiones
. Manuel Ochoa – Manare
. Raul Barbosa – Dos orillas
. Banda Hermética – El calendário de los sonidos
. Manolo Juarez & Daniel Homer – Quarteto
. Ernesto Snajer – Despues de todo (em vivo)
. Altertango – Tormenta
. Beto Caletti - Tess
2 – Baú Records
. Rodrigo Dominguez – Tonal
. Mariano Otero - A Través
. Bárbara Togander - Lovemanual
. Fernando Tarrés - Perplexity
. Ramiro Flores – Flores
3 – Blue Art
Paraguay 727, 9 Piso, Oficina 8. S2000CVO Rosario, Argentina.
Tel.: Argentina: 0341 411 7929
Exterior: 00 54 341 4117929
Horacio Vargas / director:
www.blueart.com.ar
. Paula Schocron – Urbes
. Sued + Dominguez + Mandelman + Oberson – Amistad
. Ernesto Jodos – Solo
. Jorge Migoya – Casi solo(s)
. Mauri Sanchis – Good Vibes !!
4 – S Jazz
. Juan Cruz de Urquiza – De este lado
. Juan Cruz de Urquiza – Vigilia
. Pepi Taveira – BsAs Inferno
. Natalio Sued – Mirada Esquiva
. Mariano Otero – D Forma
Outros Cds
. Ale Demogli, Hill Greene & Oscar Giunta – 3:30
. Ernesto Jodos – Tristano/Konitz/Marsh/Bauer
. Jorge Cutello – Just in Time
. Norris, Verdinelli & Otero – Mes
. Oscar Edelstein & Raul Barboza – Dos Improptus
. Adrian Iaies – UnoDosTres
. Mariano Otero – Três
. Mariano Otero – Ca4tro".
Para os amigos, Gato Barbieri com Falsa Bahiana ( ).
20 comentários:
Toda dica do Garzon e sua valorosa “trupe” do informativo Clude de Jazz é bem vinda, mas “a cereja no bolo” ,sobre esse mesmo assunto, foi a magnífica resenha escrita por um dos seus colaboradores,Paulo César Nunes. O link pra mergulhar no jazz é na atmosfera portenha é http://www.clubedejazz.com.br/noticias/noticia.php?noticia_id=654. JL, por favor, confira que a de agosto já esta na cx.Abraço.Edú.
Falsa bahina, Bahia, Maria de Buenos Aires: Jazz de primeira! Muito bem, o sr. Roberto Scardua só pode estar brincando. Se argentino não é bom de futebol como diz o articulista, muito menos de jazz. Isso tudo é uma misturada de tango e rítimos latinos. Pelos títulos dos Cds pode-se ter uma idéia do que seja o tal "jazz argentino". Jazz???? Tenha paciência!
Jazzseen retorna das cinzas! Ave!
Gostei da nossa Falsa Bahiana incrementada por Gato Barbieri,Ron Carter, Lonnie Smith e Lennie White!
A Argentina tem muita coisa boa, mas é preciso conhecer o "caminho das pedras"...
Oba, matéria nova no Jazzseen!
Saudade...
Tenha dó!
Menino-pássaro pla primeira vez neste blog. Jazz argentino? é igual a samba norueguês.
MP
Grande Garzon. Grande Scárdua. Conheci alguns instrumentistas porteños e posso afirmar que eles tocam pra caramba. Jazz, inclusive.
Cumpanheru, esse disco do Gato Barbieri é o que há. Meu LP está tinindo de novo e veizincando ele rola. Que sonzaço. Abraço do Oleari.
Tem gosto p'ra tudo. Os puristas do jazz não suportam "essa coisa".
Incrível como algumas mentes estreitas não conseguem ver (leia-se ouvir) o que há de bom no jazz, essa liberdade de experimentar, de ousar. Continue assim Mr. Scardua, nós agradecemos.
Hum...Danilo Toli, o mente aberta...que sumidade, hein??!
Menino-Pássaro
Dorival Caymmi morreu.A música,independente de estilos,esta mais triste.Edú.
Sim. E o Rio com menos um baiano...
Lester lembrou bem, Dorival, assim como a maioria dos baianos famosos, moram no Rio. E, apesar de recomendarem uma visita (Você já foi à Bahia? Então vá.) os baianos gostam mesmo é de viver em Ipanema e no Leblon. Fala aí João Gilberto!
E estão certos:conhecem coisa melhor que morar em Ipanema ou Leblon?
Ao contrário do futebol(que é melhor do que o brasileiro: goleado de 3x0 com o tal do Ronaldinho gaúcho, o Miles Davis da Seleção,só fazendo presepada, jogando mesmo que é bom, nada. "Craque" inventado por Galvão Bueno),o famigerado "jazz Argentino" não está com nada.
Foi interessante re-ouvir G. Barbieri, mas...prefiro o véio e excelente tango argentino.O texto está ótimo.
Foi interessante re-ouvir G. Barbieri, mas...prefiro o véio e excelente tango argentino.O texto está ótimo.
E enquanto Predador se debate (entre fúria e desespero por ser brasileiro), vou ouvindo a trilha de "The Last Tango in Paris", by the cat Gato Barbieri.
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