07/02/2009

Zoot Sims (1925-1985)

Já aconteceu de falarmos rapidamente sobre Zoot Sims aqui no Jazzseen, mas acredito que ele merece uma daquelas resenhas específicas, com data de nascimento e tudo: 29 de outubro de 1925, em Inglewood, California. Ainda bem novo, aprende clarinete e bateria, logo passando para o saxofone tenor, cuja técnica já domina aos quinze anos de idade. Inicialmente influenciado por Lester Young, o gênio idealizador do saxofone cool, Zoot vai construir cedo e rapidamente seu estilo e sonoridade próprios. Solidamente estruturado no swing, mas não imune às contribuições que vinham surgindo daqui e dali, como o bebop de Charlie Parker na década de 1940 e, mais tarde, a bossa nova, Zoot passa a boa impressão de nunca “errar”. Quando ouvimos suas gravações, que felizmente não foram poucas, temos a alegria de verificar que não há, em seu sopro, uma única nota a menos, nem a mais: como diz o crítico Scott Yanow “Sims nunca tocou uma frase inapropriada”. Embora seu estilo não se altere em demasia desde os anos 1950, Zoot seduz pela inventividade insaciável e pela musicalidade contagiante. Entre 1942 e 1944, Zoot trabalha com Bobby Sherwood, Sonny Durham e Benny Goodman, de quem seria o saxofonista tenor predileto por mais de trinta anos. Em 1944 realiza com Joe Bushkin sua primeira gravação como sideman. Após o serviço militar, volta a trabalhar com Goodman, ao mesmo tempo que toca com seu irmão Ray Sims, competente trombonista. Em 1947 Zoot passa a integrar a orquestra de Woody Herman, onde alcança notoriedade como um dos Four Brothers – os outros eram Stan Getz, Herbie Steward e Serge Chaloff). Entre 1949 e 1950 trabalha com Artie Shaw para, em seguida, partir em turnê pela Europa com Benny Goodman, continente que teria o privilégio de recebê-lo diversas vezes como, por exemplo, 1950, 1958, 1961, 1972, 1976, 1982 e 1984 na Escandinávia, quando teve diagnosticado seu câncer terminal. Além de ter sido o primeiro saxofonista a gravar um blues de longa duração, Zoot foi também o primeiro músico norte-americano a se apresentar no Ronnie Scott, famoso clube londrino, após o embargo imposto a músicos estrangeiros. Entre a imensidão de companheiros com os quais tocou durante seus breves sessenta anos de vida, devemos lembrar de Stan Kenton, Gerry Mulligan e, especialmente, de Al Cohn, espécie de alma gemia musical, com sonoridade e estilo bastante similar ao de Zoot. Embora breve a carreira, tivemos a sorte de Zoot ser um incansável freqüentador de estúdios, do que resultou num fantástico acervo de gravações que, sem medo de errarmos, oferecem uma das parcelas de swing mais contagiantes, inteligentes e alegres que poderíamos ouvir. Não é à toa que na faixa I Cried For You o baterista Danny Richmond sorri diversas vezes ao ouvir os solos de Zoot. A faixa foi retirada do excelente álbum Down Home, gravado em 1960 para o selo Bethlehem. Com Zoot estão também Dave McKenna (p) e George Tucker (b). Como Zoot disse em 1961 a Ira Gitler, numa entrevista para a Down Beat: “I want to go out playing jazz. I don’t want to do anything else”.

10 comentários:

Anônimo disse...

O título deste album foi uma homenagem de Zoot ao seu encontro/gravação com Jutta Hipp em 1956. Não por acaso, a música Down Home(Back Home) é a faixa 3 da citada gravação com a pianista Hipp. Ótimo disco este DOWN HOME, boa pedida mr.Lester.

Anônimo disse...

Jazzseen madrugando até mesmo nos finais de semana.Zoot Sims esteve tocando no Brasil em 1978 por ocasião do primeiro Festival São Paulo Montreux Jazz (maior festival de jazz de todos os tempos realizado no pais).Fazia parte da formação da Jazz at Philharmonic trazida .O Ronnie Scott´s (q esse ano completa 50 anos de existência) tem apóstrofo.O Smalls nova-iorquino não tem ,mas o melhor “lugar” de soul e blues de Detroit (berço do selo Motown ) ,Small´s, tem.Bom final de semana a todos.

Anônimo disse...

Para mim, Zoot Sims foi o mais lírico dos brothers. Sims tem muitas gravações como líder, todas agradáveis de ouvir, mas sua participação como "side man" de um grupo liderado por Gerry Mulligan, em meados da década de 1950, também é muito boa. Nessas gravações também tocam o trombonista Bob Brookmeyer e o subestimado trompetista Jon Eardley: pode-se afirmar que é a sintese do cool jazz. Acho que Zoot Sims era mais cool que Stan Getz.

John Lester disse...

Prezado Olmiro, muito bom ter nos visitado.

Grande abraço, JL.

Salsa disse...

Muito bem, Lester, muito bem. Sims merece. E os navegantes também.

Anônimo disse...

Enfim boa música neste sítio, já era tempo.

Cinéfilo disse...

É verdade, JL. Faltava o Zoot, que é um dos grandes. Li certa vez - sabe-se lá onde! - que ele tocava como negro.
Eu não sei o que vem a ser isso, mas tudo bem.

p.s. Estarei no CT, amanhã.

Anônimo disse...

Muito bom...!

Anônimo disse...

Lista de vencedores do Grammy , tema da resenha de 18/01 - O listinha: 51st Grammy Award Nominations

Melhor Disco de Jazz Contemporâneo
Randy In Brasil
Randy Brecker
[MAMA Records]

Melhor Disco de Jazz Vocal
Loverly
Cassandra Wilson
[Blue Note]

Melhor Solo Instrumental
Be-Bop
Terence Blanchard, soloist
Track from: Live At The 2007 Monterey Jazz Festival (Monterey Jazz Festival 50th Anniversary All-Stars)
[Monterey Jazz Festival Records]

Melhor Álbum Individual ou de Grupo
The New Crystal Silence
Chick Corea & Gary Burton
[Concord Records]

Melhor Album de Jazz em Grupo
Monday Night Live At The Village Vanguard
The Vanguard Jazz Orchestra
[Planet Arts Recordings]

Melhor Disco Latino de Jazz
Song For Chico
Arturo O’Farrill & The Afro-Latin Jazz Orchestra
[Zoho]

Melhor Arranjo Instrumental para Vocal
Here's That Rainy Day
Nan Schwartz, arranger (Natalie Cole)
Track from: Still Unforgettable
[DMI Records]

Melhor Encarte Informativo
Kind Of Blue: 50th Anniversary Collector's Edition
Francis Davis, album notes writer (Miles Davis)
[Columbia/Legacy Recordings]

Marília Deleuz disse...

Obrigada, Lester, pela linda música e, Edú, pela relação definitiva do Grammy. Bjus!