Quiroprático, Lou Mecca desempenou a coluna de muitos pacientes, entre eles amigos músicos e, em especial, bateristas e contrabaixistas obrigados a transportar seus desengonçados instrumentos de lá para cá. Mas foi como guitarrista que utilizou melhor as mãos, chegando a ser eleito o melhor guitarrista do ano pela Corporação de Radiodifusão Canadense e o “New Star” pelos críticos da Down Beat. Só se fala em outra coisa. Foi com estas palavras que Gumercindo, o sócio mais bem informado do Clube das Terças, sentou-se à mesa naquela reunião animadíssima. Retirando de uma sacola da Casa Bonita o álbum Lou Mecca Quartet, lançado pela Blue Note em 1955, Gumercindo deixou perplexa a maioria absoluta dos sócios: então, perguntamos todos, Lou Mecca não era apenas mais uma piada do amigo? Reinaldo, tentando não demonstrar surpresa, inicia impassível e retesado discurso sobre o moço: esse massagista nasceu com o nome de Louis John Meccia, em 1926. Antes que pudesse prosseguir, é interrompido por Mestre Edù, sócio-visitante do Clube, que exigia dia, mês e local de nascimento do ilustre desconhecido. Nosso presidente informa que foi no dia 23 de dezembro, em Passaic, New Jersey, e prossegue: o pai de Lou era um trompetista clássico italiano, daí ter sido esse o seu primeiro instrumento, que começa a aprender aos oito anos, sob orientação paterna. Mas, segundo suas próprias palavras, Lou não tinha fôlego suficiente para levar adiante o estudo do trompete, voltando-se para a guitarra quando ingressa na The Master School of Music, que, por 50 cents a hora, fornecia lições e, de quebra, emprestava o instrumento. Abandonando os estudos secundários para dedicar-se à carreira profissional, começa a tocar em bares de Passaic. Nesse meio tempo, é convidado a lecionar numa escola de música em New Jersey, onde recebe uma pilha de livros e uma série de classes, desde o sax alto até a gaita de foles. Por volta de 1947, conhece o excelente guitarrista Johnny Smith que, por coincidência, também andou tocando trompete na banda do Exército. Animado, Lou volta a estudar seu antigo instrumento e chega a tocá-lo na Clifton Symphony. Sempre brincalhão, Lou confessou que, nessa época, lia música mais rapidamente do que conseguia tocá-la e, assim, não nutria nenhuma expectativa imediata de desafiar Clifford Brown para uma competição ao trompete. Sempre tocando sua guitarra pelos bares e clubes de New Jersey e arredores, Lou dedica-se cada vez mais à sua profissão de quiroprático, praticamente abandonando a música e o ensino durante 25 anos, até sua aposentadoria. Apesar disso, arranjou tempo para trabalhar com grandes músicos, entre eles Bill Evans, Teddy Charles, Ella Fitzgerald, Gil Melle, Eddie Costa, Al Cohn e Chris Conners, entre outros, além de tocar em musicais da Brodway e integrar orquestras. Levantando-se para ir ao banheiro, Reinaldo nos deixa a todos perplexos com a vastidão de sua cultura jazzística.
Gumercindo, que chegara ali sorridente e esfregando as mãos, acreditando ter finalmente encontrado um músico de jazz não conhecido pelo Clube das Terças, entrega cabisbaixo e sorumbático o velho lp para mim, responsável por transformá-lo em cd. Para os amigos fica a faixa, que é quase uma massagem, You Go To My , com Jack Hitchcock (vib), Vinnie Burke (b) e Jimmy Campbell (d). Em sua agenda, Mestre Edù registrava a data de nascimento de Lou, dos sócios do Clube das Terças e de todos os transeuntes do shopping Centro da Praia. Sorrindo, alegou que adora aniversários.
