17/06/2009

Mestres: Red Garland

Enquanto conversamos sobre o pianista Red Garland, que tal clicar aqui e ouvir comigo a faixa Love Is Here to Stay, com Blue Mitchell (t), Pepper Adams (bs), Sam Jones (b) e Philly Joe Jones (d)? Ela consta do álbum Red’s Good Groove, gravado em 1962 e que, vejam vocês, recebe apenas três estrelas do All Music Guide. Red nasceu em Dallas, Texas, em 13 de maio de 1923, falecendo na mesma cidade, em 23 de abril de 1984. Começou seus estudos musicais com instrumentos de sopro, passando para o piano no final da adolescência. Embora influenciado pelos músicos do swing (trabalhando com Coleman Hawkins e Ben Webster), é no bebop que se estabelece e constrói sua melhor reputação (trabalhando com Charlie Parker e Fats Navarro). Não bastasse a excelente trajetória já traçada, em 1955 passa a navegar pelo hard bop, integrando o melhor quinteto de Miles Davis, ao lado de John Coltrane (ts), Paul Chambers (b) e Philly Joe Jones (d). Em 1958 desliga-se de Miles Davis, passando a liderar seus próprios trios e gravando diversos álbuns importantes com John Coltrane. Em 1968, quando retorna ao Texas, Red sai da cena principal do jazz, caindo em certo esquecimento até que, na década de 1980, volta a se apresentar em nível nacional e internacional. A característica principal desse mestre do piano é – além de sua técnica irretocável e de seu lirismo intrínseco como solista – a solidez como acompanhante, fornecendo substituições harmônicas e alterações de acordes adequadas para o livre discurso do solista. Dos inúmeros e excelentes álbuns gravados por Red, sugiro ao amigo visitante iniciar pelos seguintes: 1) A Garland of Red, gravado em 1956 para a Prestige, com Paul Chambers (b) e Art Taylor (d); 2) Groovy, gravado em 1957 para a Prestige, também com Paul e Art; 3) Red Garland at The Prelude, Volume 1, gravado em 1959 para a Prestige, reúne dois lp’s – Red Garland at The Prelude e Red Garland Live!, com Jimmy Rowser (b) e Specs Wright (d); 4) Red Alone, gravado em 1960 para a Moodsville e 5) Red Alert, gravado em 1977 para a Galaxy, com Nat Adderley (c), Harold Land e Ira Sullivan (ts), Ron Carter (b) e Frank Butler (d). É isso.

12 comentários:

Andre Tandeta disse...

Mr.Lester,
com todo o devido respeito a todos os excelentes musicos apresentados aqui no Jazzseen agora o Sr. não esta falando de um excelente musico ,o Sr. esta falando de um gigante. Red Garland é um Mestre, daqueles que escreveram o livro do jazz.
Sou admirador fervoroso dele. Ha um disco dele chamado "The Nesrness Of You" que sou capaz de ouvir diariamente. Na verdade tenho que me controlar para não ouvi-lo e poder ouvir outras coisas. Um musico raro.
Excelente texto,como sempre. Red Garland ,um de meus idolos,nessa gravação aqui esta junto com outro Mestre e tambem um super favorito meu:Philly Joe jones. Tio Joe é "o cara",pode acreditar. Devo muito a esse dois.
Muito obrigado ,Mr. Lester.
Um grande abraço

Andre Tandeta disse...

Perdão:é "The Nearness Of You" o nome do disco.
Grato

edú disse...

“Nearness of you” é música de Hoagy Carmichael como também disco de mesmo nome de Red Garland.O trabalho, q escutei consecutivas vezes( mais de trinta), para elaborar opinião é excepcional.Dica preciosa recebida do Tandeta.

John Lester disse...

E a noite passa...

Érico Cordeiro disse...

