Um dos maiores compositores da música norte-americana - e o maior do jazz -, Duke Ellington tornou-se efígie numismática. Ou seja, sua figura será estampada numa moeda. Duke era negro, bem visto pela sociedade branca, que o respeitava e consumia sua música elegante e alegre, ao mesmo tempo em que havia, em muitos de seus temas, a inspiração na história dos negros norte-americanos. É só ouvir Black Brown and Beige, New world a-comin e Deep South Suite. Não, não é música para aficcionados. Vale para todos. Duke Ellington é o primeiro negro a dar as caras numa moeda. Nem Martim Luther, com toda a sua aura de mártir e sua importância política, teve o privilégio. Nem esportistas como Muhammad Ali ou Jesse Owens. Duke tornou-se quarter, ou seja: vale 1/4 de dólar, ou 25 centavos. Lembro-me de que Elvis Presley, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra e Bing Crosby - só para citar cantores - foram agraciados pela filatelia. Mas, até onde sei, nenhum músico valeu dinheiro. Nem um negro. Duke quebrou a rotina, vencendo uma votação popular no distrito de Columbia e passando para trás outros dois afro-americanos, o abolicionista Frederick Douglass e o astrônomo Benjamim Banneker. Bem, os anos Obama parece que começaram. E logo com mudanças - ou alguém dirá conquistas? - no mais importante símbolo norte-americano: o dinheiro. Bem, vale ressaltar que Duke Ellington nasceu em Washington D.C., e isso conta na hora do voto. Louis Armstrong, por exemplo, é mais representativo para o jazz do que Ellington, mas o trompetista é filho de New Orleans. Bem, a questão é política. A eleição de um presidente negro (ou afro-americano, como queiram) simboliza uma nova era, e desencadeia um processo de valorização da raça, afirmam alguns. Pode ser, embora eu tenha minhas desconfianças. Mais do que a figura de um negro, acredito que a valorização de um artista seja algo mais importante. Principalmente um jazista. Nisso - ao menos nesse quesito - o Brasil está à frente. Lembram-se de Heitor Villa-Lobos na nota de quinhentos cruzados? (Fonte: Ipsis Litteris).
9 comentários:
Pois é M. Grijó, boa notícia. Lá no Charuto há uma grande discussão acerca do tema.
Grande abraço, JL.
Se eu fosse o espírito do velho Duke eu protestaria.
É Barack demagógico.
Concordo com Grijó. Tenho minhas dúvidas. Só não acho que Duke seja o maior compositor do jazz porque Billy Strayhorn estava por ali, bajulando-o.
Bastos
Governos são por definição demagogicos. Afirmações sobre "maiores e melhores" em musica, especialmente no jazz,são uma das grandes bobagens que os americanos gostam e o resto do mundo,especialmente os"cucarachas" imitam(coca cola,peanut butter,waffle com maple syrup,dividas enormes com cartão de credito,televisão, industria automobilistica,publicidade e por ai vai).
Duke Ellington é um dos compositores mais importantes da historia da musica. Billy Strayhorn tambem. Ja ouvi algumas pessoas tentarem botar o Duke pra baixo com argumentos do tipo apresentado acima ou que ele não tocava nada ou ate que comprava musicas. Lamento que exista gente que pense assim mas a herança de Duke Ellington ai esta .Seus discos e suas composições ficam e os !@#$%¨&* que falam essas bobagens despontam para o anonimato com sua pretensão de reinventar a roda.
Acho muito justo que Duke Ellington esteja na moeda de quarter nem que seja pra despertar a curiosidade nos americanos mais jovens e nas crianças sobre quem foi ele.
Abraço
Tandeta tem razão, Duke merece o tributo, independentemente das intenções por trás dele.
Eu tb concordo com o Tandeta.
Anônimo Bastos (?), minhas dúvidas residem no fato de a eleição de Obama desencadear a "valorização" da raça. Desconfio, inclusive, se há qualquer conexão entre uma coisa e outra.
Mas nem de longe tenho dúvidas quanto à efígie de Duke merecer estar cunhada numa moeda.
JL, agradeço.
É sempre uma honra uma postagem minha aparecer no Jazzseen.
Abraços.
"Lembram-se de Heitor Villa-Lobos na nota de quinhentos cruzados?"
Sim, coitado....rs. Certamente, um "quarter" vale bem mais que isso...hehe.
Sir Duke é o homem ! Falando nisso, Stevie Wonder será homenageado, hoje, pelo casal Obama.
Mas Villa-Lobos era músico clássico, não era? Acredito, embora não possa afirmar, que algum ou talvez até alguns músicos clássicos brancos já tenham aparecido em alguma moeda norte-americana antes de Duke. Se alguém tivar alguma informação, ficaria agradecida em saber.
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