Gumercindo, que chegara ali sorridente e esfregando as mãos, acreditando ter finalmente encontrado um músico de jazz não conhecido pelo Clube das Terças, entrega cabisbaixo e sorumbático o velho lp para mim, responsável por transformá-lo em cd. Para os amigos fica a faixa, que é quase uma massagem, You Go To My , com Jack Hitchcock (vib), Vinnie Burke (b) e Jimmy Campbell (d). Em sua agenda, Mestre Edù registrava a data de nascimento de Lou, dos sócios do Clube das Terças e de todos os transeuntes do shopping Centro da Praia. Sorrindo, alegou que adora aniversários.
11 comentários:
Menino, cada blog chique que vc faz heim! Pasmei! Olha, aquele blog que vc entrou, Eu Fiz Tokkou, é um grupo, um lance da Vila Yamaguishi. Não dá pra entender muito bem mesmo. Entre no meu outro site, que pode ser mais compreensível.....ou não!
http://walkyria-suleiman.blogspot.com/
Mas se vc quiser saber mesmo o que esse raio de Tokkou, entre aqui
http://www.associacaofelicidade.org.br/
abraços da walll
Após cumpridas todas as formalidades afetivas cabíveis nesse Valentine´s day, percebi ao chegar em meu lar q havia deixado de lado de indagar o número do social security(cpf canadense) de Mecca.Afinal todos os caminhos conduzem a ele.Segundo os islâmicos.
Enfim jazz!
Mr. Lester e seu inesgotável baú de talentos.
Que guitarrinha melódica e que baterista. Nossos ouvidos agradecem!!!!
A listinha agora já tá virando um listão.
Coisa boa começar o dia pelo Jazzseen,certeza de prazer para os olhos(as resenhas)os ouvidos e as emoções!Os comentários enriquecem o Blog e ainda nos abrem portas para outros também fascinantes:do Salsa,do Grijó, do Andre Tandeta(CJUB), dos recentes e excelentes Érico (Peixoto e Cordeiro) Sérgio Sônico,Olney,Figbatera, Wagner Pitta...Sem falar das informações afinadíssimas de Mestre Edú!
Guitarra gostosa, chuva e frio...vou ficar navegando por aqui...!
É um enorme prazer acordar domingo de frio e ler estes belos artigos ao som desses talentosos músicos que nunca ouvi falar!
Um recado para o Edú:
como agora ficamos todos sabendo que voce é o "rei" dos aniversarios informo que amanhã,14 de junho de 2009 Wilson Das Neves faz 73 anos. Referencia na bateria na musica brasileira,especialmente no samba, ele é um Mestre para os instrumentistas brasileiros.Com certeza o baterista que mais participações em gravações tem no Brasil,tambem um grande compositor com dois discos gravados só com musicas suas e em vias de lançar o terceiro. É uma das minhas grandes influencias ,e de muita gente. É o baterista do historico disco "Coisas Afro Brasileiras" do Maestro Moacir Santos, um dos mais importantes discos brasileiros de todos os tempos.
Abraço
Prezado Mr. Tandeta, obrigado pela nota. Parabéns e vida longa ao Mr. Neves.
Grande abraço a todos os amigos, JL.
Prezado Tandeta,
Wilson das Neves sempre terá destaque em minha coleção como usina criativa na participação luxuosa em trabalhos de outros artistas como o "Coisas" do Moacir Santos - lançado em cd(o lp original era do selo Forma)pela gravadora Dubas de meu “chapa” Ronaldo Bastos.Como também no maravilhoso trabalho - ele encabeçando o titulo - ao lado de Elza Soares, lançado na forma de cd por ocasião dos 100 anos da RCA.
JL,
a de junho foi enviado em pct completo.Favor conferir na cx.Abraço e bom final de semana a todos.
Eu conheci um trombonista americano (vive na itália) que também é chegado em desentortar colunas. Quebra tudo com os solos e depois remenda o estrago.
Belo som.
Ah! Isso aqui é bom demais...
Postar um comentário