Caros Lester, Edú e Tandeta (que trio!!!),
Red Garland é dos meus favoritos também, tenho bastante coisa dele na Prestige, inclusive The Nearness Of You. Inclusive, tô com uma resenha prontinha (preparei há umas três ou quatro semanas, mas fui adiando a postagem) sobre o disco Red Garland’s Piano.
Agora vou adiar mais um pouquinho.

Uma nota triste: o falecimento do grande Charlie Mariano, ontem pela manhã, aos 76 anos. Em homenagem a esse grande músico, creio que irei postar alguma coisa até sexta-feira. Que descanse em paz, com a tranquilidade de quem combateu o bom combate!

Abraços a todos!

PREDADOR.- disse...

Quando eu digo p'ra vocês que esses críticos "ditos de jazz", americanos não sabem nada, não estou blasfemando. Dar só 3 estrelas no disco citado por Lester, como diria Gerson, é brincadeira. Aproveito para citar, com a devida permissão de mr.Lester dois discos ótimos de Red com Coltrane: DIG IT e SOUL JUNCTION. Outro assunto e, com tristeza, lamentar a morte do saxofonista Charlie Mariano. Mais um dos bons do jazz que perdemos.

Érico Cordeiro disse...

Esse Predador tem muito bom gosto para um monstro intergaláctico devorador de planetas!
Soul Junction está bem aqui na minha mão (tava ouvindo ele ontem) e o Dig It também é soberbo. Em comum, além do piano magistral de Garland, esses discos possuem a figura solar de John Coltrane a abrilhantá-los.
Abraços!

Salsa disse...

Lester,
Não tenho o red alert. tamos aí, à espera.

Andre Tandeta disse...

Sendo Red Garland eu me sinto na obrigação de deixar as apurrinhações diarias atrasarem para deixar mais um pitaco.
Essa combinação Garland-Coltrane é simplesmente um acontecimento jazzistico historico. Os dois estilos,aparentemente opostos, se completam maravilhosamente. O comp de Garland é incisivo e sutil ao mesmo tempo,um swing inigualavel e Coltrane aproveita a oportunidade pra deitar e rolar com seu imenso vocabulario e sonoridade inconfundivel.Coltrane tocando num contexto mais bebop,como é o caso dos discos de Garland ou do Quinteto de Miles Davis,é um dos pontos mais altos que um improvisador ja alcançou no jazz,musica tão cheia de genios improvisadores,por definição. São para se ouvir de joelhos as gravações do quinteto para a Prestige(Steamin',Worki",cookin' e Relaxin'):uma cozinha na minha opinião sem paralelo nesse idioma(Garland,Chambers e Tio Joe)e um dos solistas mais incriveis que ja empunharam um sax tenor. Sobre Miles nada direi para não fugir do assunto: a fantastica combinação Garland-Coltrane.
Abraços

figbatera disse...

...e assim falaram os mestres!
Amém!

John Lester disse...

Prezados amigos, obrigado pela belas palavras. Preciso explicar aos solidários Predador e Tandeta que, por motivos de tempo e contexto, não quis disvirtuar a singela resenha sobre Red falando sobre Trane, último gigante do jazz. Concordo plenamente com a opinião dos senhores: não à toa possuo o box set com 16 cd's dessa fase de Coltrane na Prestige, com diversas faixas gravadas na companhia de Red Garland que, como disse, é um mestre na seara hard bop.

É que Trane ofuscaria, sem qualquer dolo, o mérito e valor de qualquer instrumentista colocado a seu lado.

Grande abraço a todos, JL.

Érico Peixoto disse...

Salve, amigos!

Bela presença a do ilustríssimo e garboso Red Garland. Pianista magistral, sem dúvida alguma. Fora isso, o post fez-me lembrar de outro Red, o Mitchell. Neste momento estou a alternar faixas de ambos em minha vitrola virtual. Mestre John Lester, como sempre, acertando em cheio nossos ouvidos com suas impecáveis seleções musicais. Sem esquecer, obviamente, dos excelentes textos.

Um abraço a todos!